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Call of Duty: Black Ops 4 privilegia battle royale e se sai bem

Decisão ousada de abandonar modo história acaba por renovar jogo de tiro e diferenciá-lo de rivais, como Battlefield; game também ficou mais difícil para jogadores casuais

30 nov 2018 - 11h02
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Call of Duty: Black Ops 4, lançado em outubro pela Activision, é a mais nova e, possivelmente, mais ousada versão da popular franquia de jogos de tiro em primeira pessoa dos últimos anos. Isso porque o estúdio californiano Treyarch, que desenvolveu CoD:BO4, abriu mão do tradicional modo história para investir tempo e recursos na última sensação dos jogos do gênero: o modo Battle Royale - aqui batizado de Blackout. Popular em jogos como PUBG e Fortnite, é aquele gênero em que vence o jogador ou a equipe que sobreviver em uma arena com até cem adversários.

E é justamente essa ousadia que faz deste Call of Duty um bom jogo, com potencial para ser jogado por centenas de horas, com um único objetivo para voltar para a frente da tela: tentar ser, ao menos uma vez, o vencedor no Blackout.

Apesar de só ter um mapa de disputa para esse modo de jogo, ele é vasto, conta com regiões totalmente distintas umas das outras - do ponto de vista geográfico e também nas estratégias de jogo em cada uma delas - e foi criado com uma enorme riqueza de detalhes. Há diversas áreas: de um porto, passando por um grande complexo industrial e áreas residenciais, até uma represa e sua barragem. Algumas dessas áreas, vale dizer, são releituras de mapas favoritos dos fãs dos jogos anteriores da série.

Uma dica para os iniciantes no universo dos jogos Battle Royale é que nem sempre se envolver em grandes tiroteios é a melhor estratégia para ser o vencedor em Blackout. Pode soar estranho em um jogo que é, essencialmente, um simulador de confrontos armados mas, pela primeira vez, o objetivo aqui não é matar a maior quantidade de jogadores possível, mas sobreviver. Os zumbis - que continuam presentes em um modo de jogo dedicado (leia mais abaixo) - também estão presentes no Blackout e podem acabar com os jogadores mais desatentos em algumas áreas do mapa.

Se por um lado o modo Blackout de CoD:BO4 tem vida própria e coloca muitas das características da franquia - como o ritmo de jogo, a fidelidade visual e sonora das armas (que foram rebalanceadas neste modo de jogo), entre outros, em uma nova forma de jogo, por outro é inegável a semelhança com vários aspectos dos outros dois jogos que dominam o gênero Battle Royale: Fortnite e Playerunknown's Battlegrounds (PUBG).

Assim como nos concorrentes, todas as partidas começam em um avião, a partir do qual o jogador usa uma espécie de paraquedas para escolher a área do mapa que vai explorar. Todos os competidores começam sem qualquer arma e precisam avançar pelo cenário para coletar equipamentos.

Outro aspecto parecido é o fato de o modo Blackout poder ser jogado de forma individual, em dupla ou com um esquadrão de quatro pessoas - essa última, aliás, é a forma mais divertida, interessante e fácil de experimentar o jogo, mesmo para quem não gosta muito ou não está acostumado a jogar partidas multijogador online.

Isso porque com mais 3 pessoas - que podem ser seus amigos ou pessoas escolhidas de forma automática pelo jogo - é possível explorar uma área maior do mapa. Além disso, quando necessário, se torna viável enfrentar os adversários de forma estratégica, utilizando veículos, por exemplo, em vez de partir para uma troca de tiros frenética. Também é bom lembrar que é preciso que um membro do esquadrão chegue vivo ao final para que todos saiam vencedores, o que aumenta, na maioria das vezes, o tempo médio das partidas.

Já uma diferença, talvez a de mais destaque, em relação aos outros jogos é o fato de Blackout ser jogado o tempo inteiro em primeira pessoa - nos outros, é possível alternar a visão para uma câmera em terceira pessoa. Uma crítica necessária, no entanto, é a quase inexistente possibilidade de personalizar o personagem com o qual jogamos. Atualmente, os jogadores podem escolher apenas entre três avatares masculinos e três femininos, e algumas poucas opções de dogtags e de grafites, usados pelos jogadores para demarcar seu território no mapa.

E o resto do jogo? Claro que a Activision e a Treyarch não se esqueceram dos jogadores que já são fãs da série e de suas formas tradicionais de se divertir. Está tudo aqui: o modo multijogador (incluindo a possibilidade de jogo local, sem internet), com mais de uma dúzia de mapas muito bem ambientados, e vários modos de jogo, como mata-mata em equipe, controle, assalto, contra todos, baixa confirmada, localizar e destruir, dominação e zona de conflito.

Assim como em jogos anteriores da série, antes do início das partidas é preciso escolher o especialista que será usado. Cada um deles tem uma arma primária e uma secundária exclusivas, além de um armamento especial único, que podem ser ativados de tempos em tempos. É possível personalizar as armas e equipamentos que serão utilizados.

Duas mudanças no modo tradicional multijogador em CoD:BO4 merecem destaque: a primeira é o fato de a saúde dos jogadores não recarregar mais automaticamente depois de alguns segundo sem sofrer dano. Agora, é preciso apertar um botão e esperar até o "remédio" fazer efeito para voltar à ação.

A segunda mudança é na efetividade dos disparos na hora de matar um oponente. Em comparação com jogos anteriores da série, é preciso acertar uma maior quantidade de tiros - exceto ao usar um fuzil de precisão (Sniper Rifle) ou uma escopeta (shotgun) - para derrotar um inimigo. Na prática, isso exige mais precisão e torna o jogo mais difícil para jogadores casuais. Por outro lado, a Activision mudou a forma como o jogo distribui os pontos pelas mortes e agora quem ajuda a matar um inimigo, ainda que não tenha dado o tiro final, também recebe parte da pontuação.

Vale destacar também o QG dos Especialistas, uma espécie de tutorial no qual os jogadores conhecem a história de cada um dos dez operadores disponíveis em CoD:BO4 por meio de cenas pré-renderizadas e de missões que são disputadas contra adversários controlados pela inteligência artificial do game - e isto é o mais perto que o jogo chega do modo história existente nas versões anteriores.

Como aqui também são apresentados os diferentes modos multijogador presentes no jogo, é interessante que os iniciantes completem todas as missões no QG dos Especialistas para se familiarizar com os controles e com o ritmo das partidas, o que pode ajudar a diminuir a curva de aprendizado na hora de jogar contra adversários reais.

Por fim, temos o modo zumbis, um dos favoritos dos fãs desde que foi incorporado à série em Call of Duty: World at War, em 2008. Em CoD:BO4, há três mapas para jogar contra adversários mortos-vivos, cada um deles com um conjunto básico de personagens e objetivos.

O primeiro, uma recriação de um cenário de Call of Duty: Black Ops 2, se passa em uma instalação militar. O segundo, em um coliseu durante uma luta de gladiadores e o terceiro, a bordo do Titanic, momentos depois de o navio atingir o iceberg que selou seu destino.

No começo, apenas uma pequena parte de cada mapa está disponível. Para progredir, é preciso acumular pontos (com a morte dos zumbis) e liberar novas áreas. Esses pontos também são usados para comprar novas (e melhores) armas para enfrentar os inimigos. É possível jogar o modo zumbis sozinho, em modo multijogador (online e local) e com parceiros controlados pelo próprio jogo.

Vale a pena? Ao contrário de seu principal concorrente, a série Battlefield, que investiu no storytelling em seus últimos jogos, CoD:BO4 preferiu se ancorar na nova tendência e investir pesado nela para ganhar novos públicos. Com os modos clássicos de multijogador e de zumbies ligeiramente refinados, também não deixa de agradar aos jogadores de longa data - e no QG de Especialistas faz um aceno aos saudosistas desapontados com a falta de uma campanha offline. Foi um movimento corajoso e que, no fim das contas, deve trazer mais frutos do que críticas para a Activision e para a série em si.

Call of Duty: Black Ops 4

Desenvolvedora: Treyarch Studios

Plataformas: PC, Xbox One e PlayStation 4

Preço: R$ 229,00

Já disponível no Brasil

Estadão
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