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Unesco pode incluir Veneza em lista de patrimônios em risco

Decisão será anunciada em julho deste ano em sessão anual

21 jun 2021 - 14h56
(atualizado às 15h08)
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Os órgãos técnicos da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) alertaram que é preciso dar uma "solução urgente" para o problema dos grandes navios que transitam pelo centro histórico de Veneza.

Grandes navios são alvos de discussões há anos em Veneza
Grandes navios são alvos de discussões há anos em Veneza
Foto: EPA / Ansa - Brasil

Segundo o texto, é preciso adotar "uma solução de longo prazo", que dê a máxima prioridade à hipótese de "impedir totalmente" o acesso à Lagoa de Veneza das embarcações de grande porte, preferencialmente, levando-as "para portos mais adaptados na área".

As afirmações foram adicionadas à proposta de inserir a cidade italiana nos patrimônios em risco e que será analisada pela Unesco durante a sessão anual, entre os dias 16 e 31 de julho.

Se a medida for aprovada, o Comitê Mundial do Patrimônio pedirá ao governo italiano que apresente um plano de intervenção e de medidas corretivas para a situação. Os italianos ainda precisarão apresentar, até fevereiro de 2022, um relatório de atuação.

O Conselho de Ministros aprovou, no início de abril, um decreto-lei sobre a proibição de navios com mais de 40 mil toneladas, o que inclui as embarcações de cruzeiro. No texto, havia a determinação de que a Autoridade do Sistema Portuário do Mar Adriático Setentrional tinha 60 dias para lançar um "concurso de ideias" para dar uma solução definitiva ao problema.

O prazo venceu em 1º de junho e, até o momento, nada foi anunciado. Como medida temporária, os barcos de grande porte deveriam ir para o porto de Marghera, que fica na parte continental de Veneza e é adaptado aos navios porque já é um porto comercial. Porém, como o cais turístico ainda não está pronto, os cruzeiros ainda estão transitando pela Bacia de San Marco e pelo Canal de Giudecca.

Além das colisões das embarcações contra os prédios históricos, ONGs locais acrescentam que há riscos ambientais também para os moradores - e que são impulsionados pelas mudanças climáticas.

Após o anúncio da Unesco, o ministro dos Bens Culturais, Dario Franceschini, afirmou que "infelizmente, a decisão estava no ar há algum tempo".

"Isso seria uma coisa grave para o nosso país e não há mais tempo para hesitações. Nós já demos um passo importante no último decreto-lei com a destinação definitiva da aproximação dos grandes navios fora da Lagoa. Agora, acredito que foi feito mais para impedir a passagem dos grandes navios no canal de Giudecca", acrescentou Franceschini.

O alerta de inclusão já vem sendo dado há cerca de quatro anos pela Unesco, depois de outra aprovação de legislação para controlar o fluxo dos navios em Veneza não ter sido levada adiante. Além da medida de 2017, uma outra em 2013 também nunca saiu do papel.

A ideia do concurso foi criticada pelo presidente da ONG Legambiente Vêneto, Luigi Lazzaro, em maio deste ano. Para o especialista, a ideia é como se fosse um "jogador que lança a bola para a arquibancada a cada ação, esperando o apito final", mas "infelizmente, em Veneza, falta um árbitro".

Veneza na Unesco 

Veneza e sua Lagoa foram inscritas na lista de Patrimônios Mundiais da Unesco em 1987. E, segundo o órgão, dos mais de 1,1 mil inscritos no mundo, cerca de 50 estão classificados como "em risco".

Quando um local entra nessa classificação, é iniciada uma negociação com o Estado para "verificar a remoção das condições de perigo para a sustentabilidade do sítio e para a manutenção dos valores cultuais que determinaram" o reconhecimento.

Conforme o relatório, o último monitoramento feito de maneira conjunta pelos especialistas da Unesco/Icomos/Ramsar, em janeiro, foca a sua atenção, especialmente, no transporte, em particular dos grandes navios, nos fluxos turísticos e nas obras de infraestrutura e industrial.

O documento cita que a "proibição teórica" da entrada das grandes embarcações não tem efeitos práticos porque não há a definição de rotas alternativas. Segundo os especialistas, o efeito combinado da chegada dos cruzeiros mais um grande fluxo turístico - somado aos efeitos climáticos - podem provocar "danos irreversíveis" no "vulnerável sistema lagunar". .

Ansa - Brasil   
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