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Cine Ceará 2017: O humanista Uma Mulher Fantástica impressiona na abertura do festival

Uma abordagem sincera e digna sobre os preconceitos diários em torno dos transexuais.

6 ago 2017 - 18h47
(atualizado em 7/8/2017 às 13h47)
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O cartaz oficial do 27º Cine Ceará traz uma homenagem ao lustre principal do majestoso Cine São Luiz, o primeiro cinema inaugurado pelo grupo Severiano Ribeiro, ainda em funcionamento com seus pouco mais de mil lugares. Com quase 80% de ocupação, a tradicional sala foi sede da abertura do festival e, em meio aos (habituais) muitos discursos e a exibição do curta-metragem coletivo

Foto: AdoroCinema / AdoroCinema
A Luz da Mata

, feito em animação, trouxe uma pequena peróla: o longa chileno Uma Mulher Fantástica. Confira nossa crítica!

Exibido em primeira mão no Festival de Berlim deste ano, de onde levou para casa os prêmios de roteiro, o do júri ecumênico e o Teddy, o novo longa-metragem do diretor  Sebastian Lelio ( Gloria) é, na verdade, um grande libelo em nome da igualdade de gêneros. A partir da história de amor entre a transexual Marina e Orlando ( Francisco Reyes, muito bem), a narrativa oferece um olhar aprofundado sobre os preconceitos existentes ao redor não apenas deste relacionamento, mas da própria existência de Marina como pessoa.

Daniela Vega, protagonista de "Uma Mulher Fantástica"

Extremamente humano e girando em torno de sua personagem principal, Uma Mulher Fantástica surpreende especialmente pelo subtexto empregado em diálogos e situações, reveladores sobre o olhar enviesado da sociedade sobre transexuais a partir do não-dito - e posteriormente, é claro, também pelo dito e feito. Entretanto, mais do que meramente levantar o assunto em discussão, chama a atenção a forma como o diretor construiu sua protagonista fugindo dos estereótipos, dando-lhe uma dignidade pouco vista no cinema.

Tamanha ambientação ganha ainda mais força pelo fato da intérprete de Marina ser, também, transexual. A ótima  Daniela Vega surpreende com uma personagem contida, cujos sentimentos são negados de forma covarde pelo preconceito arraigado. É realmente uma pena que o Festival de Berlim não tenha aproveitado a oportunidade para premiá-la, não só pelo mérito demonstrado em cena como, também, pelo simbolismo que tal ato teria perante à presença (ainda ínfima) de atrizes trans no cinema em geral. A expectativa, desde já, é se o júri do Cine Ceará não cometerá o mesmo engano.

O Cine Ceará chega hoje ao segundo dia com a exibição de  Malasartes e o Duelo com a Morte e dos quatro primeiros curtas da mostra competitiva. Acompanhe nossa cobertura diária no AdoroCinema, pelo site e também pelo Instagram Stories (@adorocinema).

AdoroCinema
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