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Oscar 2017: Indicação de Casey Affleck causa controvérsia por envolvimento em caso de abuso sexual

Ator de Manchester À Beira Mar está sendo comparado à Nate Parker, de O Nascimento de uma Nação: dois pesos e duas medidas?

25 jan 2017 - 16h46
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Vencedor de mais de 40 prêmios por sua atuação em Manchester à Beira-Mar — incluindo Globo de Ouro —, Casey Affleck é o favorito para levar também a estatueta do Oscar de Melhor Ator.

Foto: Mike Coppola / Getty Images / AdoroCinema

Entretanto, a indicação do ator à premiação está repercutindo negativamente. Isso porque dois processos de abuso sexual de 2010 envolvendo o irmão de Ben Affleck ressurgiram recentemente.

A produtora Amanda White e a diretora de fotografia Magdalena Gorka processaram Casey Affleck por ofensas e abusos, pedindo US$ 2 milhões e US$ 2,25 milhões, respectivamente. As duas trabalharam com ele na produção Eu Ainda Estou Aqui — falso documentário estrelado por Joaquin Phoenix e Affleck, que também dirigiu o longa.

White alegou que Affleck se referiu às mulheres como "vacas", a agarrou quando ela o rejeitou e mostrou suas genitálias para ela através de um equipamento de filmagem. Já Gorka afirma que o tratamento recebido pelo diretor foi "o mais traumarizante de sua carreira", pois enfrentou uma "barreira quase diária de comentários sexuais, insinuações e avanços indesejáveis" de Affleck e membros da equipe dele.

Na época, os processos foram resolvidos fora do tribunal por valores não revelados. Entretanto, o caso retornou aos holofotes graças à crescente atenção que Casey tem recebido.

Casey Affleck filma Joaquin Phoenix em Eu Ainda Estou Aqui.

A atriz americana Constance Wu ( Fresh Off The Boat), que cada vez tem ganhado voz sobre questões de diversidade em Hollywood, foi uma das personalidades que criticou a indicação do ator, escrevendo no Twitter: "Homens que assediam sexualmente mulheres 4 OSCAR! Porque boa atuação e desempenho importam mais do que humanidade e integridade!" e "Meninos! COMPREM sua saída do problema fora do tribunal. Basta fazer um bom trabalho de atuação, isso é tudo que importa. Porque arte não é sobre humanidade, certo?".

O caso de Affleck também trouxe à tona a controvérsia em torno das alegações de estupro de Nate Parker, diretor, roteirista e ator de O Nascimento de uma Nação.

Nate Parker divulgando O Nascimento de uma Nação.

O filme de Parker foi vencedor do Festival de Sundance em 2016 e era um dos favoritos para o Oscar, mas não recebeu uma indicação sequer. Em agosto do ano passado, alguns membros votantes da Academia resolveram boicotar a produção por causa de um suposto estupro cometido pelo diretor e pelo corroteirista do filme, levando ao suicídio da vítima; enquanto a própria Presidente da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas defendeu o filme, afirmando que "precisava ser visto".

Diante da comparação, o  New York Times questiona porque Casey Affleck não enfrentou o mesmo tratamento que Nate Parker em Hollywood. Dois pesos e duas medidas?

Affleck conseguiu fugir do exame minucioso das alegações, afirmando ao New York Times em novembro: "Foi resolvido para a satisfação de todos. Eu fiquei magoado e chateado — estou certo de que todos ficaram — mas eu superei."

Casey Affleck e seu Globo de Ouro.

É possível compreender que as acusações contra Parker são mais sérias, visto que ele foi acusado de cometer um crime, enquanto Affleck enfrentou alegações de ofensa civil. Sem contar que Parker não demonstrou arrependimento em declarações e entrevistas seguintes à controvérsia.

Porém, segundo o Independent, alguns comentaristas da mídia sugerem que Casey Affleck está sendo "protegido" de ser contabilizado pelo o que fez por causa do nome de sua família, sua influência em Hollywood e seu privilégio como homem branco rico.

Manchester à Beira-Mar está em cartaz nos cinemas.

AdoroCinema
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