Rafael Nadal repassa sua carreira nas quadras, momentos com Guga e nova vida em Mallorca
Um dos maiores jogadores de tênis da história, Nadal conta detalhes de sua vida em casa, em que arruma tempo para pescar e cozinhar
Ele ganhou 14 títulos de tênis só em Roland Garros, além de ter representado seu país, a Espanha, em competições individuais ou por equipes, nas Olimpíadas e na Copa Davis. Há partidas marcantes em sua carreira, como os torneios de Wimbledon, contra Roger Federer, ou o US Open, contra Novak Djokovic. Esse é o Rafael Nadal que você conhece.
Aqui, nesta conversa com Christian, ele conta sobre Manacor, sua cidade natal, a vida em Mallorca e as escapadas para comer em bons restaurantes na cosmopolita Madri. “Recomendo a todos que visitem a Espanha”, diz.
Pai de um bebê de um ano, afirma que sempre gostou de crianças, mas que ter o primeiro filho foi um momento especial. “É uma grande alegria vê-lo crescer e desfrutar a paternidade”.
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Rafa, a essa altura da carreira, como é fazer um balanço de tudo? Quais são os momentos mais especiais?
Nunca imaginei, quando era criança, que teria uma carreira como a que tive. Eu sempre quis me dedicar ao esporte e meu sonho era jogar e competir no mais alto nível. Fico feliz porque tive a sorte de viver muitos momentos especiais na carreira. Vencer o primeiro título em alguns lugares do mundo, por exemplo, ou representar meu país em competições individuais ou por equipes, como nas Olimpíadas ou na Copa Davis, são fatos inesquecíveis. E, é claro, não posso esquecer os torneios como Wimbledon ou o US Open, que também marcaram muito minha carreira, ou os 14 títulos de Roland Garros.
E a importância da equipe na sua carreira e nas competições? Tênis é um esporte individual, mas há muito trabalho de bastidores…
Sempre falo da importância da equipe que está constantemente comigo, e a maioria deles está aqui desde o início da minha carreira. É importante estar ao lado daqueles que buscam o melhor. São pessoas que me ajudam com seu trabalho e sua amizade, para que as coisas corram bem a cada dia. O tênis é um esporte solitário às vezes, e estar acompanhado ajuda em todos os níveis.
Como você se concentra antes do jogo?
Não tenho superstição, mas sempre sigo uma rotina que inclui tomar banho antes dos jogos, estar com a equipe, comer e me preparar tranquilamente no vestiário.
Você foi ao Brasil várias vezes: em 2005, 2013, 2014, e nas Olimpíadas. Há alguma característica do país que tenha lhe chamado a atenção?
Sim! Tive a sorte e a oportunidade de ir ao Brasil várias vezes e tenho boas lembranças da minha estadia. É verdade que, nos campeonatos, não tive muito tempo para visitar os lugares como gostaria. Lembro-me de estar em Salvador, na Costa do Sauípe, onde joguei no início da minha carreira, e foi um lugar que adorei. Também em São Paulo, no Rio de Janeiro e, mais recentemente, em Belo Horizonte, onde estive praticamente por apenas um dia. Tenho certeza de que terei a oportunidade de voltar com mais tempo para curtir esse país que oferece tanto.
O Guga tem um lugar muito especial na história do tênis no Brasil e segue sendo uma figura carismática e muito querida pelos brasileiros. Na adolescência, você o viu jogar? E como foi depois, conhecê-lo pessoalmente?
Guga foi um grande jogador de tênis, ídolo no Brasil, como Pelé e Ayrton Senna. Além disso, meu treinador, Carlos Moyà, foi seu rival, companheiro em muitos torneios e seu amigo. Com aqueles três títulos de Roland Garros, muitos jogadores passaram a admirá-lo – ele é um jogador carismático e de grande personalidade. Sempre que o vejo é uma alegria.
Guga fez muito bem para o tênis na América Latina, foi muito positivo para o nosso esporte. E espero que ainda haja muitos ‘Gugas’.
Falando de ídolos, a despedida de Federer das quadras parece tê-lo comovido muito. Como é a relação de vocês? O que de mais importante aprendeu com ele?
Federer é uma amizade que foi construída ao longo do tempo porque compartilhamos muitos momentos importantes nas quadras. O respeito que sempre tivemos um pelo outro fez com que nossos confrontos fossem como devem ser no mundo do esporte: uma vez encerrado o jogo, tensões ficavam para trás. Aprendi muito com ele, fico muito feliz por ter compartilhado tantos momentos importantes e acredito que isso vai ficar guardado em nossa memória para sempre. É uma amizade duradoura e certamente espero fazer muitas coisas com ele no futuro.
O tênis feminino está alinhado com o tênis masculino há muitos anos. É bom que o esporte reflita o que também deve existir na sociedade em geral, que é a igualdade. Não acredito que alguém da minha geração possa pensar de forma diferente.
E você é um dos torcedores mais ilustres do Real Madrid. Como é o Nadal torcedor?
Desde criança, graças ao meu pai e ao meu avô, fui fã de futebol e torcedor do Real. Sempre me interessei por tudo relacionado ao clube e tive a sorte de testemunhar muitos sucessos ao longo desses anos. Além do comprometimento como fã, sou sócio honorário do Real Madrid, algo que me encheu de orgulho quando o presidente me concedeu essa honra, em 2011.
Há fotos suas com Vini Jr. em uma partida em Madri, em 2022. Vocês já haviam conversado outras vezes?
Sim, tive a sorte de vê-lo em alguns dos meus jogos em Madri, e sempre é gratificante ver outros atletas virem nos prestigiar em quadra. Vini é um jogador que tem crescido cada vez mais e, agora, é extremamente importante não apenas para o Real Madrid, mas também para La Liga. Ultimamente, tem sido uma alegria vê-lo jogar novamente e sorrir com aquelas jogadas incríveis que costuma fazer. Estamos muito felizes por tê-lo no time e por vê-lo de volta aos jogos, recuperado da lesão.
Como tem sido seu trabalho com crianças e adolescentes na Fundação Rafa Nadal?
Desde que começamos o trabalho na Fundação Rafa Nadal, pudemos atender e ajudar muitas crianças com necessidades, principalmente na Espanha e na Índia. Por meio do esporte, pudemos integrá-las melhor na sociedade. É um trabalho do qual tenho muito orgulho. Muita gente se dedica a isso todos os dias, incluindo minha esposa e minha mãe.
É importante realizar ações como a da Fundação Rafa Nadal na vida. E pessoas privilegiadas como nós podem ajudar os outros.
E você veio de Manacor...
Tive a sorte de nascer em um lugar maravilhoso e cercado por uma família com valores que sempre foram meu guia. Hoje vivo em Mallorca, que está em meu coração. Tenho sorte. Sempre me lembro de uma infância feliz que se estendeu ao longo de toda a minha vida.
Em Mallorca, do que você mais gosta de fazer?
Ir para o mar, estar na praia e desfrutar dos dias de sol que este lugar nos oferece! Gosto muito de pescar, da tranquilidade que isso proporciona. E também adoro golfe. Aproveito para jogar sempre que posso com meus amigos. Além disso, estar com minha família, meus pais, minha irmã, tios, primos e amigos – com eles, sempre há algo para fazer!
Como é a vida quando está em Madri?
Madri é uma cidade espetacular e que oferece muitas coisas. Costumo ir com frequência para lá e há restaurantes com todos os tipos de cozinha. Gosto muito de ir ao Tatel, que oferece uma culinária espanhola moderna em um ambiente agradável, e também ao Totó, um restaurante em que você encontra comida italiana autêntica. No ambiente cosmopolita de Madri, todos são bem-vindos e se sentem confortáveis, com uma energia muito positiva.