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Exposição 'Hitchcock - Bastidores do Suspense' é aberta em SP

Mostra no MIS coloca em foco o trabalho do cineasta por trás das câmeras

12 jul 2018 - 06h11
(atualizado às 14h32)
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Na fachada do MIS, Museu da Imagem e do Som, na Av. Europa, a grande foto do mestre do suspense é emoldurada pelos dizeres - Hitchcock - Bastidores do Suspense. Dentro, como nas portas de cemitérios - Nós que aqui estamos por vós esperamos -, há uma advertência. "Entre por sua conta e risco." Nesta quinta, 12, os primeiros a entrar serão convidados. Mas, a partir de amanhã, o público poderá compartilhar uma exposição sobre Alfred Hitchcock (1899-1980) da qual o curador do evento, também secretário de Cultura do município, destaca a relevância.

Antes de mais nada, André Sturm responde à pergunta que não quer calar - pode o secretário de Cultura de São Paulo ser curador de uma exposição no MIS? "Comecei a trabalhar nesse projeto em 2016, antes de ser secretário. Trabalhei nas minhas folgas, fiz as reuniões fora da secretaria. E não ganhei nada. Fiz pelo bem comum", proclama. "Queria homenagear Alfred Hitchcock porque foi o primeiro grande cineasta a se tornar conhecido do público, a tal ponto que seu nome virou adjetivo, hitchcockiano. Mas também porque foi um precursor de aspectos técnicos e estéticos que até hoje são estudados. Hitchcock preparava minuciosamente seus filmes. Dizia que filmar era passar o roteiro pela câmera. Cada elemento, enquadramento, detalhe tem uma função narrativa."

Ele até tentou trazer uma exposição pronta. Havia uma na Espanha, que alguém visitou e achou fraca. Sturm planejou a "sua" exposição. Selecionou filmes, cenas e com a expertise do Atelier Marko Brajovic, que já trabalhou em outros projetos do MIS, como as exposições de David Bowie, François Truffaut e Renato Russo, planejou os espaços pelos quais o público vai trafegar. São 17 filmes, a começar por Blackmail, Chantagem e Confissão, de 1929. Os mais conhecidos estão todos lá - O Estrangulador de Loiras, A Dama (Mulher) Oculta, as duas versões de O Espião Que Sabia Demais, A Sombra de Uma Dúvida, a parceria com Salvador Dalí, Quando Explode o Coração, Festim Diabólico, Janela Indiscreta, Ladrão de Casaca, O Homem Errado, Intriga Internacional, Os Pássaros, Marnie e, cereja do bolo, Psicose.

Você abre o baú de Festim Diabólico, a corda está pendurada e lá dentro você vê o vídeo do estrangulamento da vítima de Farley Granger e John Dall. Ali está o milharal de Intriga Internacional, e o avião? Surpresa! O fac-símile de uma página do roteiro indica que, por pouco, o filme não se chamou O Homem no Nariz de Lincoln. Teria feito o mesmo sucesso? Difícil. Achando que seria muito complicado filmar no Monte Rushmore, onde estão esculpidas as faces dos presidentes, Hitchcock reproduziu-o em estúdio. A exposição não tem seu (mini) monte, mas tem fotos e fotos decupando as cenas emblemáticas.

Em relação a Psicose, além da fachada do (gótico) Bates Motel, o espaço dedicado ao filme leva o espectador a uma bifurcação - uma via leva a uma atividade em que o público tem de interagir (o chuveiro? Talvez), outra leva à escadaria em que o detetive Arbogast é assassinado. Hitchcock está em toda parte. Em cenas dos filmes, em vídeos.

Na quarta-feira, 11, tudo ainda era um caos porque a exposição ainda estava sendo montada. A seu discípulo, François Truffaut, ele explicou que o suspense não é mistério, nem pregar sustos. O suspense consiste em fornecer certas chaves ao espectador e suprimir outras, de forma a deixá-lo num permanente estado de angústia ou desconforto pelo que poderá ocorrer, até porque tudo isso está sempre relacionado a crimes. O susto pode não ser o objetivo, mas até hoje é quase impossível ver cenas de Psicose - o ataque no chuveiro - sem dar pulos na poltrona.

Nesta sexta-feira, 13, haverá uma maratona Hitchcock no auditório do MIS. A partir das 23h, serão exibidos Os Pássaros, Trama Macabra e O Homem Que Sabia Demais, na versão de 1956. Sorry, mas os ingressos estão esgotados. Mesmo assim, a exposição estará aberta toda a madrugada.

Dia 13 de agosto, data da morte do cineasta, os ingressos serão franqueados. E em setembro, de 4 a 9, haverá uma mostra com 20 filmes.

'Psicose' teve cartas furiosas

1. Na sugestiva galeria de facas. Ontem ela ainda não estava pronta, mas iluminada ficará impressionante. Em muitos filmes do mestre, as pessoas morrem a facadas

2. Outra galeria - copos de leite evocando a cena famosa de Suspeita, de 1941. Surpresa - como no filme, um dos copos vai se iluminar. Como?

3. Nas cartas que Hitchcock recebeu, de espectadores indignados com Psicose

4. Aquele telhado? Evoca Ladrão de Casaca. O cartaz em francês tem o título Le Crime Presque Parfait, O Crime Quase Perfeito

5. E aquela raridade? Um cartaz japonês de Intriga Internacional? A exposição é cheia de cartazes de grandes filmes do cineasta. A cena mais emblemática de Hitchcock. O assassinato na ducha. Mais de 70 posições de câmera para 44 segundos de filme. Não poderia faltar

6. No trenzinho que evoca A Dama Oculta. Dame May Whitty desaparece, como e por quê? Onde está? Adultos e crianças vão adorar o trem de brinquedo

HITCHCOCK

MIS. Av. Europa, 158; 3093-7800. 3ª a 6ª, 10h/21h, sáb., 10h/22h, dom. e fer., 11h/20h. Abre 6ª (13). R$ 6 e R$ 12. Até 21/10

Estadão
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