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Bob Dylan cria ilustrações para suas próprias músicas

A música 'Blowing in the Wind' é representada pela ilustração de alguns homens prisioneiros cortando pedras, por exemplo

8 out 2018 - 17h14
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LONDRES - Como se fosse possível faltarem palavras a um dos maiores gênios da música moderna, Bob Dylan (nascido nos EUA em 1941), ele ainda tem muito talento para pintura e ilustração, tal e qual como é mostrado na exposição Mondo Scripto, que será inaugurada nesta terça, 9, em Londres, na qual ele revela letras de músicas escritas de próprio punho e desenhos de 60 de suas canções em lápis e papel.

A Galeria Halcyon, localizada no centro da capital britânica, é testemunha desse talento de artista visual de Dylan em uma exposição que seu presidente, Paul Green, descreveu como "histórica". Embora o americano nunca quisesse que sua arte visual "absorvesse" sua música, como Green disse à EFE, ele finalmente as lançou para "revelar a alma de suas canções" também através da imagem.

A mostra, que vai até 30 de novembro e representa apenas 10% da retrospectiva do músico que será lançada no próximo ano em Xangai (China) - antes de embarcar em uma turnê pela Ásia, Europa e América - traz 60 músicas escritas de próprio punho por Dylan entre 1962 e 1976.

Ao lado de cada uma das letras, mostradas em tinta preta em uma página em branco, na qual o layout pessoal do autor pode ser visto e em alguns casos modificado, há uma ilustração a lápis revelando sua maestria também nesta área.

Uma arma fumegante segurada firmemente por uma mão é Hurricane; alguns homens prisioneiros cortando pedras são Blowing in the Wind e uma solitária rua de paralelepípedos é Mr.Tambourine Man; apenas alguns exemplos do "presente" que Dylan dá aos seus seguidores, permitindo que eles entrem no universo de suas canções.

Para sua legião de admiradores, esse conjunto, que também recebe esculturas e pinturas que mostram os Estados Unidos que tanto inspiraram o compositor, traz um "impacto emocional muito forte".

Dylan abordou todos os tipos de temas em suas letras ao longo dos anos, questões que eram "específicas para o momento, mas que continuam tão relevantes agora", disse Green.

"Refugiados, a humanidade, o meio ambiente, as injustiças sociais" ...

"Dylan falou sobre todas as questões mais importantes que afetaram a vida de gerações e gerações", disse ele.

Para Green, as letras de Dylan são "as mais importantes já escritas", algo que ficou claro quando ele se tornou o primeiro músico a ganhar o Prêmio Nobel de Literatura em 2016.

A Academia Sueca premiou o cantor e compositor por "ter criado uma nova expressão poética dentro da grande tradição da música americana", uma decisão que foi aplaudida e questionada com a mesma intensidade. Segundo o especialista, "ele ganhou por razões óbvias, é um dos melhores filósofos do nosso tempo e mudou o modo de pensar de gerações inteiras".

De John Lennon a Bruce Springsteen, o compositor de Minnesota influenciou "centenas de artistas" e rendeu material para "mais de 600 biografias" sobre ele, então não é de se "surpreender" que ele se reinvente "continuamente".

O curador do show, Tom Piazza, disse que Mondo Scripto é uma "janela" para obras "significativas" de um artista criativo de nosso tempo.

"A mente inquieta e criativa de Dylan nunca está completamente satisfeita e aqueles que estão familiarizados com essas músicas encontrarão surpresas em muitas palavras novas", disse Piazza.

"A associação inesperada dessas obras e imagens oferece uma porta surpreendentemente íntima em cada música, acrescentando dimensão, prazer e compreensão da relação do artista com seu próprio trabalho", concluiu.

A exposição pode ser visitada em Londres até o final do ano, antes de crescer e dar o salto para o continente asiático, onde o Museu de Arte Moderna de Xangai será sua primeira parada a partir de maio de 2019.

(Tradução de Claudia Bozzo)

Estadão
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