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Spike Lee chama Bolsonaro de 'gângster' no Festival de Cannes

Mendonça Filho denunciou ineficácia do governo contra Covid

6 jul 2021 - 15h44
(atualizado às 16h59)
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O cineasta americano Spike Lee, líder do júri da 74ª edição do Festival de Cannes, chamou o presidente Jair Bolsonaro de "gângster" durante a abertura da cerimônia nesta terça-feira (6).

"O mundo está sendo comandado por gângsteres. Há o agente laranja [o ex-presidente dos EUA Donald Trump], o cara do Brasil [Bolsonaro] e [o presidente da Rússia, Vladimir] Putin", disse.

Segundo Lee, todos esses líderes "são bandidos e vão fazer o que desejarem", porque "não têm moral ou escrúpulos". "Precisamos falar alto sobre gente assim", enfatizou.

A coletiva de imprensa da abertura do festival cinematográfico se transformou em um debate político. Primeiro, o cineasta americano recordou quando chegou a Cannes com "Faça a Coisa Certa", em 1989, ocasião que fez Lee ser lembrado por muitos como injustiçado pelo júri presidido por Wim Wenders.

"Então, os jornais americanos me acusaram de instigar a violência com aquele filme, mas a partir daquele momento nada mudou em meu país. Basta pensar no caso de George Floyd", disse ele, fazendo referência ao seu longa sobre uma rebelião em um bairro negro em Nova York.

Lee contou que escreveu o filme em 1988, mas mesmo com o passar dos anos é possível ver "o irmão Eric Garner e o rei George Floyd mortos [ambos homens negros assassinados por policiais brancos, em 2014 e 2020]".

"Você espera que 30 malditos anos depois a população negra não seja mais caçada como animais", enfatizou.

Na sequência, ele recebeu uma pergunta sobre a difícil situação e a repressão nos Estados Unidos contra todos os tipos de militância, incluindo a LGBTQIA+.

"Este mundo é governado por gângsteres sem mora, por bastardos inescrupulosos. Nós, o júri, estamos aqui para criticar filmes e vocês, jornalistas, podem criticar essas coisas e escrever sobre elas", reforçou.

Neste ano, o júri está bem diverso e conta com cinco mulheres e quatro homens, incluindo o diretor brasileiro Kleber Mendonça Filho, vencedor do prêmio do júri em 2019, por "Bacurau".

O pernambucano aproveitou o momento para falar sobre as mortes no Brasil por conta da pandemia de Covid-19 devido à ineficácia do governo de Bolsonaro.

"Centenas de pessoas morreram com a pandemia e isso não teria acontecido se o governo tivesse agido como deveria", afirmou Mendonça Filho.

Além de Lee e Mendonça Filho, o júri é composto pela cineasta franco-senegalesa Mati Diop, a atriz americana Maggie Gyllenhaal, a diretora austríaca Jessica Hausner, a atriz francesa Mélanie Laurent, o ator francês Tahar Rahim e o ator sul-coreano Song Kang-ho.

O Festival de Cannes tem início oficialmente nesta noite na França, com a estreia mundial de "Annette", longa do francês Leos Carax, estrelado por Marion Cotillard e Adam Driver. Neste ano, o júri terá que decidir entre os 24 filmes vencedores da Palma de Ouro.

Ansa - Brasil   
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