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Obras da Bienal intrigam dentro e fora do prédio

Sexta, 22 de março de 2002, 18h47



A Bienal de Artes de São Paulo chega à 25ª edição com a expectativa de recuperar o experimentalismo de suas primeiras mostras, expondo obras que deverão chamar a atenção e interagir até mesmo com quem nunca teve a intenção de visitar o evento.

Com o tema Iconografias Metropolitanas, a Bienal, que abre suas portas no domingo para o público em geral, vai discutir a vida nas grandes metrópoles com trabalhos de 190 artistas de 70 países.

Já do lado de fora do pavilhão Cicillo Matarazzo, um luminoso promete intrigar quem passar pelas redondezas.

É o trabalho artista paulista Carmela Gross. Ela colocará um letreiro escrito "Hotel" em neon vermelho, com o objetivo de enganar quem não sabe que ali funciona a Bienal.

"Na verdade, o prédio não deixa de ser um hotel durante a exposição, pois acolhe artistas e obras", diz Agnaldo Farias, curador da Representação Brasileira, núcleo da qual a obra faz parte.

Cacos de Buda - O brasileiro Arthur Omar faz parte da mostra 12ª Cidade, a cidade utópica, descrita pelo curador-geral da exposição, Alfons Hug, como sendo aquela "que os arquitetos e urbanistas ainda não conseguiram construir".

A obra de Omar é composta por fotografias que o artista fez do que sobrou das duas imensas estátuas de Buda destruídas pelo regime Taliban em março de 2001, em Bamian, no Afeganistão.

Os Budas entalhados em um imenso rochedo mediam 55 e 38 metros de altura, e datavam do século 5. A imagem dos mísseis atingindo as relíquias foi amplamente divulgada na imprensa mundial.

Omar também vai expôr fragmentos das estátuas encontrados no local, que fica a 130 quilômetros da capital afegã, Cabul.

Ironicamente, é a cidade do futuro juntando os cacos do passado.

Dois anos estampados - Um dos trabalhos mais curiosos desta Bienal são fotografias em preto-e-branco aparentemente normais, se não fosse por um detalhe que muda todo o signficado.

O artista alemão Michael Wesely, representando a cidade de Berlim, do núcleo "11 Metrópoles", fotografou o mesmo local durante dois anos seguidos, ao adaptar uma máquina fotográfica de modo que ela ficasse fixa e programada para registrar as cenas.

O resultado é incrível: pode-se ver, por exemplo, o movimento dos raios solares estampados, além de um prédio que teve o início e o fim de sua construção captada pela máquina imóvel.

"Você pode ver o passado e o presente interagindo, tem um quê de cinema", opina Agnaldo Farias.

Carimbos pelas paredes - Para Farias, o paraibano José Rufino é um dos pontos altos da exposição. Trata-se de um trabalho sobre desaparecidos políticos no país.

Na sala de 100 metros quadrados há carimbos pregados por toda a parede, bem como móveis escuros típicos de repartição pública. Grafismos que lembram o Santo Sudário são feitos sobre painéis compostos por cartas que os presos enviaram a seus parentes.

"É um trabalho frio que mostra que não estamos comemorando nada, que fala que o otimista é um sujeito mal-informado", sentencia o curador da "Representação Brasileira".

Casinhas de Cachorro - Para o curador-geral, alguns dos melhores trabalhos sobre São Paulo são feitos por artistas de fora. "Muitas vezes o olhar estrangeiro capta imagens que talvez a pessoa que vive aqui diariamente deixa passar", diz Hug.

É o caso do artista camaronês Pascale Marthine Tayou, que fez sua obra inspirada nas casinhas de cachorro construídas com caixotes por desabrigados nas marginais Pinheiros e Tietê, na capital paulista.

A obra, diferentemente das outras desta Bienal, vai estar exposta do lado de fora, no meio do parque do Ibirapuera, por exigência do próprio Pascale, incitando a curiosidade de quem transita no local.

Eis um dos muitos exemplos de que, como não haverá o chamariz dos mestres notórios do "Núcleo Histórico", como Picasso e Munch (cujas obras estiveram presentes nas edições anteriores), a necessidade de garimpar trabalhos inovadores poderá ser uma das melhores facetas desta Bienal. É só abrir os olhos para o novo e se deixar levar por algumas destas surpresas.

Reuters

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