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A tensão do confinamento em '7500', filme com Joseph Gordon-Levitt

Produção da Amazon é o primeiro longa dirigido por Patrick Vollrath

25 jun 2020 - 05h12
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Joseph Gordon-Levitt andou meio sumido nos últimos tempos. Mas foi por uma boa causa. O ator de 500 Dias com Ela (2009), A Origem (2010) e A Travessia (2015) estava se dedicando à família - ele e sua mulher Tasha McCauley, CEO da companhia de tecnologia Fellow Robots, têm dois filhos, nascidos em 2015 e 2017. Durante esse período, ele se dedicou à sua plataforma de arte colaborativa, HitREcord, mas praticamente não fez nada como ator.

Agora, está de volta com 7500, primeiro longa-metragem do alemão radicado em Viena Patrick Vollrath, que já está disponível na plataforma de streaming Amazon Prime Video. "Eu queria que meu primeiro trabalho nesse retorno fosse um desafio criativo", disse Gordon-Levitt em entrevista ao Estado, sobre o filme, que começou a ser feito no fim de 2017. "Não queria focar em supostos passos que fizessem avançar minha carreira, mas, sim, na arte", completou.

Em 7500, ele é Tobias, piloto de um avião que é sequestrado por extremistas. Seu personagem nunca sai da cabine do avião, e toda a ação se passa ali ou na galley, a área logo atrás da cabine onde a tripulação prepara as refeições e bebidas. Cada sequência era rodada quase sem cortes, durando até 45 minutos, e o diretor encorajou os improvisos. "Meu trabalho era tentar ser o mais honesto possível e viver aquilo realmente na hora. Foi bem difícil porque as emoções são extremamente intensas", disse Gordon-Levitt. "Não é exagero nenhum dizer que este foi o filme mais desafiador em termos de interpretação que já fiz. Não foi exatamente divertido, mas muito recompensador. Acho que vai ser o mesmo para o público." Segundo ele, nem a famosa sequência do corredor em rotação de A Origem, lançado há dez anos, foi tão dura. "Nós nos divertimos muito lá. Eu não usaria a palavra diversão para descrever 7500. Mas eu amo produções grandes como A Origem, que são espetaculares e escapistas, e amo pequenos filmes de arte como este - e, olha, o Christopher Nolan também começou com longas de arte e pequenos."

A ideia de Vollrath era ambiciosa para um diretor de primeira viagem e partiu do desafio técnico de fazer um filme num lugar confinado, como Locke, de Steven Knight, em que Tom Hardy passa o tempo inteiro num carro. Depois de conversar com Gordon-Levitt, Vollrath decidiu tornar Tobias pai de um menino de 2 anos, tendo como mãe uma das comissárias de bordo, Gökce (Aylin Tezel), o que aumentou o drama do personagem de obedecer à ordem dos extremistas de abrir a porta da cabine. Gordon-Levitt nunca temeu trabalhar com cineastas iniciantes. Foi assim com Rian Johnson (Entre Facas e Segredos) em A Ponta de um Crime, e com Marc Webb em 500 Dias com Ela. "Patrick tem muitas coisas em comum com esses diretores. Ele faz seu trabalho com muito cuidado e honestidade. Tenho certeza de que vai fazer muitos filmes maravilhosos e vou me sentir honrado de ter estado em sua estreia."

Há o esboço de uma tentativa de compreensão da atitude dos terroristas por meio de Vedat (Omid Memar), um adolescente radicalizado. "O medo normalmente vem da ignorância", disse Gordon-Levitt. "Acho que o filme trata muito do medo que temos do outro quando não temos conhecimento, quando fazemos suposições sobre o outro, quando submetemos o outro a preconceito, geralmente por ignorância. Acredito que tudo fica melhor quando enxergamos o outro como um ser humano. Eu tento ao máximo não ceder ao medo advindo da minha ignorância. Nem sempre dá certo, mas eu tento."

O diretor e o ator não tinham como imaginar que iam lançar um longa-metragem tenso, passado num espaço confinado, em plena pandemia de Covid-19. "Eu acho que a claustrofobia do filme serve como uma grande metáfora porque nosso mundo parece muito claustrofóbico agora", disse Gordon-Levitt. "O planeta está cada vez menor, estamos cada vez mais em contato uns com os outros. E isso é lindo. Mas obviamente também causa tensões, e as pessoas tendem a ter preconceitos contra os outros, desumanizá-los, simplificá-los. Como no avião do filme, estamos todos aqui na Terra e não podemos sair. Estamos nessa juntos. E precisamos aprender a coexistir apesar de nossas diferenças e preconceitos."

Estadão
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