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Carlos Dias: conheça o ultramaratonista que corre para ajudar crianças com câncer

Após percorrer diversas provas de mais de 200 km em situações extremas por uma causa social, ele ganhou o título de 'super-humano', dado pela Marvel; a homenagem faz referência a pessoas comuns que realizam feitos incríveis

21 jan 2022 - 16h56
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A imagem mostra o ultramaratonista Carlos Dias, ele veste uma camiseta azul e está em um deserto. Ele sorri
A imagem mostra o ultramaratonista Carlos Dias, ele veste uma camiseta azul e está em um deserto. Ele sorri
Foto: Arquivo Pessoal / Alma Preta

Com uma infância humilde em São Bernardo do Campo (SP), Carlos Dias, de 49 anos, viu a sua vida ser completamente modificada após reconhecer todo o seu potencial de mudança. Corredor há 29 anos e filho de um vigia com uma faxineira, hoje o administrador e atleta profissional é um palestrante reconhecido no Brasil e no mundo.

Ao longo de sua jornada, ele já percorreu 80 países. São 106 maratonas e mais de 100 ultramaratonas. A mais marcante, segundo ele, foi a Copa do Mundo onde percorreu os quatro desertos mais extremos do mundo: Saara, no continente africano, o mais quente; Atacama, no Chile, o mais seco; Antártida, o mais frio e Gobi, na China, o mais úmido. 

As provas tinham 250 km e aconteciam em sete dias. Ao completar essa prova, ele se tornou o primeiro latino-americano a correr na Antártida e também chamou a atenção da imprensa internacional - até mesmo da Marvel - ao utilizar seu potencial para ajudar as crianças que sofriam com o câncer. A equipe de Stan Lee deu a ele o título de super-humano - pessoas comuns que fazem algo fantástico.

"Eu sabia que minhas corridas não poderiam ser motivadas apenas pela competição, por ser o melhor ou o mais rápido. Eu precisava fazer algo a mais", afirma o atleta. 

O início

Carlos perdeu o pai aos dois anos de idade em um assalto. A mãe assumiu todas as responsabilidades de criar, de forma solo, os três filhos. Carlos afirma que ela superou todas as barreiras e não deixou "ficar pesado" para a família. 

"Minha mãe tinha o sonho de ver os filhos na faculdade. Ela era analfabeta. Quando nos formamos também investimos nos estudos de minha mãe. Ela completou o segundo grau [ensino médio] e nossa maior felicidade foi vê-la lendo uma revista", conta Dias, que é administrador e especialista em psicologia. 

Ele começou a trabalhar aos 12 anos, vendendo doces e, depois teve diversos outros empregos como lavador de peças automotivas, office boy, auxiliar de almoxarifado, auxiliar de compras, vendedor e gerente. O esporte surgiu na sua vida como forma de espairecer e de se encontrar.

Dias conta que aos 20 anos participou de sua primeira prova de 10 km e, após isso, passou a ir para o trabalho correndo. "Eram 16 km de distância até a empresa. Eu ia todos os dias correndo", lembra. 

Ultramaratonas

Depois de completar sua primeira maratona, Carlos percebeu que poderia correr ainda mais quilômetros. Em sua próxima prova, foram 100 km. Somando experiências e com ânsia de desafios, ele passa a correr em montanhas e a conhecer o cenário do esporte de aventura. O primeiro grande desafio foi percorrer 200 km na África do Sul.

"Eu fui atrás de 400 patrocínios e recebi 400 nãos. Até que o dono da minha própria empresa me viu correndo para o trabalho e parou para me dar uma carona. Eu não aceitei e avisei que estava treinando para ir à África do Sul. Foi quando ele decidiu me patrocinar", conta. 

Carlos Dias começou a somar recordes por onde passava. Para homenagear o nascimento do filho, ele correu do Oiapoque ao Chuí em 100 dias, somando mais de 9 mil km. Com esse feito, entrou para o Guiness Book como a pessoa que percorreu a maior distância em menos tempo. 

Assim, seus feitos só foram crescendo. Até que a perda do emprego o fez realmente investir na carreira de atleta. Um dia, enquanto treinava para um prova, conheceu o Grupo de Apoio ao Adolescente e Criança com Câncer (GRAACC), de São Paulo. Foi quando Carlos decidiu que as corridas precisavam ter um significado maior. 

Vendendo quilômetros

Para ajudar as crianças com câncer, Dias começou a transformar o esporte em um empreendimento solidário. Ele passou a vender quilômetros percorridos, ou seja, colocava um preço por quilômetros, a ser doado por pessoas que incentivavam o seu trabalho. O recurso arrecadado era doado ao GRAACC.

Quando a mãe dele faleceu, ele estava prestes a percorrer todo o perímetro do Brasil como forma de divulgar o seu trabalho e a superar seus limites. Foram 28 mil km em 325 dias. Esse desafio rendeu R$ 36 mil para o grupo de apoio.  

"Eu não tenho ninguém na família com câncer, mas eu acredito que nós precisamos ser pessoas melhores e pessoas mais solidárias", declarou. 

Hoje, ele dá palestras sobre motivação, gestão de crises e riscos, recursos humanos e trabalho em equipe para diversas empresas, grupos e organizações do Brasil e do mundo. Também é embaixador do aplicativo Km Solidário, juntamente com nomes como Cacá Bueno, Tande e Lars Grael. 

Em seu site, Carlos vende os quilômetros de suas corridas. Em 2022, ele vai correr em 14 capitais do país a partir de março. Os fãs do seu trabalho podem correr junto com ele e adquirir kits para ajudar as instituições parceiras. Em maio ele embarca para a Turquia, e em agosto para a Lapônia. Nos dois países correrá mais de 400 km. Ainda esse ano, Carlos pretende lançar um livro contando toda a sua trajetória.

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Alma Preta
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