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Críticos farpeiam Grammy enquanto Eminem é soberano



Quarta, 21 de fevereiro de 2001, 11h33

Os jurados do prêmio Grammy provavelmente dormiram enquanto nascia o rock 'n' roll, a Inglaterra invadia o cenário musical nos anos 60 e o punk fazia sua revolução em 1970.

Depois de premiar, com má vontade e atraso, Elvis Presley, os Beatles, Bob Dylan e os Rolling Stones, a indústria da música atraiu a ira dos fãs ao indicar o rapper Eminem em quatro categorias, enquanto alguns gigantes ainda estão de mãos vazias, como AC/DC e Neil Young.

O disco de Eminem, The Marshall Mathers LP, é o primeiro CD de hard-core rap a ser indicado para a categoria de melhor álbum do ano.

Embora todos achem que a música pop anuncia às vezes o declínio da civilização ocidental, os jurados do Grammy parecem estar inconscientes disso, e fizeram do rapper, que canta sobre "prostitutas" e "bichas", uma das figuras musicais mais citadas dos noticiários culturais nos últimos dias.

Um único Grammy para os Beatles

Desde a primeira cerimônia, em maio de 1959, o Grammy parece estar fora de tom: na premiação inaugural, nenhum disco de rock 'n' roll estava indicado para melhor álbum.

Nessa categoria, durante a turbulência dos anos 60, os premiados incluíam alguns trabalhos não tão expressivos, como The Days of Wine and Roses, de Henry Mancini, A Taste of Honey, de Herb Alpert e Tijuana Brass, e Up, Up and Away, do Fifth Dimension.

Os Beatles ganharam apenas um Grammy nos anos 60, e os Rolling Stones tiveram de esperar até 1995, enquanto o guitarrista Jimi Hendrix recebeu um prêmio no ano passado, após 30 anos da sua morte.

Agora, mencione as palavras "Jethro Tull" ou "Milli Vanilli" e os especialistas vão agonizar. O britânico Jethro Tull, banda de folk-rock com um excêntrico flauteado, conquistou um Grammy em 1989, a primeira vez que a cerimônia premiou o rock-metal, deixando para trás AC/DC, Jane's Addiction, Metallica e Iggy Pop. Na época, o jornal Daily Variety reportou "algumas vaias tímidas" ao anúncio do vencedor.

Milli Vanilli enganou a indústria, que realmente acreditou que o dueto pop cantava de verdade, e arrematou o prêmio de melhor artista do ano em 1990 -- prêmio que foi cancelado quando a farsa foi finalmente descoberta.

Reunião secreta

E as vergonhas continuaram, até que em 1995 os Três Tenores e Tony Bennet foram nomeados para melhor álbum do ano. Em meio a protestos e ameaças de boicotes, os organizadores do Grammy fizeram uma reunião secreta para escolher os indicados.

Algumas irreverentes artistas, como Alanis Morissette e Lauryn Hill, e veteranos de peso, como Bob Dylan e Carlos Santana, dominaram os shows subsequentes. Os críticos ainda soltam farpas, mas aos poucos o Grammy tem dado oportunidade a todos. Até a Eminem.

Na música indicada, The Real Slim Shady, Eminem canta: "Você acha que dou a mínima para o Grammy? Metade dos críticos não tem estômago para me aguentar."

Ainda assim, a chance de se apresentar no Grammy, e igualar-se a astros nada parecidos com seu estilo, como os artistas pop Christina Aguilera e 'N Sync, parecer ter sido irresistível para o rapper. E a indústria segue com audiências absurdamente altas e "lixos culturais" nas paradas de sucesso.

O Grammy acontece nesta quarta-feira no Staples Center, em Los Angeles, a partir das 18h (23h em Brasília). No Brasil, poderá ser assistido pelo E! e pela CNN em espanhol.

Reuters

 
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