Influ, artista e PhD, Gil do Vigor fala de suas várias camadas, unificadas em uma missão: "defender a educação"

Talvez as pessoas se esqueçam, mas Gil do Vigor não venceu o Big Brother Brasil. A confusão não é à toa: este pernambucano de 34 anos, quarto colocado no BBB21, se consolidou como um astro da televisão, das redes sociais, queridinho de marcas e, principalmente, uma referência sobre o poder transformador da educação.

Já mestre e doutor em economia à época que frequentava o reality, Gil acaba de defender seu PhD na Universidade de Chicago (EUA). Concilia os estudos acadêmicos com a carreira artística e digital, é embaixador de marcas importantes, como a Vivo, e não se dá por satisfeito. Entende que agora é hora de devolver à sociedade todo o apoio que recebeu, com grande parte de sua formação construída no ensino público.

Gil são muitos. Como ele se descreve: um homem gay, um homem preto, uma pessoa de muita fé, mas “acima de tudo uma pessoa que defende a educação”.

Nesta conversa com Velvet, Gil do Vigor respondeu três perguntas: sobre seu papel como influenciador; seus esforços para exaltar e desenvolver a educação brasileira, com iniciativas como o Aulão do Vigor, preparatório para o Enem; e seu estilo de vida, que concilia tantas camadas em uma pessoa só.

"Minha missão de vida é essa: conseguir romper outras barreiras, além da minha, que já foi, graças a Deus, derrubada há muito tempo."

 

 

 

 

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VELVET: Você acredita que o 'Aulão do Vigor' é mais do que uma aula, é um manifesto? Como a educação mudou sua trajetória e como ela pode ser usada para transformar realidades coletivas?

GIL DO VIGOR: Eu vejo de certa maneira não como manifesto; acho que muito mais como uma forma de retribuição. Eu vejo o aulão do Vigor como uma forma de eu retribuir para a sociedade algo que me foi dado. E falo isso não com palavras de impacto, não. Eu falo com toda sinceridade. Eu consegui fazer um PhD nos Estados Unidos, inclusive acabei de defender meu PhD e fui aprovado com êxito e excelência. Por quê? Porque alguém criou um canal no Youtube e esse canal que foi criado me deu possibilidade de estudar através desses vídeos, conseguir ter o mínimo do necessário do inglês -- porque eu não tinha como pagar um curso --, e assim passar numa prova de proficiência do idioma, estar aprovado no PhD hoje e estar indo para um pós-doc em uma das maiores universidades do mundo, que é a universidade de Chicago. Então, para mim é uma grande honra. Eu fiz o canal do Youtube e o aulão do Vigor como formas de eu poder contribuir com a educação.

VELVET: Ao conquistar um PhD e se tornar embaixador de grandes marcas, você rompeu barreiras que pareciam intransponíveis. Que papel você acredita que sua presença nesses espaços desempenha na desconstrução de estereótipos sobre identidade, origem e sucesso?

GIL DO VIGOR: Muito interessante essa pergunta, porque eu, como um homem gay, um homem de muita fé, e ao mesmo tempo, um homem preto... tem tantas características. Porque eu sou feliz, e ao mesmo tempo eu sou sério, e eu sou tímido, mas também sou muito extrovertido... enfim! São tantas cores e características, mas acima de tudo eu sou uma pessoa que defende a educação.

Eu sou um PhD em economia agora – é muito estranho falar isso (risos), porque acho que eu passei tanto tempo na busca disso, e agora que eu tenho... -, mas eu acho que o mais importante é conseguir mostrar para as pessoas como um todo, e ainda mais com o aval realmente das marcas.

Eu sou muito grato por exemplo à Vivo, que é uma marca que está comigo há tanto tempo, confia e investe na educação. Porque a Vivo está comigo não só na publicidade, mas está no aulão do Vigor, está no canal do Youtube... Onde eu estou com a educação eles estão apoiando meus projetos. Então são marcas assim que falam o seguinte: "você pode dançar, você pode ser alegre, você pode viver e não ter nenhum estereótipo que te defina".

"O que te define é a quantidade de capital humano que você acumula na sua vida e, graças a Deus estou acumulando bastante."

Eu acredito muito que eu consegui alcançar uma trajetória de sucesso porque eu busquei sempre o meu sonho, mas sempre com o pé no chão. Eu acho que as marcas foram falando isso, e é muito gostoso ter esse apoio, ter esse suporte, e que a gente continue realmente mostrando para as pessoas que elas podem ser felizes e viverem e serem quem são, independente de estereótipos, porque o mais importante é elas serem elas, e que a educação é para todos.

VELVET: Você construiu uma carreira sólida, com reconhecimento acadêmico e contratos com grandes marcas. Como foi conquistar a independência financeira? E como esse momento te permitiu desenvolver um estilo de vida que vai além do luxo, um lifestyle pautado por escolhas que refletem seus valores e a liberdade de ser quem você é?

Eu acho que a independência financeira é algo super importante, né? Eu fui um jovem pobre durante muito tempo, vivi diversas formas de escassez, então eu entendo muito o que é você não ter dinheiro para poder pagar um curso. Por exemplo, eu tinha que fazer o teste de proficiência e não tinha. Queria fazer uma aula de inglês pra poder ir pro PhD e também não tinha. Então todas essas coisas eram barreiras que existiam por conta da condição financeira. E hoje, não ter essas barreiras me impedindo de chegar aonde eu quero, é muito legal, só que também me possibilita, além disso -- e acho que é o mais importante --, alcançar projetos que eu sonhava. Porque eu consigo, através dessas barreiras que foram tiradas e com o apoio das marcas, romper barreiras de outros jovens também, e eu acho que a minha missão de vida é essa: é conseguir romper outras barreiras além da minha que já foi, graças a Deus, derrubada há muito tempo.

Vai fazer agora 5 anos do Big Brother, de quando eu comecei essa jornada, e eu tenho muito desejo que as pessoas consigam investir na educação delas. Então sempre que eu puder apoiar a educação, é isso que eu farei, porque pra mim a educação é o nosso investimento de maior retorno e de maior valor também.

Eu tenho um estilo que vai muito além do luxo também, concordo. Eu acho que é sobre escolhas, liberdade, é muito sobre você ser quem você é. Eu acredito sim que hoje eu posso estar cada vez mais usando uma roupa rosa ou amanhã mudar. Eu acho que é muito gostoso poder brincar com a liberdade, viver a liberdade.

"Eu venho de um Gil que durante muito tempo teve que se esconder, viveu não só restrições financeiras, como a própria restrição de ser quem eu sou, de expressar meus sentimentos, e hoje eu tenho toda essa liberdade."

E eu sou muito grato a Deus: primeiro por ter essa liberdade; segundo por ter o apoio de tantos fãs que me amam; terceiro de tantas marcas maravilhosas que apoiam todos os meus projetos voltados à educação e outros também e que realmente me dão essa credibilidade, porque eles confiam muito em mim. E eu sou muito grato por ser, atualmente -- eu acredito, né --, o único influenciador pós-doutorando atualmente no mercado de influência. Então eu sei a importância e o papel que eu assumo por estar nesse lugar, por mostrar e dar essa visibilidade para a Academia em si. Eu trago a visão de um cientista sério, com um projeto de pesquisa avançado, mas ao mesmo tempo eu trago de maneira fácil e acessível pra todo mundo.

"Eu ando sobre dois mundos. Não é fácil, foi muito difícil conseguir conciliar a carreira acadêmica com a artística, mas eu consegui, estou conseguindo e eu espero ser um exemplo para todas as pessoas."