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Com 57 documentários musicais, In-Edit Brasil luta para seguir contando histórias

O 11º Festival In-Edit Brasil conta histórias da música pela trajetória das gravadoras Blue Note, Trojan e Deckdisc; outros filmes falam de personagens como Alceu Valença, Edy Star e Michael Caine

10 jun 2019 - 03h10
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Uma maneira de acompanhar, analisar e recontar a história da música é lembrar a trajetória das suas gravadoras. A 11.ª edição do In-Edit Brasil, festival de documentários musicais que começa na quarta-feira, 12, vai por esse caminho ao reunir na sua programação três filmes sobre empresas de música que souberam caminhar por ritmos e geografias diversos para lançar artistas muito diferentes entre si, mas que chegaram aos ouvidos e corações de muita gente.

Um deles é o filme brasileiro Tudo Pela Música - Os 20 Anos da Deck, de Daniel Ferro. A gravadora independente fundada por João Augusto em 1998 completou 20 anos e tem no seu catálogo um currículo tão extenso quanto diverso: Falamansa, Revelação, João Donato, Alceu Valença, Black Alien, Vanguart e Pitty são apenas alguns dos nomes que definem a história da Deck - e embora o filme conte como a gravadora reuniu e trabalhou com esses artistas, seu tema principal é, na verdade, a relação familiar que definiu a empresa desde o início. Além de João Augusto, sua mulher, Monica Ramos, e o filho, o produtor Rafael Ramos, têm papel fundamental no que a Deck se tornou.

"Essa viagem com a Deck me mostrou que a fraternidade com o artista pode existir mesmo num ambiente de negócios", diz o diretor, sobre os 18 meses em que trabalhou no filme, coletando dezenas de depoimentos de artistas, produtores, jornalistas e empresários da indústria. "Ver o amor e o carinho da família, como eles se estruturaram ao longo dos anos, foi uma grande viagem astral e transformou o trabalho", garante - numa nota pessoal, ele conta que virou pai no mesmo dia em que entrevistou João Augusto para o filme.

Tudo Pela Música será exibido no CineSesc (19/6, 21h15), na Cinemateca (20/6, 17h), e no Spcine Olido (23/6, 14h).

Outro filme que conta a história de uma gravadora é Blue Note: It Must Schwing, de Eric Friedler e produzido por Win Wenders. O documentário conta a saga de Alfred Lion e Francis Wolff, amigos de infância na Alemanha que saem do país com a perseguição nazista nos anos 1930 rumo a Nova York - o jazz já era uma paixão para ambos na Europa, e por meio de depoimentos novos de artistas como Herbie Hancock e Wayne Shorter, produtores e jornalistas, o filme conta como chegar ao país do jazz e encontrar um ambiente pouco estruturado surpreendeu especialmente Lion, que chegou antes.

A Blue Note Records, fundada em 1939, começou a ganhar tração após uma gravação comovente de Summertime por Sidney Bechet. "A Blue Note mudou a face da música", diz o saxofonista Lou Donaldson no filme, que será exibido no CineSesc (13/6, 19h) e na Cinemateca (15/6, 18h).

Rudeboy: The Story of Trojan Records, de Nicolas Jack Davies, caminha entre o documentário e a recriação cinematográfica para entrelaçar a história da Trojan Records com a da classe trabalhadora britânica nos anos 1960 - num caldeirão de ritmos jamaicanos de nomes como Lee "Scratch" Perry, Toots & The Maytals e Desmond Dekker. São três exibições: Spcine Olido (13/6, 19h), CineSesc (16/6, 15h) e Cinemateca (22/6, 16h).

O In-Edit Brasil ocorre até o dia 23 de junho e são 57 documentários, brasileiros e de fora, a maioria deles inéditos, sobre diversos assuntos relacionados ao universo musical. Nação Zumbi, Pin Ups, Banda de Pífanos de Caruaru e outras atrações também estão confirmadas para o festival. A junção de música ao vivo e cinema é um fator que anima o diretor artístico do festival, Marcelo Aliche, em meio a dificuldades que eventos como o In-Edit passaram a enfrentar desde o início do ano com as mudanças nas diretrizes do governo federal para patrocínios culturais.

"Olha, está uma m...", admite Aliche, por telefone, quando questionado sobre o assunto. "Entramos em campo bem desfalcados. Mas conseguimos apoios." Ele ainda adianta que as previsões não são as melhores para o ano que vem. "Parece que nós (a indústria da cultura) somos inimigos do governo. A gente é toda uma indústria e somos tratados como se não fôssemos bem-vindos. Em 2020, não sabemos como vai ser."

Destaques do 11.º In-Edit Brasil

My Generation

Dir.: David Batty (Reino Unido). Michael Caine narra em primeira pessoa a revolução cultura na Inglaterra dos anos 1960. CineSesc (12/6, 20h30, abertura do festival, e 16/6, 21h15) e Cinemateca Brasileira (20/6, 20h)

Alceu Valença - Na Embolada do Tempo

Dir.: Paola Vieira (Brasil). O próprio cantor revisita toda sua trajetória musical com uma profusão de imagens de arquivo. CineSesc (14/6, 21h15, debate com a diretora e o músico), Spcine Olido (15/6, 19h) e Spcine Lima Barreto (CCSP, 19/6, 16h)

Curta um Som - 4

Três curtas: FYA - Um Filme Remix Sobre o Dancehall da Quebrada, de Guilherme Nasser, Novos Goianos, de Isaac Brum Souza, e Rádio S.Amb.A.Doc, de André Almeida. Cine Matilha (15/6, 20h) e Spcine Lima Barreto (CCSP, 21/6, 18h)

Eletronica:Mentes

Dir.: Dacio Pinheiro (Brasil). Uma história da música eletrônica no País, dos pioneiros Jocy de Oliveira e Jorge Antunes aos dias de hoje. Spcine Olido (16/6, 16h), Z Largo da Batata (18/6, 21h) e Cine Matilha (20/6, 20h)

Antes que me Esqueçam, meu nome é Edy Star

Dir.: Fernando Moraes (Brasil). A história do cantor, ator, dançarino e artista plástico, bem como novas gravações suas sob a direção musical de Zeca Baleiro. CineSesc (16/6, 17h), Spcine Lima Barreto (CCSP, 18/6, 18h) e Spcine Olido (21/6, 19h)

The King

Dir.: Eugene Jarecki (EUA e Alemanha). Filme que estreou no Festival de Cannes segue uma road trip pelos EUA a bordo do Rolls Royce de Elvis Presley, metáfora e questionamento do sonho americano. CineSesc (14/6, 19h) e Spcine Olido (23/6, 16h)

Veja os trailers dos filmes sobre as gravadoras:

Estadão
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