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O michê, a quenga e o romântico: triângulo amoroso incomum

Ícaro, Rosa e Valentim seduzem o público de 'Segundo Sol' com seus amores imperfeitos

19 jun 2018 - 11h22
(atualizado às 11h27)
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No capítulo de segunda-feira (18) de Segundo Sol, enquanto a garota de programa Rosa (Letícia Colin) e o músico Valentim (Danilo Mesquita) curtiam a primeira noite de sexo – ops!, amor, na concepção do lírico rapaz –, o escort boy Ícaro (Chay Suede) enchia a cara de cachaça pelas ruas de prostituição de Salvador na tentativa de esquecer a ‘traição’ da mulher que ama.

Ícaro, Rosa e Valentim: tão carismáticos que fazem o telespectador conservador tolerar a prostituição
Ícaro, Rosa e Valentim: tão carismáticos que fazem o telespectador conservador tolerar a prostituição
Foto: TV Globo / Divulgação

O casal de prostitutos e o menino de ouro da família Falcão agora formam um triângulo tão improvável quanto cativante. Eles promovem a melhor trama romântica da novela. Um romantismo nada convencional, ressalte-se. Os três são movidos por paixões da vida real: imperfeitas, dolorosas e sem garantia de final feliz.

Ícaro e Rosa são pura contradição. Gostam do dinheiro fácil gerado pelo aluguel de seus belos corpos, mas não são suficientemente liberais para aceitar uma relação aberta. O rapaz se consome de ciúme ao imaginar a amada na cama com outro.

Ela, por sua vez, abomina as incursões de seu homem pelos lençóis da cafetina Laureta (Adriana Esteves). Os dois querem, no fundo, um relacionamento convencional, baseado na monogamia.

Valentim, quem diria, se mostra mais condescendente. Sua paixão por Rosa é tão intensa que o músico aceita o fato de ela ser quenga em bordel de luxo. Todo orgulhoso, o rapaz apresenta a namorada aos amigos do casarão comunitário onde vive, sem se importar com o julgamento moral feito pela galera.

Nesse triângulo amoroso há um componente explosivo ainda não detonado: Ícaro e Valentim são irmãos por parte de mãe (Luzia/Ariella). Ou seja, a disputa por Rosa ficará ainda mais conflituosa e passional quando o laço sanguíneo for revelado.

Esse ‘amor de 3’ deverá gerar um irresistível suspense-clichê: ‘com quem Rosa vai ficar?’ Pela tradição dramatúrgica, seria com Ícaro. Mas o envolvimento com Valentim se mostra tão carismático aos olhos do público que o autor João Emanuel Carneiro pode se ver obrigado a dar um final feliz à prostituta e seu príncipe.

A aceitação pública de Rosa, Ícaro e Valentim prova que os noveleiros não têm mais interesse por aqueles romances açucarados e irreais. É mais fácil acreditar nesse excêntrico e turbulento triângulo amoroso – passando por cima do estigma da prostituição – do que num insosso (e politicamente correto) romance de conto de fadas.

Aos poucos, Rosa se torna a verdadeira ‘mocinha’ de Segundo Sol. Vejam só: uma garota de programa. A teledramaturgia ainda é capaz de surpreender.

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