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Denzel Washington, Rami Malek e Jared Leto se enfrentam em 'Os Pequenos Vestígios'

Longa, que estreia nos cinemas brasileiros no dia 28, é um drama policial ambientado em 1990 e que mistura obsessão e aplicação da lei

21 jan 2021 - 10h10
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Denzel Washington interpretou alguns policiais icônicos ao longo dos anos, mas não fica preso a esse detalhe - para ele, o que interessa é o roteiro.

Então, quando John Lee Hancock apresentou Os Pequenos Vestígios, um drama policial ambientado em 1990 e que mistura obsessão e aplicação da lei, ele ficou intrigado. O papel era para representar o delegado adjunto Joe Deacon, que abandonou seu cargo depois de um caso exaustivo, mas retornou em seguida para ajudar no caça de um novo serial killer.

"Existe um velho ditado, no cinema e na Broadway, que diz : 'Se não está escrito, não será bem encenado'", disse Washington, referindo-se à importância de um bom roteiro. "E isso estava escrito." Foi então que Hancock informou quem interpretaria os outros papéis: Rami Malek na pele de seu colega, o Sargento Jim Baxter, e Jared Leto como o Albert Sparma, o homem solitário que é certamente suspeito, mas talvez não tão culpado.

"Eu disse, OK, me deixa reler o roteiro", riu Washington. "Não foi nada difícil para mim. É como se dissesse apenas, 'OK, quando começamos?'"

Os Pequenos Vestígios, que estreia nos cinemas brasileiros no dia 28, oferece um dos primeiros grandes papéis de Malek após a enxurrada de prêmios que recebeu por Bohemian Rhapsody, filme que, de uma certa forma, possibilitou que ele conhecesse Denzel Washington.

"Denzel e eu nos conhecemos na cerimônia de entrega do Globo de Ouro no ano de Bohemian Rhapsody (2019). Ele concorria pelo papel de John David, em Infiltrado na Klan, e de repente eu me peguei olhando para ele por um instante. Denzel retribuiu e olhou nos meus olhos ... Percebi que ele estava se levantando e pensei: 'Bem, é melhor você se levantar e se mover mais rapidamente em direção a ele'", disse Malek. "Logo depois disso, descobri que Denzel e John Lee já pensavam em me oferecer o papel."

A equação era bastante simples: quando Denzel Washington quer você para um filme, você diz que sim. Hancock acreditava que Washington e Malek formariam uma "estranha dupla". "Nenhum deles se parece com um camarada com quem você iria a um bar assistir à uma partida de esporte", disse Hancock. "Achei que isso realmente beneficiaria o filme."

O improvável trio também tinha estilos totalmente diferentes. Washington manteve uma conversa quase constante com Hancock desde o momento em que foi escalado, dissecando o personagem, as escolhas (até se ele precisava ou não usar um casaco em uma determinada cena) e o roteiro. Leto, por outro lado, ficou longe de seus colegas de elenco até a filmagem. Não que não estivesse levando a sério, mas ele é um ator metódico e queria conhecê-los já com os figurinos e personificados em seus personagens.

"Não dá para chegar sem preparo em um set como esse", disse Leto, que considera Washington um de seus heróis pessoais. Hancock adorou a energia que isso trouxe para o primeiro encontro entre eles diante das câmeras. "Era como se estivessem descobrindo um ao outro, as vibrações. Era algo elétrico porque ambos não tinham estado juntos em uma sala, tampouco eram amigos", disse o cineasta. "Eram Albert Sparma e Joe Deacon, enfim." Washington concordou e gostou de manter acesa aquela chama. "No final do dia, ainda estávamos dentro dos papéis", acrescentou.

Embora Malek possa ter quase 40 anos e Leto esteja próximo dos 50, Washington, aos 66, refere-se a eles como jovens atores, membros da "próxima geração". E ele estava tão animado para observar os dois trabalhando quanto a dupla estava disposta a atuar ao seu lado. Durante uma cena, em que o personagem de Malek está interrogando o de Leto, Washington decidiu se sentar atrás da câmera e assistir.

"Gostaria de ter trazido um pouco de pipoca!", brincou Washington. "Era como se estivesse assistindo a uma luta de boxe."

Sua dedicação, que incluiu ganhar e perder 18 quilos, surpreendeu Malek. "Gostei muito de saber que ele estava lá, assistindo", comentou. "Ficamos mais animados depois daquela cena em particular. Éramos, naquele momento, o trio de algo especial."

Hancock comentou que não pretendia guiar os três atores, mas deixá-los livres. Todos, observou o diretor, trouxeram seu melhor método de atuação, mesmo que os caminhos para atingir o objetivo fossem diferentes.

Washington, tal qual um boxeador de longa data, adota a lógica de que "você precisa estar sempre pronto para não ter que se preparar". Ele tinha certeza de que poderia confiar em seus colegas de elenco para fazer o mesmo, no que seria uma filmagem difícil e rápida.

"São vencedores do Oscar como eu. Somos todos os três campeões mundiais, por assim dizer. Então, é como entrar em um ringue com dois campeões mundiais", disse Washington. "Isso te deixa ligado."

Os Pequenos Vestígios representa o final de um longo capítulo para Hancock, que escreveu o roteiro em 1993. Era um texto com tom popular, mas nunca decolou por vários motivos. Steven Spielberg, Warren Beatty e Danny DeVito foram apenas alguns dos grandes nomes que se viram inclinados a dirigir o longa, ao longo dos anos.

Até que o produtor de Hancock voltou ao assunto novamente alguns anos atrás. Foi no momento em que Hancock já era um diretor comercial estabelecido, com créditos como Um Sonho Possível, The Rookie e Walt nos Bastidores de Mary Poppins. Assim, todos concordaram que era o momento certo para tentar novamente. Embora o que antes era uma visão sobre uma mudança no policiamento, 25 anos depois é agora um filme de época.

"Teríamos economizado muito dinheiro se o adaptássemos para o momento atual", diverte-se Hancock. "Mas gostei da ideia de que isso tem um DNA de antes de 1990. As investigações eram mais difíceis. Tudo era mais complicado. Você precisava ter montes de moedas para usar em telefones públicos."

E, em seu cerne, o filme é um riff original de uma fórmula bem usada, que manterá o espectador em dúvida até o fim. "Eu queria que se parecesse com um filme de gênero até você perceber que não é sobre isso", disse Hancock. "Em vez de oferecer pistas que levam a uma resolução, a trama mantém um mistério."

Estadão
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