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Globo antipetista de 2018 chega ao debate de hoje com fama de antibolsonarista

Confronto entre presidenciáveis no canal líder de audiência ganha status de ‘tudo ou nada’ para os principais candidatos

29 set 2022 - 10h19
(atualizado às 10h20)
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Na noite desta quinta-feira (29) acontecerá o debate com candidatos à Presidência da República na Globo. 

A última oportunidade de o eleitor vê-los juntos discutindo propostas e trocando acusações antes do 1° turno. 

A maioria dos comentaristas de política da TV faz a mesma análise. O programa será decisivo para Jair Bolsonaro e Lula. 

O desempenho dos dois vai determinar se a eleição acaba no domingo (2) ou haverá 2° turno em 30 de outubro. 

Com 83% dos eleitores decididos, segundo o Ipec, a decisão está nas mãos dos indecisos e daqueles que cogitam o voto útil. 

O ex e o atual presidentes também dependem do número de abstenções. Incentivam o eleitorado a sair de casa para votar. 

Impulsionado pela boa audiência da reta final da novela ‘Pantanal’, o debate na Globo deve superar a média de 22 pontos registrada no evento de 4 de outubro de 2018. 

Estima-se que alcance 5 milhões de pessoas somente na Grande São Paulo, epicentro do maior colégio eleitoral do País e foco da campanha dos principais candidatos nos últimos dias. 

A Globo de hoje está bem diferente da Globo de 4 anos atrás. 

Com Lula preso na PF de Curitiba e Fernando Haddad como cabeça de chapa, a emissora era vista como antipetista. 

A impressão se deu pela cobertura ostensiva da Operação Lava Jato e do julgamento do líder petista por Sergio Moro. 

A rixa de Bolsonaro com a emissora já existia, mas ele não tinha do que reclamar da cobertura da eleição. Não recebeu críticas contundentes do canal do clã Marinho. 

O cenário atual está invertido. 

Colou na Globo a imagem de antibolsonarista. Possui o jornalismo mais rigoroso com as ações e declarações do ocupante do Palácio do Planalto. 

O auge das matérias negativas a Bolsonaro aconteceu ao longo de 2020, quando o presidente e seu governo eram contestados diariamente pelo gerenciamento da pandemia de covid-19. 

A relação chegou a um grau tão elevado de tensão que a Globo passou a ser chamada de esquerdista, principalmente por jornalistas de TVs alinhadas ao bolsonarismo e aos conservadores em geral. 

Basta um conhecimento básico de história para saber que a emissora carioca sempre se manteve à direita no espectro político. 

Apoiou o regime militar, treinou Collor nos debates contra Lula em 1989 e não contestou as frágeis acusações que resultaram no impeachment de Dilma Rousseff em 2016. 

O aspecto progressista do momento é mais uma resposta a Bolsonaro do que uma mudança de posição ideológica à esquerda. 

Inevitável concordar que Lula está feliz com a Globo. Os recorrentes ataques responsabilizando a emissora por sua derrocada foram substituídos por elogios a William Bonner, seu ex-arqui-inimigo. 

A surpreende frase “o senhor não deve nada à Justiça” dita pelo âncora ao petista durante sabatina na bancada do ‘JN’ virou slogan da campanha do ex-presidente. 

Ninguém se engane. Com Bolsonaro ou Lula, a vida da Globo não será fácil. Nada que não possa ser suportado. Presidentes vêm e vão, a emissora permanece. Às vezes cambaleia, mas resiste. 

William Bonner vai mediar o debate decisivo entre os presidenciáveis
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Foto: Blog Sala de TV
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