PUBLICIDADE

Pantera Negra: Você sabia que Wesley Snipes quase fez um filme do herói nos anos 90?

Personagem vai ganhar sua primeira versão solo nas telonas na próxima quinta-feira.

13 fev 2018 - 13h43
(atualizado em 14/2/2018 às 12h52)
Compartilhar
Exibir comentários

Antes de Chadwick Boseman assumir o papel de Pantera Negra, Wesley Snipes pensou em vestir o traje do super-herói da Marvel. Você sabia disso?

Foto: AdoroCinema / AdoroCinema

Eram os anos 1990 e Snipes estava com a carreira em ascensão com Passageiro 57, Sol Nascente e O Demolidor. A Marvel estava mal das pernas, lançando filmes fracassados como Howard, O Super-herói; O Justiceiro de Dolph Lundgren, e O Quarteto Fantástico de 1994, que nunca viu a luz do sol. Enquanto isso, sua concorrente, a Warner Bros., prosperava com produções da DC Comics, entre elas, a franquia do Superman, estrelada por Christopher Reeve, e o Batman de Tim Burton.

Conversando com o The Hollywood Reporter, Wesley Snipes revelou detalhes sobre como quase interpretou T'Challa, o Rei de Wakanda, detentor dos poderes do Pantera Negra. E comentou por que o filme do personagem nunca chegou a se concretizar, apesar de seus esforços e visão ambiciosa, que muito refletia o que o personagem se tornou.

Snipes como T'Challa

A ideia surgiu quando Snipes e seu então agente, Doug Robertson, foram abordados pela Marvel para o projeto. "Acho que Pantera Negra falou comigo porque ele era nobre, e era a antítese dos estereótipos apresentados e retratados sobre os africanos, a história africana e os grandes reinos da África", disse Snipes. "Tinha significado cultural, significado social. Era algo que a comunidade negra e a comunidade branca não tinham visto antes."

Nem é preciso dizer que o ator foi fisgado na hora, não é mesmo?

O que ele queria trazer para o herói

Mais do que seu próximo filme em uma lista de sucessos, Snipes via Pantera Negra como um movimento cultural. Afinal, criado em 1966 por Stan Lee e Jack Kirby, Pantera Negra revolucionou como o primeiro super-herói africano nos quadrinhos tradicionais.

"Muitas pessoas não sabem que houve períodos fantásticos e gloriosos de impérios africanos e realeza africana — Mansa Musa [líder do Império do Mali da África Ocidental] e alguns dos homens mais ricos do mundo em comparação com a riqueza de hoje", Snipes explicou. "Isso sempre foi muito, muito atraente. E adorei a idéia da tecnologia avançada. Achei que era um pensamento muito avançado."

O rei e protetor de Wakanda, poderoso e badass, tinha tudo: força-física, inteligência, riqueza e tecnologias avançadas.

"Pantera Negra é um personagem icônico com o qual grande parte do mundo não estava familiarizado e as comunidades nas quais eu cresci adorariam", afirmou Snipes. "Olhe, desde os dias de William Marshall interpretando Blacula, o Vampiro Negro nos anos 1970 e no fervor que você encontrava dentro das comunidades negra e hispânica, nunca passou pela minha cabeça que o público não apoiaria isso".

Blacula.

Divergência de opiniões

Stan Lee aprovava o projeto Pantera Negra estrelado por Snipes na época. Mas nem todo mundo estava na mesma página que ele.

O ator queria fazer uma produção sobre o super-herói, mas os que não conheciam o personagem acreditavam que Snipes queria estrelar um filme sobre os revolucionários dos direitos civis dos anos 1960. "Eles acham que queremos sair com uma boina e roupas pretas e depois fazer um filme", ele afirmou, exausto.

Ainda assim, a produção foi para frente. Wesley Snipes acrescentou que eles passaram por cerca de três roteiros diferentes e potenciais diretores, incluindo Mario Van Peebles (New Jack City - A Gangue Brutal, Empire) e John Singleton (Os Donos da Rua, + Velozes + Furiosos), com quem o ator teve uma reunião.

"Eu falei para ele sobre minha visão do filme estar mais perto do que você vê agora: todo o mundo da África sendo uma sociedade oculta, altamente tecnologicamente avançada, coberta por um campo de força, Vibranium", começou o Snipes. "John ficou, tipo, 'Não! Ha! Ha! Veja, ele tem o espírito da Pantera Negra, mas ele está tentando fazer com que seu filho se una à organização [dos ativistas de direitos civis]. E ele e seu filho têm um problema, e eles têm alguma briga porque ele está tentando ser politicamente correto e o filho quer agir estupidamente'."

Rindo, Snipes continuou: "Em última instância, John queria levar o personagem e colocá-lo no movimento dos direitos civis. E eu fiquei como: 'Cara! Onde estão os brinquedos?! Eles são altamente tecnológicos, e será fantástico ver a África sob essa luz oposta à forma como a África é tipicamente retratada'. Eu queria ver a glória e a beleza da África. A joia da África. [...] Eu amo John, mas estou tão feliz por não termos ido por esse caminho, porque essa teria sido a coisa errada para um projeto tão rico".

Outro roteirista tinha uma outra ideia, que chamou a atenção do então editor-chefe da Marvel, Tom DeFalco. Terry Hayes (Mad Max 2 - A Caçada Continua) lançara esse incrível esboço de um filme que começava com uma batalha em Wakanda, com o bebê T'Challa sendo colocado em uma cesta em um rio para ser salvo. Anos depois, T'Challa já é um homem adulto que vive em outro lugar, seguindo com sua vida. De repente, ele é atacado em um elevador em uma cena de luta elaboradamente coreografada — e a história continua a partir daí.

Os problemas que fizeram Snipes desistir do projeto

Entretanto, apesar dos esforços de Snipes e DeFalco, o projeto foi paralisado. "No fim, não conseguimos encontrar a combinação certa de roteiro e diretor e também, na época, estávamos tão à frente no pensamento que a tecnologia não existia para fazer o que eles já tinham criado nos quadrinhos", comentou Snipes.

Sem contar que, além das divergências criativas, Snipes sofria com a ideia do figurino do Pantera Negra.

"Pensei que seria um collant", afirmou ele. "Um collant com talvez algumas pequenas orelhas de gato sobre ele. Eu teria que estar em forma e apenas encorpar. Eu nunca imaginei nada mais do que um collant no momento, com o qual eu não teria problemas porque comecei como dançarino."

Se não tem Pantera, caça com Vampiro

Wesley Snipes não desistiu do mundo dos heróis. Ao invés de abaixar a cabeça, o ator pegou o que aprendeu em Pantera Negra e aplicou no seu próximo projeto de super-herói: Blade, o Caçador de Vampiros.

Snipes como Blade.

Inspirado no personagem do caçador de vampiros criado em julho de 1973 por Marv Wolfman e Gene Colan, Blade se tornaria um dos primeiros filmes de sucesso baseado em uma propriedade da Marvel, dando à empresa uma vitória tão necessária que a afastou de uma possível falência. Blade ganhou US$ 131 milhões em todo o mundo para o New Line Cinema e gerou duas sequências, ajudando a abrir caminho para outros hits da Marvel X-Men - O Filme (2000), pela Fox, e Homem-Aranha (2002), pela Sony.

O novo Pantera Negra

Apesar de não ter conseguido sua chance de interpretar T'Challa, Wesley Snipes é mais do que a favor do filme estrelado por Chadwick Boseman.

"Mesmo que eu não faça parte desse projeto particular, eu o apoio em 1000%, e estou absolutamente convencido de que será um catalisador para a mudança e abrirá outras portas e outras oportunidades", afirmou Snipes. "E nós precisamos desse tipo de diversidade e sabor diferente agora. [Boseman] é um ator jovem e talentoso, e acho que vai fazer [o personagem] próprio dele. Espero que eles lhe deem uma ótima oportunidade para realmente entrar na plenitude do personagem".

Pantera Negra (2018).

Já sobre voltar às origens de super-herói, Snipes continua disposto:

"Estou muito aberto a todas as possibilidades. Se Blade 4 vier, essa é uma conversa que podemos ter. E há outros personagens no universo Marvel que, se quiserem me convidar para brincar, também estou pensando nisso. Acho que os fãs têm fome para eu revisar o personagem Blade, de modo que poderia limitar onde eles me colocariam como outro personagem nesse universo."

Pantera Negra, nova produção do Universo Cinematográfico Marvel, dirigido por Ryan Coogler, tem estreia marcada para o dia 15 de fevereiro.

AdoroCinema
Compartilhar
Publicidade
Publicidade