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Alfonso Cuarón diz que diretores não devem se envolver na briga entre Netflix e salas de cinema

Premiado cineasta mexicano está atualmente no centro da polêmica por ocasião da estreia de Roma, produção original da gigante do streaming.

29 nov 2018 - 17h35
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Alfonso Cuarón está de volta, e já com prêmios na bagagem e credenciado para os principais troféus da temporada de premiações 2018/2019 por causa do extremo sucesso de Roma, sua semi-autobiografia que lhe rendeu o Leão de Ouro do Festival de Veneza. Entretanto, nem tudo são flores, já que o realizador também está no centro de uma grande polêmica: a pesada disputa entre a Netflix, produtora do drama, e os exibidores tradicionais. E quanto à problemática, Cuarón tem uma opinião bastante clara:

Foto: Juan Naharro Gimenez / AdoroCinema

"Acredito que há algo que é maior que a forma com que você lança seu filme. É o cinema. O cinema é que é importante. As outras coisas são considerações irritantes da distribuição cinematográfica [...] Há uma luta entre dois lados que não têm nada a ver com cinema; são dois modelos econômicos lutando e, eventualmente, isso será equilibrado. Mas não acho que os diretores devem se preocupar com modelos econômicos. Devemos nos preocupar com as coisas que têm relação com nossos filmes", sentenciou Cuarón (via Deadline).

A opinião do cineasta mexicano é certamente interessante e importante em tempos onde a contenda entre o streaming e os donos de cinemas tradicionais vem roubando espaço dos longas em si. Enquanto muitos diretores repudiam serviços como o da Netflix e do Amazon Prime — que, diferentemente de sua rival, sempre lança seus títulos antes de colocá-los em seu catálogo —, Cuarón está em busca de formas mais simples de encontrar recursos. "Nenho filme que faço foi pensado para ser visto em um telefone. Mas se alguém escolhe ver dessa maneira, essa é a escolha da pessoa", finalizou o cineasta.

A excelente recepção de Roma por parte da crítica, já eleito por boa parcela da imprensa especializada como filme do ano, foi o que fez a Netflix contrariar sua estratégia padrão de distribuição, exclusivamente voltada para o streaming. Para credenciar o longa ao Oscar e aos demais prêmios do circuito de eventos do fim do ano, a gigante do segmento foi obrigada a soltar Roma nas telonas de Los Angeles e Nova Iorque para tornar o projeto credenciável a indicações. Anteriormente, a Netflix foi atacada pelos donos de cinemas italianos por causa da vitória de Roma e da inclusão de muitos de seus títulos em Veneza.

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Ou seja, apesar das opiniões de Cuarón, a ferrenha briga seguirá — resta aguardar o desenrolar dos próximos capítulos. Roma estreia no dia 14 de dezembro no catálogo da Netflix. Não existem exibições previstas do filme nas telonas brasileiras.

AdoroCinema
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