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'Magnatas do Crime', sobre rei inglês da maconha, estreia nos cinemas brasileiros

Coube ao filme de Guy Ritchie, com Matthew McConaughey, a honra de marcar a reabertura das salas da cidade

14 out 2020 - 05h10
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Coube a Guy Ritchie a honra de marcar a reabertura das salas da cidade com seu novo longa, The Gentlemen. No Brasil, virou Magnatas do Crime. Matthew McConaughey fez fortuna como rei da maconha na Inglaterra, mas, face às previsões de que a droga poderá ser legalizada, e já cansado da atividade, ele quer vender seu império para um concorrente norte-americano. E tudo é contado pela ótica do detetive Fletcher (Hugh Grant), que chantageia o braço direito de Pearson (McConaughey) - Charlie Hunnam. Ritchie adora o submundo.

O diálogo vem de Tarantino, o gosto pela marginalidade, idem. Até ao contar a lenda da espada - a sua versão de Excalibur -, Ritchie fez com que Arthur fosse criado num bordel. Os flash-backs em geral servem para esclarecer o que já passou e os flash-forwards, para antecipar o que está por vir. É a bossa de narrar, por Ritchie. Ninguém se aborrece - ninguém? Magnatas do Crime foi lançado no começo do ano na Inglaterra, antes que a pandemia fechasse as salas.

A crítica caiu matando. Na rede, você não precisa nem ler. Basta fazer uma busca. Ritchie é definido ora como seu pior inimigo, ora como um dos piores diretores do cinema. Já há gente dizendo que daqui a pouco ele conseguirá superar o lendário Ed Wood. É exagero. O público, diferentemente dos críticos, gostou - e Ritchie já prepara a pré-produção de uma série de TV. The Gentlemen (os cavalheiros) - eles não são - vai para a telinha não com mesmo elenco, claro. Hugh Grant resistiu ao tempo tornando-se um ótimo vilão.

Fletcher (Grant), o narrador, chantageia Hunnam com um roteiro sugestivamente chamado de "bush", não em relação aos ex-presidentes - George Bush e George W. Bush -, mas à maconha mesmo. Algumas piadas são racistas, valendo-se do fato de que o antagonista norte-americano de McConaughey é judeu (e aparentemente gay) e os sediados na Inglaterra são asiáticos. Grant chama Dry Eye de 007 "china ou japa" e um personagem negro é despachado como "black cunt", o que é bastante ofensivo, mas o diálogo, na sequência, esclarece que a ofensa é só brincadeira e foi dita com muito amor. Maior cinismo, impossível.

Tem mais. A grande sacada de Magnatas do Crime é esse roteiro que Fletcher recheia de informações para chantagear as pessoas. Como narrador, ele muitas vezes se deixa levar pela imaginação - e Ritchie gosta de mostrar como as coisas aconteceram, ou estão acontecendo, de verdade. Vem daí que Magnatas do Crime é um filme dentro de um filme, mas não seguindo o receituário habitual da metalinguagem.

Veja o trailer de 'Magnatas do Crime':

Estadão
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