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Beyoncé e Jay-Z expõem que o amor, sim, vence com novo disco

É, afinal, sobre a humanidade, a imperfeição, e o seu legado como artistas (os principais do mundo pop) que surge 'Everything Is Love'

23 jun 2018 - 15h52
(atualizado às 17h13)
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É a tal história "a vida imita a arte". Ou "a arte imita a vida". A ordem dos fatores, nesse caso, não altera o resultado.

Espertos, bons de marketing e talentosos que são, Beyoncé e Jay-Z souberam usar a vivência deles - antes, uns cinco anos atrás, bem reservada - como o novo combustível para canções e, consequentemente, um bom punhado de milhões a mais na conta bancária conjunta.

Beyoncé e Jay-Z posam em frente a Monalisa no Louvre
Beyoncé e Jay-Z posam em frente a Monalisa no Louvre
Foto: Reprodução/YouTube / Estadão Conteúdo

Vive-se o mundo da exposição, afinal, e do consumo dela. Redes sociais colocam, à vista de todos, particularidades e detalhes (controlados, é claro) do que antes era só imaginação. Também formam uma ligação direta entre o artista, o mito, o inalcançável, e seu lado humano. E são, Beyoncé e Jay-Z, humanos como nós.

É, afinal, sobre a humanidade, a imperfeição, e o seu legado como artistas (os principais do mundo pop, sem dúvida) que surge Everything Is Love, o primeiro álbum deles como casal e sob o nome de The Carters (ou "os Carters", o sobrenome de Jay-Z). Um disco que celebra o "recasamento", como Beyoncé canta em Lovehappy, a faixa que encerra o disco: "Yeah, you f... up the first stone, we had to get remarried", canta ela, algo como "sim, você f... com a primeira tentativa, nós tivemos que casar de novo".

É, Beyoncé e Jay-Z abriram suas vidas. O novo álbum, liberado nas plataformas digitais de surpresa, na última semana e em meio à segunda turnê conjunta deles, é presumivelmente o capítulo final de uma trilogia iniciada em Lemonade, o poderoso (e fundamental) disco de Beyoncé, de 2016. O sexto trabalho da cantora era uma bela bofetada numa sociedade misógina e racista. Também escancarava o caos que havia se tornado a vida dos Carters depois que Beyoncé descobriu a traição de Jay-Z.

Ele, no chão, de joelhos. Ela, poderosa, no alto. E assim começava 4:44, a resposta, também em formato de álbum, dele. E, ali, no trabalho lançado em 2017, assumia a culpa. Pedia pelo perdão de Beyoncé, colocava-se na posição de quem se arrepende. O exuberante Jay-Z dos outros álbuns, ali, se reduzia ao humano que, como todos nós, erra.

Sussurrava nas rimas ao tratar de quem era, sobre paternidade, seu lugar no mundo. O mito dava lugar a alguém de carne e osso. Principalmente, ao sangue que corre nas veias e torna o magnata da música pop e do rap um sujeito falho.

O ciclo se encerra com Everything Is Love, um disco de celebração, gestado intensamente, que vai do trap às baladas. Do peso de Apeshit, música que ganhou videoclipe para anunciar a chegada do disco (gravado no Museu do Louvre e colocando as figuras negras do casal e dos seus dançarinos em um ambiente prioritariamente branco) às lembranças do início do relacionamento de ambos, com 731, algo que nenhum deles havia se aprofundado ainda, em entrevistas ou canções.

Questiona-se - e é preciso questionar, afinal - a genuinidade da coisa toda. São ajeitadinhos demais, esses lançamentos, ano a ano, cada um com seu tema central (o amor, em suas três frentes: desunião, o perdão e a conexão). É sabido que Jay-Z não falha - e, por isso, está onde está, um megaempresário, muito mais do que só um rapper de flow indiscutível e bom gosto para beats. Beyoncé também se engrandece a cada álbum.

Não é coincidência, obviamente. Seria ingenuidade entender o pop dessa forma, como uma descarga de emoções e só. Há cifras demais envolvidas para tal. Descobrir até que ponto toda a narrativa se forma legítima, impossível. Mas que é lindo ouvir os três álbuns na sequência e celebrar a vitória do amor, isso é.

Estadão
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