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Diretor de 'It - A Coisa 2', Andy Muschietti retrata adultos traumatizados

Filme estreia nesta quarta-feira, 4, e mostra futuro dos jovens traumatizados por Pennywise

3 set 2019 - 11h47
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Stephen Edwin King - difícil colocar num só nicho um escritor de ficção-científica, terror, suspense, fantasia. Melhor abrigá-lo sob o amplo guarda-chuva do fantástico. O 'rei' Stephen virou um fenômeno editorial e de bilheterias quando Carrie, a Estranha, estourou na tela, promovendo aquele banho de sangue, nos anos 1970. King ainda não tinha 30 anos. Nasceu em Portland, em 1947. Carrie é de 1976.

O homem é uma máquina de fazer dinheiro. Só de adaptações para cinema (e refilmagens), contam-se mais de 60 títulos, 64 para ser exato. E ainda tem as séries de TV, os telefilmes. Nesta quinta, 5, chega mais um Stephen King aos cinemas. Mais um, não. Um dos grandes. Depois que It - A Coisa estourou há dois anos, era inevitável, do ponto de vista da indústria, que o diretor Andy Muschietti fosse cooptado para fazer uma sequência para a história dos pré-adolescentes que enfrentavam aquela entidade maligna em forma de palhaço, Pennywise.

Em 1990, Tommy Lee Wallace havia feito a primeira versão, com Tim Curry no papel do palhaço. No Brasil, chamou-se Uma Obra-Prima de Terror, mas não era. Há dois anos, foi. Muschietti, que não é fraco, conseguiu se superar. It - A Coisa 2 é melhor ainda, embora essa seja uma afirmação sujeita a controvérsia.

"Soy Andrés, com mucho gusto." Alto, simpático, com pinta de galã, o argentino de Buenos Aires, de 46 anos, esteve em São Paulo com a irmã produtora para promover seu filme. Andrés ganhou projeção internacional com um curta de três minutos que transformou em longa, Mamá. Foi parar em Hollywood, cooptado pelo cinemão. Se Mamá já era eficiente na arte de provocar o medo, era natural que 'Andy' chegasse a Stephen King.

Passaram-se muitos anos na ficção de 2017 e os garotos e garotas de It - A Coisa viram adultos traumatizados pela experiências juvenil. O ex-gordo que sofria bullyng virou um cara inseguro, Beverly apanha do marido, tem o enrustido que não saiu do armário. Formam um compêndio de neuroses e o diretor conta com atores talentosos como James McAvoy e Jessica Chastain para lhes dar vida na tela. "Não queria fazer desses personagens adultos uma síntese dos problemas do mundo, mas queria que fossem verossímeis e que o público se interessasse por eles, de verdade." A própria cidade de Derry, onde os fatos se deram, no passado, faz parte dessa integração realista. Existe uma Derry de verdade?

"Não conseguimos encontrar nossa Derry ideal, mas, como era importante filmar em locações, para capturar a atmosfera, pegamos as igrejas de uma cidade, a rua principal de outra e a ponte de uma terceira. A fantasia do cinema nos permite criar uma unidade de tempo e espaço, e foi o que fizemos." Mais impressionante, os jovens permanecem exatamente iguais nas cenas em flashback. Elas já haviam sido filmadas há dois, três anos, prevendo uma eventual continuação? Afinal, jovens em fase de crescimento mudam de um dia para outro, quanto mais ao longo de dois anos. "Não, não havíamos filmasdo cenas de reserva nem estamos repetindo cenas do outro filme. Foi feito um trabalho muito apurado de pós-produção para manter a garotada sempre jovem. Saiu caro, mas, como você pode constatar, perfeito."

O repórter aponta o cartaz. Bill Skarsgaard e seu sorriso maligno. Os personagens são todos individualizados e psicologizados, mas Pennywise permanece um enigma. Um mito, o mal. "Bill superou nosasas mais otimistas expectativas", avalia o diretor. "Ele usava uma prótese de borracha na testa, tinha outra na boca e com todas essas limitações o que consegue fazer com os olhos e o sorriso é verdadeiramente assustador."

Numa cena, na marquise do cinema, apárece um título - Nightmare On Elm Street, A Hora do Pesadelo. Outra saga assombrada por um personasgem - não de Stephen King - que irrompia, destruidor, dos sonhos de crianças e adolescentes. Freddy Kruger, com sua cara derretida e as unhas afiadas. A Hora do Pesadelo está lá para situar a época, os anos 1980?

"Um pouco, sim, mas também se trata de uma homenagem a um terror que mexeu muito com nosso imaginário. Foram filmes como aquele que despertaram em Barbara e em mim o desejo de fazermos cinema. Há uma grande tradição no cinema que consiste em jogar com as emoções do público, construindo o medo. O cinema é contemporâneo da interpretação dos sonhos, de Freud. Não podemos esquecer disso. Filmes podem ser muito complexos, depende do espectador. Gostaríamos que os nossos fossem, ajudando as pessoas a olharem para o próprio interior, encarando seus medos." Andy, ou Andrés, traz para o cinema mundial outra faceta do cinema argentino. O gênero. Uma obra-prima do medo? Muito provavelmernter, e com base na obra de um especialista, Stephen King.

Estadão
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