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Filme brasileiro estreia em 190 países, mas não no Brasil

Filme de Matias Mariani foi adquirido pela Netflix depois de boa recepção no Festival de Cinema de Berlim; no Brasil, só chega no fim do ano

29 jul 2020 - 05h11
(atualizado às 07h58)
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A partir desta quarta, 29, mais de 190 países - que compõem a base da Netflix em todo o mundo - começam a assistir a Cidade Pássaro. O filme só vai estar disponível no Brasil no fim do ano. A expectativa é tanto maior pelo desempenho do longa nas praças africanas. "Foi a Netflix África que propôs a compra para distribuição. Infelizmente, quando assinamos o acordo a Ancine ainda não havia ajustado suas normas à era da covid-19", conta o diretor Matias Mariani.

Cidade Pássaro
Cidade Pássaro
Foto: Instagram/@indiranascimento / Reprodução

Contratualmente, Cidade Pássaro tem de estrear em cinema e, quando houve o acordo com a Netflix, a agência ainda não havia começado a trabalhar nessa nova realidade dos cines drive-ins. Alguns filmes brasileiros estão estreando nessa nova janela. "Já existe uma fila muito grande de lançamentos. Vamos ter de esperar pela reabertura das salas e brigar pelo nosso espaço, o que com certeza não será fácil. E, embora o filme esteja entrando no streaming, já temos convite para o Festival de Lagos, na Nigéria."

Mariani conversa pelo telefone da praia de Baleia, onde cumpre isolamento com as filhas de 8 e 4 anos. Cidade Pássaro é sobre um nigeriano que chega a São Paulo em busca do irmão. É o projeto de uma vida. "Começou a surgir quando eu era jovem e estudava no exterior. Vivi esse sentimento de me sentir um estranho, sem vínculo com a comunidade. O filme nasceu com um personagem estrangeiro, só depois ele virou nigeriano."

Enquanto pensava no personagem como estrangeiro, Mariani começou a pesquisar, há sete anos, quando os nigerianos desembarcavam na cidade. Ele começou a se interessar por essa cultura. Com a roteirista Francine Barbosa, deu aulas de português para nigerianos. A questão dos refugiados era sobre independência, sobrevivência. Descobriu a oralidade e musicalidade dos igbos.

Foi assim que surgiu o irmão que procura o outro, e ele é um matemático envolvido com uma máquina que antecipa resultados de jogos. O filme vira uma viagem pelo controle. Mariani nunca pensou em filmar com atores naturais. Teriam de ser profissionais, e dos melhores. Encontrou um no Canadá, outro na Royal Shakespeare Company, em Londres. Chikwwudi Iwuji e OC Ukuje. Cidade Pássaro estreou em Berlim, em fevereiro. Foi lá que ganhou elogios da crítica e chamou a atenção da Netflix.

(o filme ainda não ganhou um trailer oficial)

Estadão
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