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Escritor austríaco recebe Nobel de literatura em meio a protestos e críticas

10 dez 2019 - 20h14
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Manifestantes enfrentaram temperaturas congelantes nesta terça-feira para protestar contra a entrega do Prêmio Nobel de Literatura de 2019 ao escritor austríaco Peter Handke devido ao seu apoio ao falecido líder sérvio Slobodan Milosevic.

Manifestantes protestam contra entrega de Prêmio Nobel de literatura a Peter Handke, em Estocolmo
10/12/2019 TT News Agency/Stina Stjernkvist via REUTERS
Manifestantes protestam contra entrega de Prêmio Nobel de literatura a Peter Handke, em Estocolmo 10/12/2019 TT News Agency/Stina Stjernkvist via REUTERS
Foto: Reuters

Handke e os ganhadores do Nobel de química, medicina, física e economia receberam seus prêmios do rei sueco em uma cerimônia luxuosa no Estocolmo Concert Hall na noite de terça-feira. O Prêmio Nobel da Paz foi concedido separadamente na terça-feira em Oslo ao primeiro-ministro da Etiópia.

A escolha de Handke pela Academia Sueca foi amplamente criticada porque o romancista e dramaturgo austríaco discursou no funeral de Milosevic em 2006, depois que o líder sérvio morreu detido em Haia, enquanto enfrentava julgamento por crimes de guerra.

Conforme os convidados para a cerimônia chegavam em suas limusines, cerca de uma dúzia de manifestantes mostraram cartazes com slogans como "Sem Nobel para fake news", uma referência aos comentários de Handke questionando o massacre de mais de 8.000 homens e meninos muçulmanos da Bósnia em Srebrenica em 1995.

"O problema com Handke é sua recusa em admitir o genocídio da população da Bósnia nos anos 90", disse Adnan Mahmutović, um dos organizadores da manifestação de terça-feira em Estocolmo.

"Como escritor sério e consagrado que tem muita influência na literatura européia, Handke tem sido usado na narrativa de negação de genocídio nos Bálcãs", disse Mahmutovic, que fugiu para a Suécia como refugiado da guerra na Bósnia em 1993.

Os embaixadores da Albânia, Bósnia, Croácia, Kosovo e Turquia disseram que boicotariam a cerimônia de terça-feira.

"Hoje é um dia vergonhoso... Isso mostra que a Europa tem uma amnésia do que aconteceu conosco em Kosovo, na Bósnia e na Croácia", escreveu o ministro das Relações Exteriores de Kosovo, Behgjet Pacolli, no Twitter.

Mais cedo, o presidente turco, Tayyip Erdogan, acusou a Academia Sueca de recompensar violações dos direitos humanos, concedendo o prêmio de literatura a Handke.

No momento de sua morte, Milosevic estava sendo julgado por atrocidades e limpeza étnica cometidas pelas forças sérvias durante as guerras que destruíram a antiga Iugoslávia nos anos 1990.

Na sexta-feira passada, Handke se recusou a responder perguntas sobre seu apoio a Milosevic.

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