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Desfiles de São Paulo têm samba, reggae e sertanejo

10 fev 2018 - 09h21
(atualizado às 09h24)
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Sete agremiações abriram o carnaval de avenida na capital paulista na noite dessa sexta-feira (9) e madrugada de hoje (10). Os desfiles das escolas de samba no Polo Cultural e Esportivo Grande Otelo (Sambódromo do Anhembi), na zona Norte da cidade, foram marcados pela mistura de ritmos e homenagens ao samba, ao reggae e ao sertanejo.

Tatuapé teve apresentação de destaque na noite dessa sexta-feira.
Tatuapé teve apresentação de destaque na noite dessa sexta-feira.
Foto: REUTERS/Paulo Whitaker

Destaque da noite, a Acadêmicos do Tatuapé homenageou o estado do Maranhão, e sua bateria, por vezes, alternou o samba com o reggae. A Mancha Verde celebrou os 40 anos do grupo Fundo de Quintal, e a Unidos do Peruche prestou reverência a Martinho da Vila. A Rosas de Ouro levou para a avenida a vida dos caminhoneiros, e a música sertaneja, apreciada pela categoria.

Nesse primeiro dia de desfile das escolas na capital paulista, o sambódromo não chegou a lotar e ficou parcialmente ocupado, com espaços vagos, principalmente nos lugares mais distante da avenida, nas arquibancadas mais altas. A participação do público foi maior nas passagens da Mancha Verde, quando parte dos espectadores acendeu sinalizadores nas arquibancadas, e da Acadêmicos do Tatuapé. A plateia ovacionou os membros da Acadêmicos do Tucuruvi - escola que perdeu praticamente todas as fantasias e alegorias em um incêndio no início de janeiro e que fez um desfile de superação.

Independente Tricolor

Estreante no Grupo Especial do carnaval de avenida da capital paulista, a escola de samba Independente Tricolor - ligada à torcida organizada do São Paulo - abriu o desfile no sambódromo paulistano, por volta das 23h, animando o público com o samba-enredo sobre o cinema de terror: "Em cartaz: Luz, Câmera e Terror… Uma Produção Independente!".

O personagem Zé do Caixão, do cineasta José Mojica, foi a estrela da escola. Outras figuras fictícias, como Nosferatu, do filme de Friedrich Wilhelm Murnau, e Jason, do filme Sexta-feira 13, criado por Victor Miller, também foram celebradas. Com um samba em tom maior, a escola desfilou com muitos zumbis, bruxas e vampiros.

O primeiro carro da escola, o abre-alas, que fazia referência a um estúdio de filmes de terror, enfrentou problemas logo no início do desfile e precisou ser guinchado por uma empilhadeira durante todo o percurso. Devido a isso, a Liga Independente das Escolas de Samba de São Paulo deverá penalizar a escola em um ponto e dois décimos.

Unidos do Peruche

Uma das mais antigas escolas de São Paulo, a Unidos do Peruche levou para avenida uma grande homenagem ao poeta de Vila Isabel, Martinho da Vila. A agremiação manteve a tradição de cantar as origens do samba e de seus personagens no enredo "Peruche Celebra Martinho, 80 anos do Dikamba da Vila".

Unidos do Peruche apresentou um samba-enredo em homenagem a Martinho da Vila
Unidos do Peruche apresentou um samba-enredo em homenagem a Martinho da Vila
Foto: REUTERS/Paulo Whitaker

Para mostrar as facetas do compositor, cantor e pesquisador da cultura afro-brasileira, a agremiação começou destacando as relações do samba com a África, e as influências, como de Noel Rosa, que Martinho recebeu ao chegar em Vila Isabel, no Rio de Janeiro, procedente de Duas Barras (RJ), onde nasceu há 80 anos.

Carro do abre-alas da Independente Tricolor teve problema mecânico
Carro do abre-alas da Independente Tricolor teve problema mecânico
Foto: REUTERS/Paulo Whitaker

A Unidos do Peruche fez um destaque especial para a atuação do compositor nos países de língua portuguesa na África, com os quais Martinho desenvolveu diálogos musicais e tornou-se embaixador da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLT). No último carro da agremiação, o cantor, sambando em todo o percurso, desfilou junto com a família.

Acadêmicos do Tucuruvi

Com uma apresentação de superação, a escola Acadêmicos do Tucuruvi levou para avenida o enredo "Uma Noite no Museu", com a proposta de contar a história dos museus desde a antiguidade, inspirado pelo filme homônimo. Em janeiro, a 50 dias do carnaval, um incêndio destruiu a maior parte das fantasias e alegorias da escola, que tiveram de ser refeitas às pressas.

Apesar da queima de cerca de 2 mil peças, a escola não deixou a desejar na avenida. Representou primorosamente  museus de história, de artes, de ciência, assim como os brasileiros da Língua Portuguesa, do Índio, do Amanhã, do Folclore e do Futebol. Ao final do desfile, a escola foi ovacionada pelo público devido ao espírito de superação dos seus integrantes.

Por decisão da Liga das Escolas de Samba, a agremiação não participará da competição entre as escolas e não poderá ser rebaixada em razão do incêndio.

Mancha Verde

A escola de samba Mancha Verde - ligada à torcida organizada do Palmeiras - homenageou o grupo de samba Fundo De Quintal, que em 2018 completa 40 anos. A passagem da agremiação ma avenida contou com forte participação das arquibancadas, que cantou o samba-enredo, levantou bandeiras, faixas, bexigas e acendeu sinalizadores nas cores da escola - verde e branco.

Mancha Verde prestou homenagem ao grupo Fundo de Quintal
Mancha Verde prestou homenagem ao grupo Fundo de Quintal
Foto: REUTERS/Paulo Whitaker

O enredo "A Amizade, a Mancha Agradece do Fundo do Nosso Quintal" contou a trajetória desse que é um dos principais grupos de samba do Brasil nas últimas décadas e que revelou nomes como Arlindo Cruz, Jorge Aragão, Sombrinha e Almir Guineto.

"Nesse terreiro de bamba, Quero mais é sambar…, Sou Mancha Verde… o show vai continuar…, Sua história é o meu carnaval, Obrigado do fundo do nosso quintal, Debaixo da tamarineira, Um lindo sonho se torna real, Pandeiro, cavaco, tantã e repique, No puro balanço, um banjo imortal", diz parte do samba-enredo.

Acadêmicos do Tatuapé

Em uma das melhores apresentações da noite, a atual campeã do carnaval paulistano, a Acadêmicos do Tatuapé, levou para a avenida o enredo "Maranhão, os Tambores vão Ecoar na Terra da Encantaria", que contou a história do estado a partir das particularidades de seu povo, da riqueza cultural, das festas típicas, como o Bumba Meu Boi.

Um destaques do desfile foi a alternância, pela bateria da agremiação, da batida do samba para a batida do reggae, ritmo muito presente no maranhão nas últimas décadas, o que levantou o público nas arquibancadas. A riqueza de detalhes das fantasias e as alegorias dos carros chamaram a atenção.

"No Mar! Foi no balanço do mar, Que o sonho aportou na ilha da magia, Lá em palmeira onde canta o sabiá, O sol namora a beleza do lugar, Cenário de poesia, Tantas batalhas nesse torrão, Herança de luta, cultura e amor", diz parte do samba-enredo, que homenageou também o poeta maranhense Gonçalves Dias.

Rosas de Ouro

Os caminhoneiros foram o tema do desfile da Rosas de Ouro, que levou para avenida o enredo "Pelas Estradas da Vida, Sonhos e Aventuras de um Herói Brasileiro". As cantoras sertanejas Maiara e Maraísa participaram do início do desfile como puxadoras do samba - uma forma de homenagear o estilo musical sertanejo, bastante presente no universo desses profissionais da estrada. A escola ainda utilizou sanfonas - típicas do sertanejo - em seu corpo instrumental.

A agremiação mostrou as singularidades das diversas partes do país por onde passam os caminhoneiros - cenários, costumes, tradições e culinária. "Canta o galo ao despertar, chegou a hora, Adeus, já vou me despedir, amor não chora, Cada retrato que carrego no painel, Traz a saudade que deixei pela distância, Ô meu São Cristóvão, suas mãos vão me guiar, Ô Virgem Maria, venha nos abençoar", diz trecho do samba-enredo.

Tom Maior

A vida da imperatriz Maria Leopoldina, esposa de D. Pedro I, e a escola de samba carioca Imperatriz Leopoldinense foram os temas do samba-enredo da Tom Maior, a última escola a entrar na avenida, com o sábado já amanhecendo e o sambódromo parcialmente esvaziado. O desfile terminou por volta das 7h.

O samba-enredo "O Brasil de Duas Imperatrizes: De Viena Para o Mundo, Carolina Josefa Leopoldina; de Ramos, Imperatriz Leopoldinense" contou a trajetória da personagem histórica e da escola de samba carioca. Leopoldina morreu aos 29 anos e seu nome foi dado a uma ferrovia, que tem um trecho que corta os subúrbios do Rio de Janeiro. Em um ponto às suas margens, no bairro de Ramos, nasceu a escola de samba Imperatriz Leopoldinense.

"Ao amor de Pedro me entreguei, me apaixonei, Libertei essa nação... Independência, Minha Pátria mãe gentil… Meu Brasil, Chorou, na senzala chorou, E o lamento do negro, ecoou, Nos trilhos de Ramos tornei-me imortal, Notáveis desfiles do meu Carnaval", diz o samba-enredo.

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Agência Brasil Agência Brasil
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