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Organização do Festival de Gramado anuncia "grande abraço" a Santa Maria

13 ago 2013 - 18h04
(atualizado às 18h11)
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<p>Um incêndio na boate Kiss, em Santa Maria, matou 242 jovens em janeiro deste ano</p>
Um incêndio na boate Kiss, em Santa Maria, matou 242 jovens em janeiro deste ano
Foto: Daniel Favero / Terra

O tempo passou, o assunto perdeu espaço na mídia, mas, quase sete meses depois da tragédia que levou a vida de 242 jovens na boate Kiss, em Santa Maria, a dor de familiares e amigos das vítimas continua a mesma. Pensando nisso, a organização do Festival de Gramado, realizado nesta semana na serra gaúcha, se comprometeu, em coletiva de imprensa realizada nesta terça-feira (13), a fazer uma exibição de filme gratuita na cidade para chamar a atenção para o sofrimento daqueles que perderam seus entes queridos naquele fatídico 27 de janeiro de 2013.

"Queremos promover um grande abraço a Santa Maria. Nosso compromisso é de afeto, nossa agenda, positiva, solidária. É um compromisso que estabelecemos com a cidade, com o objetivo de abrir espaço para todos falarem", disse ao Terra Ralfe Cardoso, produtor do festival que ocorre até o próximo sábado (17) no Rio Grande do Sul, após o rápido e emocionado anúncio feito ao lado de integrantes da Associação dos Familiares de Vítimas e Sobreviventes da Tragédia de Santa Maria no evento.

Os detalhes do projeto ainda não estão definidos, mas já se sabe que os promotores de Gramado planejam, nos próximos meses, abrir uma sala de cinema para a projeção gratuita de um longa exibido no festival. O diretor do Canal Brasil, Paulo Mendonça, também se comprometeu com a ideia, propondo disponibilizar qualquer produção do canal para o evento.

"Nós não temos palavras para medir esse abraço que estão nos oferecendo, que nos emociona, nos faz ficar mais solidários. Isso vai ser muito importante para a cidade, que se viu desequilibrada com essa tragédia, que deixou todos mais sensíveis e nos fez perceber o quão frágil é a vida", disse o presidente da comissão de organização da associação, Aderbal Alves Ferreira.

No final do mês de maio, os dois sócios da Boate Kiss, Mauro Hoffmann e Elissandro Spohr, além do músico Marcelo dos Santos e do produtor Luciano Augusto Bonilha Leão, ambos do grupo Gurizada Fandangueira, foram soltos por decisão unânime da 1ª Câmara Criminal do TJ-RS, segundo a qual os quatro, os principais acusados do incêndio ocorrido na casa noturna, não ofereciam perigo à sociedade.

Na noite da tragédia, Santos foi o responsável por ativar o sinalizador que, em contato com o material altamente inflamável usado para fazer o isolamento acústico da casa noturna, ocasionou o incêndio no local. A maioria das mortes ocorreu devido à inalação dos gases tóxicos vindos da fumaça do revestimento, ilegal de acordo com a legislação do País.

Os outros réus do caso - dois bombeiros acusados de alterar o alvará da boate e duas pessoas acusadas de mentir à polícia são réus - também estão em liberdade. O Ministério Público isentou a prefeitura de Santa Maria de responsabilidade na tragédia.

"São 242 pessoas mortas, é um fato. Nós pagamos as instituições para nos proteger e precisamos pegar um banco de parque para gritar que a tragédia realmente aconteceu? Mas, ela realmente aconteceu", desabafou Sérgio da Silva, diretor de assistência social da associação. "Se o Ministério Público, o protetor do cidadão, não tem condições de fazer o seu papel, manda pra outro juiz. Estamos carentes de autoridades...".

"Hoje Santa Maria vive a impunidade", resumiu Ferreira. "A luta por justiça não é só para nós: é para o bem comum de toda a sociedade."

Fonte: Terra
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