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Músicos britânicos protestam contra a burocracia para realizar shows na UE

Dezenas de estrelas da música britânica, incluindo Elton John, Ed Sheeran e o maestro Simon Rattle, dizem que o governo britânico 'falhou de forma vergonhosa' com os artistas no acordo do Brexit

20 jan 2021 - 16h47
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Dezenas de estrelas da música britânica, incluindo Elton John, Ed Sheeran e o maestro Simon Rattle, dizem que o governo britânico "falhou de forma vergonhosa" com os artistas, que enfrentam restrições para fazer turnês pela União Europeia. Em uma carta publicada na quarta-feira, 20, no jornal The Times de Londres, mais de 100 músicos - incluindo Sting, Roger Waters (Pink Floyd) e Roger Daltrey (The Who), juntamente com diretores das maiores instituições de arte - disseram que o novo acordo entre Reino Unido e União Europeia, em vigor desde 1º de janeiro, deixou um "buraco onde deveria estar a prometida a liberdade de circulação para músicos".

A saída do Reino Unido da União Europeia significa que os cidadãos britânicos não podem mais viver e trabalhar livremente nas 27 nações do bloco. Turistas não precisam de visto para permanências de até 90 dias, e algumas viagens curtas de negócios também são permitidas. Mas artistas e músicos não foram incluídos no acordo.

A Grã-Bretanha e a União Europeia discordam sobre quem seria o responsável pela omissão, e uma acusa a outra de rejeitar um acordo a respeito de artistas em turnês.

Com as novas regras, artistas do Reino Unido têm de cumprir regras diferentes nas 27 nações da UE, negociando vistos para músicos e autorizações para seus equipamentos.

Muitos dizem que os custos e a burocracia tornarão impossível para artistas britânicos se apresentarem no continente, colocando em risco o status do país como potência cultural. A carta diz que as novas despesas e burocracias tornarão "muitas turnês inviáveis, especialmente para músicos jovens e emergentes, que já lutam para sobreviver durante a proibição de música ao vivo por causa da covid".

O legislador do Partido Nacional Escocês Pete Wishart, membro da banda de rock Runrig, disse na terça-feira, 19, na Câmara que músicos e artistas foram "meros efeitos colaterais na obsessão deste governo em terminar com a liberdade de circulação" e controlar a imigração assim que deixou a UE. A Ministra da Cultura britânica, Caroline Dinenage, reconheceu que a situação é "realmente decepcionante", mas disse que "a porta está aberta" para negociar com a UE sobre a situação dos músicos. Ela resistiu aos apelos dos partidos de oposição para publicar detalhes das propostas feitas pelo Reino Unido durante as negociações que, supostamente, foram rejeitadas pelo bloco.

Na segunda-feira, 11, o governo britânico anunciou que propôs à UE "um ambicioso acordo sobre viagens de negócios temporárias que teria coberto os músicos". E "a UE recusou", disse um porta-voz do primeiro-ministro.

Uma petição ao governo e ao Parlamento, pedindo isenção de visto para profissionais da música e outros artistas, já coletou mais de 247 mil assinaturas. Várias estrelas, incluindo Louis Tomlinson (One Direction), Thom Yorke (Radiohead) e Dua Lipa, pediram o apoio dos fãs ao abaixo-assinado. /Com informaçãoes da AFP

Estadão
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