‘Coroas’: três novelas da Globo têm gays de meia-idade
Homossexualidade na maturidade ainda é um tema pouco explorado na teledramaturgia
Fresco até o último fio do bigode grisalho, o costureiro François (Amauri Reis), protagoniza cenas cômicas em Orgulho e Paixão, trama de época das 18h30 na Globo.
O personagem nada mais é do que uma versão do estilista afetado e ‘afrancesado’ já tantas vezes vista em novelas.
Apesar do estereótipo, François diverte com seus faniquitos com as irmãs Benedito e as insinuações lançadas a belos rapazes.
Em Deus Salve o Rei, ambientada no período medieval, Marcos Oliveira, sempre lembrado pelo papel do solitário Beiçola em A Grande Família, vive um nobre gay, maduro e falido.
Heráclito faz parte do grupo de paupérrimos liderado por sua sobrinha, Lucrécia (Tatá Werneck). Foi ela quem o arrancou do armário ao flagrá-lo em clima de romance com o harpista Pietro (Ricardo Monastero).
Sem ter como negar o óbvio, Heráclito admitiu ser “um cavalheiro com certa sensibilidade” e manter um relacionamento de anos com o tal músico. As cenas do marquês e a ex-rainha são sempre bufônicas, dando um sopro de leveza ao enredo pesado da novela.
Segundo Sol também apresenta um personagem homossexual mais velho: Groa (André Dias), o islandês braço direito de Luzia/Ariella (Giovanna Antonelli). Pela sinopse, o gringo riponga vai assumir um terreiro de candomblé e se tornar um dos mais importantes líderes religiosos da Bahia.
François, Heráclito e Groa são homens de meia-idade, ‘daddies’ na gíria gay. É raro uma novela destacar a vida de um homossexual nesta fase da vida.
Ainda que coadjuvantes e sem ter a trajetória amorosa e sexual explorada dramaturgicamente nas produções, os três colaboram com a representatividade dos LGBT+ na ficção da principal emissora do País.