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Cloak & Dagger: Elenco exalta representatividade em série da Marvel (Entrevista)

Produção que adapta HQ Manto e Adaga chega ao Canal Sony na próxima terça-feira (16).

14 out 2018 - 09h53
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Cloak & Dagger, série que adapta os quadrinhos Manto e Adaga, conta muito mais do que somente a história de Tandy Bowen (Olivia Holt) e Tyrone Johnson (Aubrey Joseph), dois adolescentes completamente diferentes que se encontram em uma mesma situação, conectados pelos super-poderes que adquirem.

Foto: AdoroCinema / AdoroCinema

A produção da Marvel, em parceria com a Freeform, que chega ao Canal Sony na próxima terça-feira (16), pode até ser vista como uma série "teen", entretanto, retrata temas sérios e delicados, condizentes com o momento da sociedade atual. Isso foi o que revelaram o elenco e equipe de Cloak & Dagger ao AdoroCinema durante uma mesa redonda da Comic-Con 2018.

"Acho que os nossos roteiristas prevêm o futuro, porque, enquanto gravávamos os episódios, o que acontecia na nossa cultura acontecia também na série", comentou Olivia Holt, que interpreta Tandy/Adaga. "Desde o movimento #MeToo, a campanha do Time's Up, a Marcha Pelas Nossas Vidas, tudo estava se alinhando com o que estava acontecendo na sociedade, então foi realmente insano", exemplificou ela, admitindo que não é fácil: "É muito cansativo e emocional, muitas das cenas que eu e Aubrey temos são super intensas."

"Como a Olivia disse, às vezes parece demais, são tantas coisas acontecendo na nossa sociedade, que são discutidas na série", complementou Aubrey Joseph, que vive Tyrone/Manto. "Para mim, você tem que tratar da maneira certa, se você não fizer isso, pode parecer brega ou falso, e nada sobre a série é falso. Nós nos envolvemos bastante emocionalmente com a produção."

"Espero que isso nos dê a oportunidade de impactar as pessoas e comovê-los de certa forma", concluiu Holt.

Emma Lahana, intérprete da detetive Brigid O'Reilly, deu um exemplo de como essas temáticas são mostradas em Cloak & Dagger. "Quando nós falamos de ter provas para defender a Tandy, que ela foi abusada sexualmente, ela ainda perde, porque está lutando contra esse sistema massivo movido a dinheiro e poder. Então, mesmo que você tenha provas, não é suficiente", disse ela.

"Fiquei muito feliz que a série faz essa crítica", complementou Lahana. "E realmente surpresa porque não achei que fossemos falar de todas essas coisas que estão acontecendo aqui. Nós iniciamos muitas conversas importantes e eu espero que as pessoas se sintam representadas e ouvidas pela série. Estou tão feliz com os rumos da produção e sinto que a série tem um elemento emocional muito forte que eu espero que toque as pessoas também."

Tais cenas exigem bastante dos atores, especialmente de Olivia Holt e Aubrey Joseph. Segundo o showrunner Joe Pokaski, isso é parte do diálogo que os roteiristas têm com os atores. "Eles são tão talentosos que nos perguntamos 'será que se eu escrever essa cena, eles vão conseguir fazê-la?'. E a resposta cada vez mais se torna 'Sim'. Você começa a escrever, quase criando um curso de obstáculos para eles ultrapassarem, porque sabe que será empolgante", disse ele, elogiando a dupla de protagonistas. "Eu ainda não vi o Aubrey Joseph ou a Olivia Holt tropeçarem em alguma fala, então eu aumento a dificuldade e eles sempre conseguem entregar.

Inclusive, a escolha dos atores principais foi um dos principais desafios da produção da primeira temporada. Holt e Joseph foram contratados dias antes das filmagens começarem.

"Nós fizemos centenas de audições mas a Gina Prince-Bythewood, diretora do piloto, ainda não estava satisfeita", revelou Joe Pokaski. "Nós estávamos procurando em todos os lugares e fizemos a audição [de Olivia e Aubrey] três dias antes de ir para Nova Orleans para filmar, e foi uma loucura. Primeiro eles fizeram individualmente e nós gostamos. Então, quando eles fizeram uma cena juntos no teste de química foi elétrico. Em segundos passamos de surtar por não escalar os papéis principais, para relaxar completamente quando eles saíram da sala. Eu fico feliz que nós fomos perfeccionistas e decidimos esperar, porque chegamos perto da perfeição com eles dois", elogiou o showrunner.

Outro elemento importante de Cloak & Dagger é trazer personagens femininas fortes — como a própria Tandy, a detetive Brigid O'Reilly e a engenheira pesquisadora Mina Hess (Ally Maki).

Emma Lahana como Brigid O'Reilly.

"Uma coisa que eu amo na Brigid é que, mesmo que não seja uma coisa fácil de se fazer, se for a coisa certa, ela vai fazer", exaltou Emma Lahana sobre sua personagem. "Ela está em uma indústria cheia de homens, ela é a mulher mais nova da equipe, e continua lutando contra a brutalidade policial e o racismo sistêmico. Ela às vezes não segue as regras e isso é uma coisa que eu gosto na série."

De acordo com a atriz, interpretar a detetive é um "presente", pois ela é uma personagem feminina mais completa do que outros papéis que lhe foram oferecidos. "Eu lembro quando li o roteiro para a audição, pensei 'Ok, isso vem de uma sala com roteiristas que tem mulheres', e isso é algo muito raro na indústria. Normalmente, você lê o roteiro e ele só descreve a aparência da personagem, e normalmente é algo absurdo, falando que ela é fofa de dia, e sexy à noite. Não é realista e você, como mulher, não se conecta com essa personagem. Quando eu leio o roteiro geralmente quero fazer o papel do homem, porque eu entendo quem ele é, mas não entendo quem é essa mulher.", criticou Lahana.

Para ela, Cloak & Dagger supera esse problema. "Todas as personagens da série são tão fortes e multidimensionais, e quando eu me encontrei com o Joe Pokaski e o Jeph Loeb [chefe da Marvel Television], eles me disseram que era exatamente assim que eles queriam que [Brigid] fosse. E eu fiquei, 'graças a Deus por isso'. Eu não poderia estar mais grata, como mulher, de receber um papel tão interessante, um papel que eu tenho vontade de assistir."

Ally Maki como Mina Hess, ao lado de Olivia Holt como Tandy.

Ally Maki, por sua vez, interpreta Mina Hess, uma personagem original, de descendência asiática, criada especificamente para a série de TV. A atriz entrou depois do início da produção, na metade da temporada — voando para Nova Orleand no dia do furacão Harvey — mas revelou que chegou são e salva e foi muito bem recebida pelo elenco e equipe.

"Eu sinto como se estivesse em um sonho", revelou Maki. "Além disso, ser uma personagem original é a cereja em cima do bolo. Eu fico muito emocionada porque, quando comecei na indústria eu era muito jovem, tinha 14 anos. Menos de 1% dos papéis eram de mulheres que pareciam comigo", comentou a atriz nipo-americana. "Além disso, os papéis que eu recebia era ou a ajudante ou a pessoa que não fala inglês e tem um sotaque engraçado, então eu me sentia presa em uma caixa e queria sair", e explicou: "Eu sou uma garota asiática-americana de quarta geração, nasci em Seattle, meus pais e meus avós nasceram aqui, então era uma luta. Mas poder estar aqui hoje, no palco da Comic-Con de San Diego como uma personagem asiática-americana original é incrível e mostra como a indústria está mudando", exaltou.

Como toda série criada pela Marvel, Cloak & Dagger possui alguns easter-eggs de outras produções do estúdio. Uma das referências foi de Luke Cage, sugerindo uma conexão entre as personagens Brigid O'Reilly (Emma Lahana) e Misty Knight (Simone Missick), que teriam trabalhado juntas como policiais em Nova York.

O showrunner Joe Pokaski já tinha experiências anteriores no universo Marvel, pois havia trabalhado como produtor executivo da primeira temporada de Demolidor, e trouxe um pouco disso para a série da Freeform. "Ter trabalhado em uma das primeiras séries da Marvel para a Netflix foi importante, especialmente com roteiristas tão talentosos. E sempre foi sobre personagens. As coisas da Marvel são interessantes, os figurinos, os efeitos, mas vindo de um lugar de que podemos contar a história de um advogado cego, e de Wilson Fisk — quando você meio que concorda com ele quando esmaga a cabeça de um cara com a porta do carro — essas coisas estão sempre lembrando a você que o importante são os personagens."

Quando perguntado sobre possíveis participações especiais em Cloak & Dagger ou de Manto e Adaga em outras produções, ele respondeu, bem humorado:

"Eu quero começar dizendo que a minha opinião não representa as Corporações Marvel, nem da Disney ou da Sony e etc. Eu vi o Homem-Aranha: De Volta para Casa e o Tom Holland está perfeito, meu sonho — mesmo se eu tivesse que vender minha casa e chantagear alguém — seria ver [Tandy e Tyrone] talvez no terceiro ou quarto filme do Homem-Aranha, seria muito legal, mesmo que eles aparecessem por alguns segundos e fossem embora logo depois", declarou. "Essa é a graça da Marvel e de Cloak & Dagger. Nos quadrinhos, eles aparecem onde quiserem, uma hora nos X-Men, outra com o Homem-Aranha, depois com Os Vingadores. Quero dizer, é fantástico."

Pokaski ainda citou de outra série que gostaria que tivesse um crossover com Manto e Adaga. "Sabe, Runaways é muito legal, eu adoro o pessoal de lá, o que [os showrunners Josh Schwartz e Stephanie Savage] fazem e seria muito legal. Acho que é algo que pode acontecer um dia", antecipou.

Já renovada para a segunda temporada, Marvel's Cloak & Dagger estreia no próximo dia 16 de outubro, terça-feira, às 22 horas no Canal Sony. O primeiro episódio da série já pode ser assistido no site do Canal Sony e ficará disponível até o dia 23 de outubro.

AdoroCinema
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