Sem alma: 'Deus Salve o Rei' erra ao se levar muito a sério
Falta de carisma da trama faz novela provocar indiferença no público
Toda novela precisa ter um estilo. É imprescindível que o autor principal e sua equipe de colaboradores criem uma personalidade para o folhetim.
Esse elemento falta a Deus Salve o Rei, produção das 19h30 da Globo no ar desde o início de janeiro. A trama medieval não envolve o telespectador por ser excessivamente hermética.
O drama não funciona como deveria, a comédia quase inexiste e o charme do gênero ‘capa e espada’ não é visto nem nas maiores batalhas.
O tom empostado da maioria das atuações não está errado. Afinal, tenta-se reproduzir o comportamento e a linguagem da época proposta. Mas a falta da coloquialidade provocou o estranhamento do telespectador.
Tudo parece ‘fake’, sem emoção. E é justamente a passionalidade tão ausente que atrai e fideliza o noveleiro em busca de entretenimento e escapismo.
Mudanças foram feitas. Os atores passaram a dialogar com mais naturalidade. Contudo, esse é apenas um dos vários problemas da novela.
Estrelas em ascensão e influenciadoras digitais com milhões de seguidores, Bruna Marquezine e Marina Ruy Barbosa têm personagens com pouco carisma.
A vilã Catarina e a heroína Amália não empolgam. A insípida rivalidade entre elas não convida o telespectador a tomar partido.
Ao que se propõe, Deus Salve o Rei carece da força dramática de Game of Thrones e do charme debochado de Que Rei Sou Eu?
Ainda que as comparações sejam indevidas, é inevitável fazê-las já que a novela bebe de ambas as fontes – com uma dose exagerada de presunção.
Hoje, a maioria dos telespectadores apenas assiste ao folhetim de época, sem mergulhar no contexto. A repercussão nas redes sociais – termômetro tão eficiente quanto o Ibope – é fraca.
Prevista para ir até julho, a trama criada por Daniel Adjafre possui tempo suficiente para corrigir seu rumo e conquistar o público.
Até o momento, registra 25 pontos de média de audiência, quatro a menos do que a antecessora, Pega Pega.
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