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Nos cinemas, a hora e a vez de Cacau Protásio reger o espetáculo

Estrela da comédia 'Juntos e Enrolados', que estreia na quinta, 13, atriz conta como foi ter sofrido preconceito durante as gravações

12 jan 2022 - 05h10
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Foi em 2012. Estava no ar a novela Avenida Brasil, de João Emanuel Carneiro. Cacau Protásio fazia Zezé, a auxiliar de cozinha de Nina, a personagem icônica de Débora Falabella. Zezé proporcionava o que se chama de alívio cômico. Fez sensação cantando Eu Quero Ver Tu Me Chamar de Amendoim. Toda noite, a novela terminava com a imagem congelada de uma das personagens importantes da trama. A noite em que Cacau/Zezé foi congelada teve repercussão imediata nas redes sociais

Passaram-se dez anos e Cacau está com a corda toda. São quatro filmes estreando ou por estrear, incluindo Juntos e Enrolados, que chega às telas do Brasil nesta quinta, 13. Além dos filmes, ela segue no Vai Que Cola, do Multishow. "Dizem que a próxima vai ser nossa última temporada. Vamos gravar no meio do ano", anuncia. Diz que Paulo Gustavo é insubstituível, mas talvez não seja exagerado dizer que o sucesso de que ela já vinha desfrutando cresceu ainda mais no vazio da morte do grande comediante. Todo mundo quer Cacau. A consequência é que está com a agenda lotada até 2024. Católica, agradece a Deus. "Amém, meu pai."

Cacau faz uma bombeira, Daiana. Na primeira cena do longa de Eduardo Vaisman e Rodrigo Van der Put, ela salta na piscina do clube exclusivo para salvar Rafael Portugal, que está se afogando. É o início do romance. Passa o tempo, eles economizam - para a festa de casamento. Tudo dá tão errado que a festa vira de divórcio - quase. Daiana é empoderada, sexy, sonhadora. "É uma personagem com quem me identifico muito. Ela quer casar. Eu também não me importaria de casar 20 vezes com o homem que amo." Dá gosto ver Cacau, como atriz - e mulher negra -, comandando o espetáculo. "Para a filmagem, tive de me preparar numa unidade dos bombeiros, no Rio. Sofri preconceito. Foi horrível, o caso repercutiu até no exterior."

Como é ser uma rainha da bilheteria e ainda estar sujeita a esse tipo de agressão? "Eu ainda posso estar aqui conversando com você e a história vai sair no jornal, mas os pretos, e as mulheres pretas, são vítimas de preconceito todos os dias. A estatística não mente. Agradeço a Deus por estar fazendo as pessoas rirem, mas a desigualdade, social, de gênero, de raça, é uma coisa que sofremos e ainda precisamos superar no Brasil." A pandemia foi, para ela, um exercício de cidadania. "Tem muita gente desassistida, passando fome nesse Brasil. Ia para rua pedir que as pessoas ajudassem os mais necessitados com alimentos. E todo dia, no Instagram, parava tudo, de tarde, para rezar o terço. Foi uma coisa muito bonita, essa corrente."

Outro dos filmes que ela estreou recentemente - Amarração do Amor - é sobre um casal de jovens que sonha se casar. Ela é de uma tradicional família judaica, ele filho de pai e mãe de santo da umbanda. "Embora católica, tenho o maior respeito por todas as crenças e religiões. A Iafa (Britz), que produziu, talvez seja o maior exemplo de tolerância que já vi. É judia e fez filmes dobre espiritismo (Nosso Lar), catolicismo (Irmã Dulce). É disso que o Brasil precisa - amor e tolerância."

Como é fazer essas mulheres poderosas, sensuais? "Quando a gente faz o que gosta, com amor, não existe pudor. Convivo bem com meu corpo, graças a Deus."

A Rafael Portugal, não poupa elogios. "Esse menino é uma graça. Parecíamos crianças no jardim de infância. Tivemos momentos muito divertidos no set, e o mais interessante é que filmamos muito. Os diretores nos incentivaram a criar, improvisar. Boa parte dessas cenas não está no filme. Quando vimos o filme, Rafael e eu perguntávamos - 'E aquela cena, aquela outra? Onde estão?'."

"É um filme maravilhoso. Tem comédia, tiro, porrada, romance e uma música linda que vai ficar na cabeça do público para sempre. Amei!" E ainda tem a Terezinha, do Vai Que Cola. "Adoro o meu Meyer", esclarece. "Não nasci no Meyer, mas morei lá um tempo. É no subúrbio que se encontra o Brasil verdadeiro, o Brasil real." Quanto ao futuro, é otimista: "As coisas têm de melhorar".

Estadão
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