Mostra no MIS traz material de mais de 200 filmes musicais
Exposição 'Musicais no Cinema' tem produções estrangeiras e nacionais que mostram a força do gênero
Quando começou a pesquisar sobre filmes brasileiros que tivessem alguma proximidade com um musical, o jornalista e cineasta Duda Leite acreditava que listaria alguns poucos títulos. "Em quase seis meses de busca, encontrei mais de 80", surpreende-se ele que, com tal material, reforçou a presença brasileira na exposição Musicais no Cinema, que abre nesta quarta, 13, no MIS.
Criada pelo Musée de la Musique - Philharmonie, de Paris, a mostra busca apresentar um amplo panorama do cinema musical, notadamente o americano, desde sua origem até os dias atuais, por meio de fotografias, vídeos, figurinos e depoimentos. "É a primeira vez que a exposição sai da França e fiquei impressionado com a participação brasileira - não esperava ver filmes com Gil, Caetano e João Gilberto", disse o pesquisador N. T. Binh, curador da mostra e grande especialista em cinema: além de escrever para a revista Positif, é autor de importantes trabalhos sobre os cineastas Claude Sautet e Joseph L. Mankiewicz.
Ele se refere à participação nacional, que inclui verdadeiras joias (veja abaixo). "O período de maior produção coincide com o da chanchada, especialmente nos anos 1950", conta Leite, que coletou cartazes (muitos originais), além de trazer em vídeo depoimentos de artistas diretamente relacionados ao cinema musical brasileiro - como Cacá Diegues, que dirigiu Quando o Carnaval Chegar (1972), Bye Bye Brasil (1979), Orfeu (1999) e o recente O Grande Circo Místico (2018).
Divididas em mais de 20 seções, a exposição é capaz de agradar todos os gostos - desde os adoradores de filmes recentes, como o explosivo Rockteman e o dispensável La La Land, até clássicos insuperáveis como West Side Story e Cantando na Chuva; há curiosidades como ouvir a voz que dublou artistas que não tinham o dom do canto (como Audrey Hepburn, em My Fair Lady).
Fãs de selfies poderão imitar Gene Kelly em um poste, em Cantando, ou vestir o imenso chapéu de bananas de Carmen Miranda, em Entre a Loura e a Morena (1943).
PRESTE ATENÇÃO: Elza, Brando e Clint cantando
- Elza Soares conta, em vídeo, como participou de três filmes de Mazzaropi: O Vendedor de Linguiça (1962), O Puritano da Rua Augusta (1965) e Um Caipira em Bariloche (1973).
- Marlon Brando, em Eles e Elas (1955), e Clint Eastwood, em Os Aventureiros do Ouro (1969), podem ser vistos cantando com a própria voz, sem fazer feio.
- Ícone do teatro musical, Claudia Raia ensina, por vídeo, como sapatear. Os voluntários até terão sua performance gravada.
- Grande atriz, Esther Góes foi dublada nas canções, em Stelinha (1990), pela então desconhecida Adriana Calcanhotto.
- Em 1962, o cineasta italiano Steno dirigiu Copacabana Palace, com João Gilberto, Tom Jobim e Luis Bonfá cantando na praia.