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Buscando retomar prestígio, Oscar deste domingo pode ter surpresa

Em meio a queda na audiência, premiação passou por mudanças em seu formato; 'Ataque dos Cães' é principal favorito a melhor filme, mas 'No Ritmo do Coração' corre por fora

27 mar 2022 - 05h10
(atualizado às 09h36)
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Quais as apostas para o Oscar 2022?:

A corrida por fora de No Ritmo do Coração, de Siân Heder, pelo Oscar de melhor filme, deu uma animada em uma competição que parecia praticamente definida, com uma vitória certa de Ataque dos Cães, de Jane Campion - independentemente da justiça ou não. Mas a verdade é que as maiores discussões da cerimônia deste ano, que ocorre neste domingo, 27, às 21h, com transmissão pelo TNT e pela Globoplay (liberada para não assinantes), não são se Penélope Cruz vai surpreender e levar a estatueta de atriz por Mães Paralelas, nem se Ari Wegner se tornará a primeira mulher a ganhar o Oscar de fotografia. E, sim, sobre a cerimônia em si.

Como praticamente todas as festas de premiação, o Oscar vem perdendo audiência. Em 2010, quando Guerra ao Terror saiu com o principal prêmio da noite, 41,6 milhões de pessoas assistiram à cerimônia. Em 2020, a vitória de Parasita foi vista por 23,6 milhões. Em 2021, caiu para 10,5 milhões - compreensível, por ter sido uma festa atípica.

Mas os números dispararam alarmes na Academia e, principalmente, no canal ABC, que transmite a cerimônia diretamente do Dolby Theatre, nos Estados Unidos. Pesquisas apontam que principalmente os millenials e os jovens da geração Z não têm mais interesse em assistir ao Oscar. Os filmes que eles assistem, afinal, não são aqueles que costumam concorrer ao Oscar, até porque o abismo entre produções populares e filmes considerados premiáveis por sua qualidade artística só aumenta. Outra reclamação é a de que a cerimônia é muito longa.

O produtor Will Packer, em conjunto com a Academia e a ABC, tomou algumas decisões. A primeira e mais controversa foi cortar da transmissão ao vivo oito categorias: trilha sonora, maquiagem, edição, design de produção, som, curta de ficção, curta de animação e curta documentário. Em entrevista coletiva nesta semana, ele disse que foi uma confusão. "Queremos que todos tenham seu momento no show. O mal-entendido foi que eles seriam retirados da cerimônia e não é verdade." Segundo ele, a festa terá, no total, quatro horas, em vez de três. O único detalhe é que a primeira hora não será transmitida ao vivo - ou seja, na verdade, os vencedores dessas oito categorias realmente não terão a mesma oportunidade de celebração que os outros.

Foto: Reuters

Zelensky

Ele explicou a decisão de ter três apresentadoras - Regina Hall, Amy Schumer e Wanda Sykes -, em vez de uma só, em entrevista ao site Indiewire: não colocar o peso todo em uma só pessoa, tornar a noite mais dinâmica e trazer um elemento inesperado, porque só Deus sabe o que essas três, com estilos tão distintos e ousados, vão aprontar. "Queria que pensassem: Nossa, essas três? Essa eu não esperava. O que elas vão fazer?", comentou Packer. Segundo o produtor, haverá temas e energias diferentes durante a noite. Não ajudou muito, porém, a informação de que Schumer queria convidar o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, para fazer uma participação durante a festa, o que não foi aprovado.

Na mesma entrevista, Packer contou que sua inspiração, de certa forma, foi o Super Bowl, que reúne pessoas de todo tipo. A ideia era evitar um show para Hollywood, por Hollywood e só. Talvez venha daí a inclusão dos atletas Kelly Slater, Tony Hawk e Shaun White entre os apresentadores. Se eles vão ser capazes de atrair os jovens, é outra história. Eles provavelmente prefeririam ver Tom Holland e Zendaya. Ao mesmo tempo, é incerto se vão agradar aos fãs hardcore de cerimônias do Oscar, que certamente adorariam rever Francis Ford Coppola, Robert De Niro e Al Pacino juntos.

Influencers

Outra decisão controversa foi a criação de dois prêmios com votação pelo Twitter. Já que os filmes de super-heróis estão ausentes - Homem-Aranha: Sem Volta para Casa não conseguiu emplacar nem nas categorias técnicas, à exceção de efeitos visuais -, o público pode escolher "o favorito dos fãs" e "o momento que merece aplausos". Faz mais sentido a inclusão de influencers para criar conteúdo exclusivo no Instagram e TikTok.

A melhor esperança de atrair os tão desejados jovens, porém, pode estar nas performances das canções originais. Neste ano, participam Billie Eilish e seu irmão Finneas O'Connell, com No Time to Die, e Beyoncé, com Be Alive. Também haverá Dos Oruguitas, com Sebastián Yatra, do megassucesso Encanto. E, ainda, a primeira apresentação ao vivo de We Don't Talk About Bruno, do mesmo filme.

Vai dar certo a estratégia para atrair millenials e geração Z? Talvez não. O Grammy costuma ter apresentações de alto quilate, mas sua audiência também vem caindo. A teoria é a de que os jovens acompanham tudo pelas redes sociais. Já os fãs de Oscar, que assistem aos filmes, reúnem os amigos e comentam nas redes sociais, podem até se divertir com We Don't Talk About Bruno, mas vão estar mais interessados nas surpresas que podem furar seu bolão.

Estadão
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