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'Por mais que sejam lembranças nossas, tocam os outros', diz Vera Holtz

Ela é tema do documentário 'As Quatro Irmãs', que será atração na Mostra de Cinema de São Paulo

16 out 2018 - 06h11
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É mera coincidência, claro, mas Vera Holtz mora no apartamento número 53 de um prédio dos Jardins. E a família é tão extensa que só de primos e sobrinhos, ela informa, "somos... 53!" Toda essa família numerosa se reuniu recentemente e, num Brasil polarizado por diferenças inconciliáveis que explodiram no processo eleitoral, era fatal que também entre os familiares de Vera houvessem divisões. O diretor Evaldo Mocarzel observa que, sendo um filme sobre a casa centenária em que Vera e as irmãs passaram a infância e a juventude, o filme retrata um período em que havia mais inocência e carinho entre as pessoas.

Mocarzel define seu filme como "um afresco civilizacional do tempo da delicadeza". Pegando carona na definição do diretor, Vera conta que uma coisa que ficou clara para a família, se quisesse preservar o afeto, é que deveria evitar a polarização. "Nada de ódio.

Gentileza gera gentileza e a gente pode deixar de lado por um momento o que nos divide para promover o que nos aproxima e une."

Vera conta que sempre foi assim. "Muito jovem, um tio psicanalista percebeu que eu tinha esse temperamento alegre, meio palhaça, e disse que seria uma coisa para toda a vida. Tenho enfrentado minhas tempestades, mas acho que ele estava certo. Esse humor tem me ajudado bastante." E sobre o filme - "É importante ter uma obra assim, que fale sobre família, sobre pertencimento, que investigue a memória da gente. Porque, por mais que sejam lembranças minhas e de minhas irmãs, é algo que acaba chegando às outras pessoas. O que a gente lembra, o que a gente está esquecendo, nossas pessoas queridas que já se foram. É uma epifania reviver tudo isso na telona do cinema."

Estadão
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