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Dia das Crianças: Cinco bebês incomuns ou bizarros da história do cinema

Olha quem está falando novamente.

12 out 2018 - 11h03
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Virou tradição nas redes sociais: sempre que o Dia das Crianças se aproxima, alguns usuários embarcam em uma jornada pela trilha da nostalgia e usam fotos da infância em seus avatares. Até o AdoroCinema já entrou nessa brincadeira. A ação mostra que sempre vale a pena revisitar o passado e recordar com carinho de tempos pueris.

Foto: AdoroCinema / AdoroCinema

Inspirados pela data comemorativa deste dia 12 de outubro, decidimos olhar para trás na sétima arte e reunimos nesta matéria especial alguns dos bebês mais marcantes do cinema em todos tempos. Só que só aqueles bebês marcantes por motivos, digamos, heterodoxos.

Em outras palavras, não vamos tratar de crianças adoráveis como a que foi criada por um grupo de marmanjos em Três Solteirões e Um Bebê, dos bebês tagarelas de Olha Quem Está Falando ou da fofa criança aterrorizada por David Bowie em Labirinto - A Magia do Tempo.

Desta vez vamos tratar de alguns dos bebês mais incomuns, para não dizer bizarros, do cinema em todos os tempos.

2001: Uma Odisseia no Espaço

Junto com produções como Persona e O Ano Passado em Marienbad, a clássica ficção científica de Stanley Kubrick é uma das produções que mais exigiu esforço interpretativo dos espectadores, além de décadas de teses, teorias e artigos escritos por estudiosos de múltiplas áreas do saber. Embora o próprio Kubrick sempre tenha deixado o filme aberto a interpretações, o desfecho da jornada pelo universo do astronauta Dr. David Bowman na investigação dos mistérios do monólito alienígena sempre rendeu muitas análises. Depois depois de passar pelo vórtex multicolor e viajar pelos mais distintos rincões do universo, o personagem encontra várias versões de si mesmo em um quarto até que, ao se deparar com o monólito, se torna um feto envolto por uma órbita de luz que fita com um olhar enigmático, quase esotérico, a Terra.

A Star Child, ou Criança das Estrelas, é uma das figuras mais impactantes de um filme cheio de construções visuais potentes. A figura do feto é inspirada pelo trabalho do fotógrafo científico Lennart Nilsson. Existem muitas interpretações para a figura. Uma delas indica que o filme trata da busca do Homem por Deus. Neste contexto seria a Star Child uma espécie de criatura regenerada pelo contato divino? Há também quem pense no longa-metragem como uma grande alegoria para o processo de concepção, como um comentário sobre a condição humana envolvendo a dualidade entre nascimento e morte. A maneira como o bebê olha para a Terra também indica uma aura de sabedoria e conhecimento, como no final dos grandes mitos, quando o herói retorna para sua terra-natal após sua odisséia. Tudo isso também se alinha com as ideias de Nietzche sobre o potencial da humanidade que o filósofo aborda em Assim Falou Zaratustra, sendo o feto o proto-Übermensch, aquilo que está além do homem, o super-homem.

O Curioso Caso de Benjamin Button

David Fincher ofereceu um brilhante ponto fora da curva de sua carreira marcada por suspenses violentos ao imergir no universo do romance fantástico de O Curioso Caso de Benjamin Button, um raro filme onde o mesmo personagem é um bebê no começo e no final da vida. Inspirado em um conto do autor F. Scott Fitzgerald, o filme trata de como a essencial dimensão do tempo pode ser compreendida na experiência de uma vida. A obra questiona o ciclo comum de uma trajetória "normal" quando a cronologia de uma vida humana segue um rumo reverso.

Tudo começa em 1918, quando um bebê nasce com a aparência física e a saúde debilitada de um idoso. Um dos grandes trunfos do longa-metragem é a maneira como a trajetória de Benjamin Button se dá ao longo dos anos, uma vez que ele apenas rejuvenesce na medida em que as pessoas ao seu redor ficam mais velhas. Com um trabalho de maquiagem e de efeitos especiais que merecidamente conquistou o Oscar, o longa-metragem se notabiliza pela forma como apresenta Brad Pitt ao longo desta peculiar situação. O paradoxal bebê que aparece no filme foi um dos mais incomuns de todos os tempos e a atuação de Pitt, especialmente durante a infância reversa do personagem, merece destaque.

O Bebê de Rosemary

Roman Polanski conquistou o mundo do terror com seu cinema denso, cheio de sugestões, ambivalências e atmosferas opressivas. Um de seus maiores clássicos, O Bebê de Rosemary é um exemplo dessas características do diretor. No filme, baseado no livro homônimo de Ira Levin, uma Mia Farrow em início de carreira vive a protagonista Rosemary, uma esposa pacata que suspeita que seu marido a tenha ofertado o corpo dela para um culto satânico. Como resultado, uma gravidez cercada de mistérios. A gestação passa a perturbar a mulher, que suspeita de seu esposo e de seus estranhos vizinhos enquanto entra numa espiral de loucura e sente que seu corpo foi tomado por forças inomináveis.

"Não existe nada de sobrenatural, salvo o pesadelo. A ideia do diabo poderia ser considerada como paranoia de Rosemary durante a gravidez ou por uma depressão pós-parto", já afirmou Polanski ao comentar o filme.

O bebê de O Bebê de Rosemary entra nesta lista porque, mesmo não aparecendo em momento algum durante o filme, Polanski faz a criança (ou criatura) brotar na mente do espectador graças à construção opressiva de tensão que o longa-metragem apresenta. Tem gente até que jura que viu os olhos vermelhos do neném.

A Saga Crepúsculo: Amanhecer - Parte 2

No filme final da franquia baseada nos livros de Stephenie Meyer, os pombinhos Bella Swan e Edward Cullen finalmente dão luz ao primeiro fruto deste amor entre uma (ex) humana e um vampiro. Só não dava para imaginar que a criança seria tão estranha, mas tão bizarra, que, não surpreenderia se a menina fosse o Bebê de Rosemary que Polanski nunca mostrou.

As feições da criança foram criadas com computação gráfica e o resultado deveria vir ao lado da expressão "vale da estranheza" no dicionário (veja a cena). E poderia ter sido ainda pior. A produção quase usou uma boneca animatrônica (na foto) como a bebê Renesmee, só que a figura disputava com o boneco Chucky quem era capaz de dar mais pesadelos. "Chuckesmee foi um erro tremendo", disse o diretor Bill Condon ao analisar o uso da boneca que ficou de fora do corte final do filme e foi revelada nos conteúdos extras do DVD do filme que marca o desfecho da franquia. "De verdade, aquilo foi uma das coisas mais grotescas que eu já vi. Era um show de horrores. Em uma tomada eu gritei, 'Corta!', e, de repente, ela virou a cabeça de forma mecânica e olhou direto para a câmera. Foi incrivelmente perturbador."

Sniper Americano

Bradley Cooper recebeu sua terceira indicação a um Oscar de atuação por seu trabalho em Sniper Americano. Com isso fica a dúvida: o ator convence mais como um soldado à serviço do esquadrão de elite Navy SEALs durante a Guerra ao Terror ou como o pai de uma boneca?

O filme de Clint Eastwood foi um sucesso de bilheteria nos Estados Unidos, mas o fato do personagem de Cooper atuar enquanto "nina" uma boneca que deveria ser um bebê de verdade foi um distrativo do longa-metragem, com relatos de que parte dos espectadores dava risada durante a cena nos cinemas, mesmo não sendo um momento cômico.

O roteirista do filme, Jason Hall, explicou que o um dos bebês de verdade que iria filmar a cena não pôde ser levado ao set de filmagens por estar com febre. Os pais do bebê substituto não apareceram para levar a criança. Sendo assim, os produtores optaram por usar uma boneca, o que é irônico, considerando que o filme custou US$ 59 milhões e a impressão que fica é que o deveria haver algum orçamento reservado para convidar um outro bebê ator ou atrasar as filmagens. "Eu mal podia acreditar. Eu não podia acreditar que nós estávamos trabalhando com um bebê de plástico. Eu pensava, 'isso é loucura'", comentou o ator. Para Sienna Miller, a boneca "parecia algo de Alien".

AdoroCinema
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