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Filme 'O Escândalo' discute objetificação feminina e assédio sexual

Longa fala sobre os casos de abuso que teriam acontecido dentro da Fox News em 2016; ele foi indicado a dois Globos de Ouro e a quatro Sag Awards

13 dez 2019 - 10h44
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LOS ANGELES - O filme O Escândalo (ou Bombshell, no inglês) conta a história de como acusações sobre assédio sexual expuseram e derrubaram o ex-CEO da Fox News Roger Ailes, em uma narrativa que o mostra ao mesmo tempo como ameaça e mentor para as mulheres.

O longa narra como funcionárias da Fox News se juntaram em 2016 para acusar Ailes de assédio, o que desencadeou sua saída da emissora. O executivo, que morreu um ano depois, negava as acusações.

A atriz Charlize Theron, que interpretou a ex-âncora da emissora Megyn Kelly ao mesmo tempo em que também produziu o filme, descreveu o quão difícil foi abordar o assunto.

"Essa história se desdobra muito bem em relação às complexidades de como o assédio sexual realmente se parece, e como ele vive e respira em ambientes bastante diferentes, sobre os quais podemos não necessariamente ter consciência", disse Charlize à Reuters.

Com a presença das atrizes Nicole Kidman e Margot Robbie no elenco, o filme é um dos retratos de maior porte dado por Hollywood ao movimento #MeToo até agora.

A Fox News não comentou sobre o filme, mas disse que nenhum dos envolvidos na obra entrou em contato para conferir sua versão dos eventos de 2016. Representantes de Megyn não retornaram a um pedido por comentários, e os diretores do longa afirmaram que não a procuraram durante sua pesquisa.

Interpretado por John Lithgow, Ailes é retratado como um homem com senso de humor e charme e que atua como um mentor para muitas de suas colegas de trabalho, até mesmo quando pede por favores sexuais. As mulheres, claramente desconfortáveis com seus saltos altos, vestidos justos, cintas modeladoras e sutiãs push-up, lidam de modos diferentes com Ailes ao ponderarem suas ambições, carreiras e vidas pessoais.

"Ao humanizar Roger em alguns níveis, você percebe que o predador não é o cara sentado em seu escritório, enrolando seu bigode. É o mentor que se vira contra você, o colega que, em uma viagem de negócios, se vira contra você", disse o roteirista Charles Randolph.

O filme "pareceu uma ótima forma de atrair a atenção de pessoas - a maioria homens -, que normalmente não prestariam atenção em como isso funciona", acrescentou.

Apesar de ser uma história sobre mulheres, Charlize escolheu um homem, Jay Roach, como diretor. "A razão pela qual ela disse que faríamos isso juntos como homens e mulheres, é que é provavelmente isso que terá de acontecer para ajudar a resolver essas situações", disse Roach. "Isso é sobre todos nós... Precisamos estar juntos nessa luta".

O longa estreia nesta sexta-feira, 13, nos Estados Unidos. No Brasil, a previsão é para 30 de janeiro de 2020.

Filme lidera indicações no SAG Awards

No Globo de Ouro, O Escândalo foi indicado a duas categorias, de melhor atriz em filme de drama para Charlize e de melhor atriz coadjuvante em filme de drama para Margot.

Já na premiação do Sindicato dos Atores dos Estados Unidos - SAG Awards, ele bateu record e foi indicado, ao todo, em quatro categorias, entre elas também a de melhor atriz para Charlize, e a de atriz coadjuvante para Margot e Nicole.

Entre os outros concorrentes ao prêmio de melhor elenco estão o épico da máfia O Irlandês, o drama de época dos anos 1960 Era uma vez em... Hollywood, de Quentin Tarantino, a sátira da era nazista Jojo Rabbit e Parasita, uma sátira social da Coreia do Sul.

O SAG Awards é acompanhado com atenção por servir como termômetro de sucessos prováveis no Oscar, já que os atores formam o maior grupo de eleitores da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood. Os vencedores serão anunciados em uma cerimônia televisionada em Los Angeles, no dia 19 de janeiro.

(Por Lisa Richwine e Jill Serjeant/ Reuters)

Estadão
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