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Série 'A Divisão' mostra policiais no combate a sequestros

Dirigida por Vicente Amorim, obra é primeiro thriller policial do serviço de streaming

18 jul 2019 - 03h12
(atualizado às 10h57)
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Rio de Janeiro, anos 1990. Uma série ininterrupta de sequestros eclode ali, no coração da cidade maravilhosa, e ninguém sabe como resolver. A polícia corre em círculos e políticos fazem pressão. Afinal, seus filhos, esposas e amigos são alguns dos principais alvos desse grupo coordenado e sem rosto definido. E assim, em meio ao caos, a ponta de esperança surge na DAS, uma divisão especial da polícia empenhada unicamente em resolver casos de sequestro. O problema é que, às vezes, eles se valem de métodos pouco ortodoxos no combate ao crime.

Essa é a trama que norteia A Divisão, série exclusiva do Globo Play que estreia nesta sexta, 19. Primeiro thriller policial do serviço de streaming, logo no primeiro episódio fica claro que a produção não busca trazer respostas ao caos da segurança pública no Rio de Janeiro - ainda que a tal divisão especial tenha conseguido, no mundo real, coibir a média de 11 sequestros ao mês na cidade. "A pergunta que queremos trazer com essa história é se os fins justificam os meios", diz o diretor da série, Vicente Amorim. "Não existem só mocinhos ou vilões."

Difícil, porém, não traçar paralelos entre a história contada na telinha com o avanço do crime organizado no Brasil. Afinal, toda história vem da experiência de José Júnior, criador e produtor da série. Famoso por mediar conflitos entre traficantes e polícia, ele chegou a fazer uma negociação com líderes do tráfico da favela da Rocinha para que parassem um tiroteio e, assim, pudesse continuar as gravações de A Divisão. "Tive a ideia ao entrar em contato com a história real, que dialogava muito com o Rio de hoje", diz. "É coisa para 20 temporadas."

Apesar do ânimo de Júnior, A Divisão tem promessa, por enquanto, de duas temporadas de cinco episódios cada uma. Um filme que dialoga com a trama televisiva deve chegar em 2020. E um making of estreia no início de agosto no Multishow. O elenco, no entanto, também se mostra animado para dar continuidade a essa história que mergulha na essência dos anos 1990. Natália Lage, por exemplo, vive uma policial durona o que não lembra em nada papéis anteriores da atriz. Já a dupla de protagonistas, Silvio Guindane e Erom Cordeiro, disse que sentiu na pele a pressão que os policiais vivem em situações de risco como as mostradas na série.

"O fuzil se tornou parte do meu corpo", afirma Guindane, que faz um tipo de policial durão. Ele, assim como todo o restante do elenco, participou de uma imersão intensa. Fizeram aula de tiro, entraram em contato com policiais da época, sequestradores, vítimas e viveram o dia a dia de uma comunidade no Rio de Janeiro. Segundo o diretor Vicente Amorim, isso é para que os atores sintam desconforto e a sensação, de alguma maneira, atravessa a tela.

A jovem atriz Hanna Romanazzi deixou claro que esse desconforto funcionou para ela. Na série, ela interpreta a filha de um governador que acaba sendo sequestrada e vê sua vida virar do avesso. "Minha personagem tinha tudo num dia e, no outro, não sabia se chegaria viva ao final da noite", disse. "Foi o trabalho mais exaustivo emocionalmente em toda a minha carreira". O veterano Marcos Palmeira, que vive um delegado, fez coro com Hanna. "Nunca tinha visto algo assim. Filmamos em locais restritos", afirma. "Entramos em outra vida, outra realidade."

Público. Como ficou claro pelos depoimentos do elenco, a série não é de fácil digestão. Os cinco episódios da primeira temporada, que o Estado já conferiu, estão repletos de cenas com violência explícita. Sem pudor. Nem a bela fotografia ajuda a amenizar. Afinal, muitas vezes ela surge de onde menos se espera, já que Vicente Amorim e Júnior se esforçaram pra evitar clichês básicos do gênero. Mas, com isso, encontra-se um desafio para a série: como conquistar o grande público? E mais: como alcançar audiência em praças além do Rio de Janeiro?

"A gente sabe que a série vai chocar a elite paulistana, por exemplo. É bom que choque. É um terror real, do cotidiano, que assusta mais que um horror da ficção", afirma o cineasta. A atriz Cinara Leal, que faz uma médica na trama, conclui o raciocínio. "Eu nasci em uma comunidade. Hoje, poderia estar ligada ao tráfico, ao crime. Mas consegui escapar disso por ter conhecido a arte. Agora, quero que mais pessoas entendam isso por intermédio desse nosso trabalho."

Estadão
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