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Instalado em antiga tecelagem de Itu, museu expõe obras de artistas renomados

Criada em 2012 pelo jovem artista e colecionador Marcos Amaro, a Fama expõe obras de artistas como Arthur Bispo do Rosário

22 fev 2020 - 16h10
(atualizado em 27/2/2020 às 11h34)
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ITU - Localizada a cerca de 100 km da capital paulista e conhecida como a cidade dos exageros, a ensolarada Itu tem mais a oferecer a seus habitantes e aos visitantes que os enormes e engraçados enfeites em suas ruas. É lá que fica o museu Fama - Fábrica de Artes Marcos Amaro, uma verdadeira galeria de arte instalada nos galpões da antiga Fábrica São Pedro. Em uma área de 25 mil m² estão expostas obras de nomes como Bispo do Rosário, Carmela Gross, Hélio Oiticica e Aleijadinho. E, a partir de 14 de março, estarão em exposição desenhos raros de Tarsila do Amaral.

Criada em 2012 pelo jovem artista e colecionador Marcos Amaro, de 36 anos, o local chama a atenção já na entrada, pois o dono fez questão de manter a estrutura, que é do início do século 20. A fachada alta, portas enormes, janelas de madeira e as ruelas de paralelepípedos são alguns dos detalhes que chamam a atenção logo na chegada. "Eu queria muito que o espaço fosse meu, para colocar a minha coleção e, quando consegui adquirir a propriedade, fui construindo esse sonho, e formando esse museu", conta Amaro, que revela ter um orçamento de R$ 6 milhões para manter o local, sendo que o "recurso usado é próprio".

Sob direção de Raquel Fayad e curadoria de Ricardo Resende e com entrada gratuita, a Fama mantém exposições permanentes e também temporárias. Uma das que não têm data de encerramento definida é Utopia de Colecionar o Pluralismo da arte, que reúne trabalhos como Se Vende (2005), de Carmela Gross, e A Cachoeira (1985), de Leda Catunda, obra que integrou a 18.ª Bienal de São Paulo. Além delas, há ainda Maria Nepomuceno, Paulo Pasta, Luiz Zerbini.

Certamente, algumas das obras que estão no local são verdadeiras raridades, principalmente em um museu no interior do Estado de São Paulo. É surpreendente ver trabalhos de Artur Bispo do Rosário (1909-1989) que, reunidos em uma sala, levam a um passeio pela trajetória do artista e também lembram sua vida como interno em instituição psiquiátrica. Incrível também poder conferir a produção da francesa Louise Bourgeois (1911-2010), por meio da escultura de tapeçaria Femme (2004), costurada à mão, além de 16 pinturas, que integram a suíte Do Not Abandon Me (2009-2010), feita em parceria com a britânica Tracey Emin.

Saindo das salas de exposições e voltando para o lado de fora das instalações, diversas outras obras estão espalhadas pelo local. Em todos os cantos, o público pode apreciar alguma outro trabalho, pois a arte se expande e ocupa os mais variados espaços. Por exemplo, nos jardins estão esculturas dos artistas Caciporé Torres, Emanoel Araújo, Gilberto Salvador, Marcos Amaro, Mário Cravo, Mestre Didi e Sérgio Romagnolo.

Na verdade, a Fama é mais do que um museu e pode ser visto como um centro cultural, com programação variada. Além de visitar as exposições, é possível ainda participar de oficinas, workshops, palestras, saraus. E há também atividade para a criançada. E, depois de tanta arte para arejar os pensamentos, a pedida é entrar no café instalado no local e relaxar.

De acordo com Amaro, a Fama recebeu em 2019 um público estimado em mais de 12 mil pessoas. E, para este ano, estão previstos novos projetos, como conta o colecionador, que revela ter fechado parceria com o Itaú Cultural. "Teremos colaboração conjunta para uma mostra de fotografia", diz. Mas não será só isso, outra atração imperdível será a exibição da Aranha, de Louise Bourgeois.

Marcos Amaro decidiu alçar voo mais alto e abriu um novo espaço dedicado à arte. Agora, a cidade escolhida é Mairinque, também próxima de São Paulo, onde deu início a sua Fama Campo. "Aqui, o artista tem de saber lidar com o efêmero e a primeira a experimentar o novo espaço é Marcia Pastore, que apresenta a obra Transposição."

Análise: Empresário mantém galerias em Zurique e na capital paulista

A coleção de Marcos Amaro começou eclética e pouco a pouco vai encontrando foco - a recente compra dos desenhos de Tarsila aponta para um interesse particular na produção moderna, embora seu acervo inclua artistas de séculos passados (Aleijadinho, Almeida Júnior). Sua galeria em São Paulo, a Kogan Amaro, que junta o seu sobrenome ao da mulher (a pianista clássica russa Ksenia), optou pela incorporação de jovens artistas contemporâneos, como Felipe Góes, uma revelação da pintura.

Muitos dos artistas representados pela Kogan Amaro vivem na Europa, como o pintor abstrato escocês Daniel Mullen e a paulistana Carolina Semiatzh, que mora em Groningen, na Holanda, o que facilita a montagem de exposições na galeria que Amaro e a esposa Kogan mantêm em Zurique. Filho mais novo do comandante Rolim Amaro, ex-presidente da TAM, Marcos é também um empresário de sucesso, que representou a marca Tag Heuer no Brasil. Aos 23 anos ele comprou a rede Óticas Carol, a maior varejista do setor, revendendo-a depois. Sua entrada no mercado de arte foi em 2017, quando comprou a galeria Emma Thomas. / Antonio Gonçalves Filho

Estadão
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