Estamos em 2020. Imagine um homem de corpo malhado surgir com o bumbum à mostra na tela da sua TV. Diante do recrudescimento do conservadorismo, do politicamente correto e do moralismo, essa ousadia geraria um escândalo nacional. Ainda mais por ser na Globo, a emissora ‘inimiga’, de acordo com o presidente Jair Bolsonaro.

Pois essa cena de nudez masculina foi exibida dezenas de vezes, às 7 da noite (horário no qual a tradicional família brasileira está na sala assistindo à TV), em 1987, ano de exibição da novela Brega & Chique. A produção volta ao ar no canal Viva.
Na abertura, o modelo e ator Vinícius Manne, então com 22 anos, usava as mãos para cobrir os órgãos genitais, virava-se de costas e caminhava “nuzinho, pelado, nu com a mão no bolso”, como dizia a música cantada pela banda Ultraje a Rigor. Tornou-se o bumbum de homem mais elogiado e polêmico da televisão brasileira.
Houve gritaria por parte de quem se sentiu ofendido com a beleza explícita de Manne. Apesar de o Brasil ter iniciado o processo de redemocratização em 1985, ainda exista censura no País naquele momento. Resultado: a Globo foi obrigada a colocar digitalmente uma folha de parreira cobrindo o bumbum do modelo.

Contudo, dias depois, as manifestações a favor do peladão foram mais estridentes e a emissora teve autorização para mostrar a nudez apolínea na abertura da trama. O sucesso da cena foi tão grande que o modelo estampou, peladão, a frente e o verso do LP internacional de Brega & Chique.
A novela escrita por Cassiano Gabus Mendes (1929-1993), um dos mestres da teledramaturgia brasileira, será reprisada no Viva a partir do dia 19, às 14h30, com reapresentação à 0h45. Um programa imperdível a quem gosta de uma trama leve e divertida – e de apreciar a estética corporal humana.
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