Antiga sede do Charlie Hebdo vira ponto turístico do horror
Uma rua tranquila de um bairro residencial de Paris se torna pela segunda vez cenário de sangue, medo e revolta
O 11° arrondissement de Paris está longe de ser destaque nos guias de turismo. Com exceção de bares e restaurantes, não há muitas outras opções de lazer na área. Prevalece o clima residencial, bucólico, à margem da agitação de regiões badaladas da capital francesa como Marais, Saint-Germain-des-Prés e Montmartre.
Mas desde 7 de janeiro de 2015, o XIe faz parte do roteiro de quem gosta de história e se interessa por cenários de tragédias reais. Foi ali, no prédio do número 10 da rua Nicolas-Appert onde aconteceu o massacre de jornalistas e cartunistas do ‘Charlie Hebdo’.
O local voltou ao noticiário mundial com o atentado que deixou duas pessoas feridas a poucos passos do prédio onde o jornal satírico funcionava até aquela tragédia que resultou em 12 mortos. As vítimas de agora são funcionários de uma produtora de vídeo chamada Premières Lignes.
Na noite de sexta-feira (25), telejornais dos quatro cantos do planeta exibiram imagens que pareciam reprises: dezenas de viaturas policiais, equipes de peritos, calçadas isoladas, moradores assustados, jornalistas de plantão.
‘Paris vulnerável novamente?’, questionava a emissora de notícias CNews. Uma matéria relembrou outro momento crítico: os atentados de novembro de 2015, em vários pontos da cidade, quando quase 150 pessoas foram assassinadas por terroristas.
Assim como aconteceu há 5 anos, muitos curiosos foram à rua Nicolas-Appert para fazer selfies. Antes do novo ataque, aquele quarteirão — batizado Praça da Liberdade de Expressão — já recebia turistas que posavam diante da placa com os nomes das vítimas do ‘Charlie Hebdo’ e do mural com o desenho dos rostos dos mortos.
A localização da nova sede da publicação especializada em debochar de políticos, artistas e religiões é mantida em sigilo e sob proteção do Estado francês. O esquema de segurança à equipe será redobrado por conta de ameaças feitas nos últimos dias. Teme-se tanto uma ação organizada de grupos extremistas como um ato impulsivo de um lobo solitário.