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Músico Paquito D'Rivera diz que sonha em voltar a tocar em Cuba

Saxofonista celebra esta semana seu aniversário de 70 anos no festival Clazz Madri

18 jun 2018 - 15h10
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Poucos dias depois de comemorar seus 70 anos, Paquito D'Rivera celebra esta semana seu aniversário no festival Clazz Madri, os lábios no saxofone fixados e o coração na inesquecível Cuba, que se tornou um dos seus últimos grandes objetivos, juntamente com a gravação de um disco de flamenco.

"Sonho em tocar mais uma vez no meu país", diz à EFE quando perguntado sobre os sonhos que ainda falta cumprir, depois de uma carreira de sucesso "de 65 anos" cheia de conquistas, incluindo "ser o único capaz de apresentar junto com Cachao e Yo-Yo Ma" no concerto com o qual ele comemorou os 50 anos de carreira.

Foi no Carnegie Hall em Nova York, ele lembra, um local que ele idealizara desde que seu pai lhe deu um disco do clarinetista Benny Goodman, gravado lá.

Também foi seu pai, representante da fábrica de instrumentos Selmer, que com aos cinco anos colocou-lhe nas mãos seu primeiro "saxofoncito", uma peça que ainda conserva e com a qual apenas nove meses depois apresentou-se pela primeira vez ante o público em uma "festa no primário", contando a partir daí os 65 anos de profissão.

"Gosto deste trabalho, se você pode chamar assim. Todos os meus amigos desde a infância, herdados de meu pai, também eram músicos. É parte da minha vida", ele responde quando lhe perguntam sobre as razões que o mantêm ativo não só como músico, mas também como autor de vários livros.

Por nutrir-se de "tantas fontes diferentes", ele diz que "nunca" foi invadido pela sensação de repetir uma fórmula e, talvez por modéstia, diz que não se lembra de nenhum dos elogios que lhe foram feitos.

A que você mais atribui seu sucesso: talento, perseverança ou oportunidade? "Tudo isso chega junto, mas também a oportunidade é um trem que não espera por ninguém", destaca o intérprete que em 1980 decidiu abandonar Cuba definitivamente, pela situação do país e pediu asilo nos Estados Unidos.

Em uma entrevista à EFE, em 2012, ele declarou: "Eu não vou viver para ver o fim do regime de Castro", algo no qual ele continua pensando, embora não de uma maneira tão incisiva.

"É difícil. Eles têm alguma mágica que eu não sei o que é, talvez qualquer coisa como eles adorarem falar mal dos americanos. A União Europeia e dos países da OEA mantêem um flerte com essas pessoas ... isso nunca será alcançado, como aconteceu com a África do Sul graças ao boicote mundial ", reflete.

Mais ainda, uma risada é sua resposta à mudança presidencial de Raúl Castro para Miguel Díaz-Canel. "O presidente, já escolhido, escolhe outro, é tão ridículo quanto as eleições na Venezuela", diz ele.

À espera de poder voltar para aquela que foi sua casa na ilha, Rivera regressa novamente esta semana à Espanha, país que procura visitar com frequência.

No álbum de flamenco que tem ainda ao lado de Chano Dominguez diz: "Preciso termina-lo o mais rápido possível, porque eu o tenho guardado por algum tempo. Isso é, junto com retorno a Cuba, uma das coisas que eu ainda tenho que fazer." diz.

Tradução de Claudia Bozzo

Estadão
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