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Série de documentários do Theatro Municipal de SP traz óperas

Entre elas, 'Aída', dirigida por Bia Lessa: filme recupera todo o trabalho de produção e ouve artistas e especialistas

24 out 2020 - 05h10
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"E, então, veio a pandemia." A frase de um dos artistas envolvidos na temporada lírica prevista para este ano no Theatro Municipal de São Paulo resume bem o impacto provocado pela notícia de que tudo precisaria ser suspenso. E está em um dos documentários que o teatro preparou sobre as produções previstas, que entram no ar neste final de semana no YouTube.

Em março, o Municipal se preparava para estrear uma nova montagem da Aída, de Verdi, quando a necessidade de isolamento social suspendeu os ensaios.

"Temos todos que ter responsabilidade. Isso tudo ficará, sim, não vai se perder. O cenário ficará esperando pela nossa volta. Vejo ainda mais agora um sentido de fazer a Aída, uma ópera na qual a gente pede paz. Estou de coração partido. Mas, para continuarmos, vamos estudar mais Aída, vamos nos aprofundar para, quando voltarmos de novo, voltarmos mais maduros, com mais tesão e desejo", diz a diretora Bia Lessa, em uma cena do documentário sobre a ópera de Verdi, aos artistas reunidos na plateia, no dia 13 de março, quando foi comunicada a suspensão das atividades.

O filme, dirigido por Lessa, recupera todo o trabalho de produção da ópera, ouve artistas, especialistas e apresenta ao público a cara que teria a montagem, com um olhar contemporâneo focado na desconstrução da visão colonialista. E se encerra com a lembrança de Naomi Munakata, maestrina do Coral Paulistano, que integraria o espetáculo e morreu no final de março, vítima do coronavírus.

Assim como no caso da Aída, os próprios diretores cênicos escalados para as produções assinam a direção dos documentários. Fernanda Maia e Zé Henrique de Paula criaram o curta-metragem Quando As Óperas Param, sobre Navalha na Carne, de Leonardo Martinelli, e Homens de Papel, de Elodie Bouny, mostrando como se daria o trabalho de levar ao mundo da música o universo da dramaturgia de Plínio Marcos, com especial atenção ao olhar feminino no modo de narrar essas histórias. E Guarani em Chamas traz a assinatura de Zeca Rodrigues e Marco Antonio Rodrigues, que no espetáculo estabeleceriam uma ponte entre a história narrada pelo compositor Carlos Gomes no século 19 e a necessidade de se olhar hoje para a questão indígena, que volta ao debate público.

A temporada completa do Theatro Municipal até o final de 2020 foi oficialmente cancelada no final de setembro, mas os artistas da casa voltaram ao trabalho presencial na semana passada. Os músicos da Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo e o maestro Roberto Minczuk, por exemplo, farão concertos, sem público, a serem transmitidos pela internet, a partir da semana que vem. Outros grupos, como o Quarteto da Cidade, também devem ter programações similares.

Estadão
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