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Músico sul-africano Johnny Clegg morre aos 66 anos

16 jul 2019 - 17h35
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O cantor e compositor sul-africano Johnny Clegg, um dos poucos artistas brancos a confrontar abertamente o regime do apartheid no final dos anos 1970 e década de 1980, morreu nesta terça-feira aos 66 anos de idade, disse seu empresário. 

Cantor sul-africano Johnny Clegg faz show durante noite de gala da África do Sul em Mônaco
29/09/2012 REUTERS/Sebastien Nogier/Pool
Cantor sul-africano Johnny Clegg faz show durante noite de gala da África do Sul em Mônaco 29/09/2012 REUTERS/Sebastien Nogier/Pool
Foto: Reuters

Clegg havia sido diagnosticado com câncer no pâncreas em 2015. 

Indicado ao Grammy e vencedor do Billboard Music Award, Clegg, que era nascido no Reino Unido, era conhecido por muitos sul-africanos como "umlungu omnyama", ou "o negro branco". Ele falava Zulu fluentemente e integrava a cultura em sua música folk tradicional, ou "mbaqanga". 

Em sua página oficial no Twitter, o governo da África do Sul fez uma homenagem aos feitos de Clegg. 

"Sua música tinha a habilidade de unir as pessoas de diferentes raças e transformá-las em uma comunidade. Enviamos nossas sinceras condolências à sua família, amigos e fãs", dizia a publicação. "Clegg deixou uma marca indelével na indústria musical e nos corações das pessoas." 

Clegg formou a banda Juluka em 1969 com o guitarrista negro Sipho Mchunu em uma época onde a convivência entre raças ainda era ilegal de acordo com a segregação institucional na África do Sul. 

O hit "Asimbonanga", de 1987, um tributo a Nelson Mandela, que na época estava preso em Robben Island por mais de duas décadas, foi um dos pontos altos de uma carreira brilhante. 

Ele chegou a apresentar a canção para Mandela em um palco em um show na África do Sul em um evento de conscientização sobre a Aids organizado pelo líder sul-africano. 

Clegg nasceu na Inglaterra, filho de um inglês e de uma cantora de jazz do Zimbábue (na época Rodésia do Sul). Depois do divórcio dos pais em sua infância, sua mãe o levou para viver no Zimbábue. 

Ele chegou a Johanesburgo ainda adolescente nos anos 1960, onde se encontrou com os trabalhadores imigrantes negros que eram proibidos de acessar a cidade por conta do Ato de Áreas de Grupos e de outras leis raciais que governavam quase todos os aspectos da vida no país africano. 

O artista mergulhou nas vidas dos trabalhadores imigrantes que viviam em albergues abandonados, aprendeu o idioma Zulu, a guitarra maskandi e os estilos de dança normalmente utilizados pelos imigrantes para distração e entretenimento quando não estavam trabalhando de forma dura na mineração. 

As músicas politicamente engajadas de Clegg e sua visão multicultural o colocaram em conflito direto com o governo do Apartheid. Muitas de suas músicas foram proibidas e suas apresentações públicas foram limitadas. O Apartheid acabou em 1994. 

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