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Emissoras devem punir racistas escondidos nos bastidores

Demissão de operador que ofendeu participante negra de A Fazenda é um capítulo importante da luta contra a discriminação nas TVs

6 nov 2019 - 15h21
(atualizado às 15h46)
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Nas grandes emissoras, problemas internos raramente chegam ao conhecimento do público e da impressa. Há uma blindagem para evitar polêmica.

Sabrina Paiva poderá abrir representação judicial contra o operador que a discriminou
Sabrina Paiva poderá abrir representação judicial contra o operador que a discriminou
Foto: Instagram / Reprodução

Poucas denúncias de assédio sexual e preconceito racial, por exemplo, saem dos domínios da sala de Recursos Humanos.

Quando um episódio grave ‘vaza’, a direção do canal não tem escolha: precisa aplicar penalidade exemplar.

Acontece agora com a RecordTV: um operador de câmera foi flagrado em comentário racista contra a ex-miss Sabrina Paiva, integrante de A Fazenda 11.

A própria competidora do reality show ouviu o xingamento vindo de trás do vidro onde ficam os técnicos e produtores. “Vai, macaca, senta aí”, teria dito o funcionário terceirizado da produtora Teleimage.

Chocada, Sabrina buscou o apoio moral de colegas de confinamento. Quem soube do ocorrido atestou a gravidade da situação.

Identificado, o operador foi “repreendido e teve seu contrato de trabalho rompido sumariamente”, informou nota oficial da RecordTV à imprensa.

A ação rápida da emissora e da produtora contratada, e a decisão acertada de punir o ofensor, estão em sintonia com o movimento de combate ao racismo diante e atrás das câmeras.

Piadas preconceituosas são comuns nos bastidores de qualquer canal de TV, seja entre funcionários, diretores ou estrelas do vídeo.

Mas, hoje, quem se sente ultrajado não precisa mais se calar por vergonha ou medo de represália, como acontecia antigamente.

A lei está do lado daquele que sofre qualquer tipo de discriminação, seja baseada na etnia, no gênero, na orientação sexual ou na hierarquia.

Os corredores das grandes emissoras continuam a ser um território liberal, porém, não se tolera mais práticas execráveis como bullying, racismo e investidas sexuais.

Não se trata da defesa do politicamente correto, e sim da garantia da dignidade humana e da convivência civilizada.

Os canais, que são concessões públicas, devem usar seu poder de influência para tornar a sociedade um lugar melhor – tanto aos telespectadores como para os próprios funcionários.

A RecordTV ganha pontos ao não colocar ‘panos quentes’ no racismo sofrido por Sabrina Paiva.

E a participante, involuntariamente, deu relevante contribuição aos negros brasileiros ao não ignorar o racismo sofrido, como acontece com milhares de pessoas diariamente, que optam por abaixar a cabeça ao invés de denunciar os racistas criminosos.

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