Não há vencedores no BBB19 e a grande perdedora é a Globo
Decadência do reality show reflete as dificuldades da emissora em surpreender o público com entretenimento inovador
Acabou a pior entre todas as edições do Big Brother Brasil. Ruim no entretenimento prometido e não entregue, no índice geral de audiência e na reação da Globo, que foi letárgica diante de uma temporada pífia.
Quem esteve no reality show sai sem ter obtido o sucesso desejado – e alguns participantes ainda enfrentarão questões morais e jurídicas.
Ninguém virou ídolo, como ocorreu em vários BBBs. Resta o inglório título de subcelebridade e o iminente desaparecimento na mídia em poucos dias.
Mas o maior perdedor foi mesmo a Globo. A emissora parece ter perdido o controle da produção. Apesar de sua estrutura gigantesca (humana, operacional e financeira), o canal se revelou incapaz de salvar o BBB19 da previsibilidade e, muitas vezes, do completo marasmo.
O telespectador acionou o controle remoto para ver outra coisa – e esse desinteresse justificado gerou a mais baixa audiência desde a estreia do formato no Brasil, em 2002.
O fim dessa edição deveria marcar o início de uma autoanálise na emissora mais poderosa da televisão brasileira.
Imprescindível repensar os critérios de seleção dos participantes, criar novas dinâmicas e até rever o grau de interferência do apresentador.
A cúpula artística da empresa quer vida longa ao Big Brother por conta do faturamento milionário. Contudo, sem mudanças efetivas, a atração não vai longe.
Hoje, a decadência do BBB representa o próprio declínio da emissora: a Globo não consegue se reinventar artisticamente e perde público.
Isso não é reality show, e sim uma crise real em uma das mais bem-sucedidas companhias de comunicação do planeta.