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The Walking Dead: A falta de ideias é o mais terrível dos zumbis (Crítica da oitava temporada)

Um fim frio para uma temporada morna.

16 abr 2018 - 12h17
(atualizado às 12h38)
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Nota: 2,0 / 5,0

Foto: AMC Studios / AdoroCinema

Uma série de constantes quedas de audiência somadas por dois anos fizeram do arco mais promissor de The Walking Dead (tendo em vista o favoritismo da sua contraparte nos quadrinhos) ser na verdade o mais torturante. E não no "bom sentido" — aquele tipo de "tortura sentimental" que faz o público sofrer junto porque torce pelos personagens ficarem bem mesmo quando tudo sai contra seus objetivos. Não, é torturante porque depois de dois ou três (ou cinco, ou dez…) episódios que pouco ou quase nada avançam na história (a maçantes passos de tartaruga, aliás), você eventualmente vai começar a questionar as decisões o fizeram chegar até ali.

Mas The Walking Dead não estaria no ar por oito anos (e caminhando para o nono) se não tivesse lá seus charmes e seus pontos positivos. Eles estão mais difíceis de encontrar a cada ano que passa e a cada personagem que se despede, mas o ponto forte da série nunca foram exatamente os "caminhantes", e sim a metáfora de uma vida em sociedade e no que ela pode se transformar com a ausência de leis. É uma ideia potente, mas que vem sendo desperdiçada a cada diálogo raso e a cada vilão ou mocinho caricaturado a extremos óbvios.

A oitava temporada de The Walking Dead, apesar de bem-intencionada, passou longe de ser um dos momentos mais brilhantes da série. Episódios inteiros desperdiçaram chances óbvias de encerrar a guerra a troco de ganchos bobos e tentativas frustradas de se aprofundar determinados personagens que, no fim das contas, continuaram sendo apenas figurantes na batalha de egos entre Rick (Andrew Lincoln) e Negan (Jeffrey Dean Morgan). A constante mudança de personalidades e tomadas de decisões de Daryl (Norman Reedus) e Jesus (Tom Payne), e a insistência com Os Catadores e Oceanside, só fizeram a trama girar em círculos.

The Walking Dead S08E16: O fim da guerra

Entre todas as promessas de que este ano seria "de partir o coração", o único momento que de fato entregou emoção foi a morte de Carl (Chandler Riggs) e ainda assim a decisão de eliminar o personagem foi bastante questionada, visto que sua importância nas HQs fica cada vez maior no futuro. A impressão é que a morte do personagem foi uma "saída rápida" para imprimir algo devastador e surpreender o público, já entregue ao marasmo. O "choque pelo choque", apesar de ter influenciado na forma como Rick encerrou a guerra, era realmente desnecessário. Precisava Carl morrer para que seu pai enfim o ouvisse? Sério mesmo?

No fim das contas, a previsibilidade tomou conta totalmente do roteiro. O foco exaustivo em Eugene (Josh McDermitt) — e a insistência em mantê-lo vivo —, a 'redenção' de Negan com Rick o tendo poupado, e a simplicidade com que tudo chegou ao fim sem nada tão diferente do que os planos que Rick havia bolado anteriormente de fato colocam em cheque a decisão de dedicar 16 episódios a esta segunda parte da guerra. É como se, ao alcançar o posto que ocupa hoje de "sensação da TV" e "grande fonte de lucro para as suas produtoras", a série simplesmente parou de tentar inovar e seguiu no piloto automático.

Mas as recém-anunciadas mudanças (como o crossover com Fear the Walking Dead e a mudança de showrunner para a nona temporada) deixam uma ponta de esperança de que a série melhore quando retornar no fim do ano. De preferência, com personagens que tenham mais dimensões do que uma folha de papel.

AdoroCinema
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