Daniel Diges enfrenta no Brasil o "desafio da sua vida" com "Les Misérables"
O cantor e ator espanhol Daniel Diges enfrenta no Brasil o "maior desafio de sua vida" com o musical "Les Misérables", uma obra na qual volta a interpretar o "arriscado" papel de Jean Valjean, ainda que agora o desafio seja cantar em português.
"Trata-se de um personagem muito arriscado, em outro idioma. É preciso ser forte para fazer tudo isto", contou Diges (Alcalá de Henares, 1981), em uma entrevista à Agência Efe em São Paulo.
O espanhol já havia interpretado o papel do herói criado pelo escritor romântico Victor Hugo nos palcos espanhóis, mas desde março deste ano atua para o público brasileiro no Teatro Renault.
O Valjean brasileiro é mais "bruto, mais animal, mais tigre" que o espanhol e, além disso, canta em português, um idioma que Diges teve que aprender em poucos meses para poder interpretar o protagonista do clássico francês no Brasil.
O desafio não "foi fácil", disse, mas está satisfeito e "contente" com as críticas recebidas por parte de alguns jornais brasileiros. "O fato de falarem bem de mim me deu segurança".
"A cada dia sou mais Valjean", disse Diges, que compartilha a espiritualidade com seu personagem.
Na obra, Valjean fala constantemente com Deus e questiona sua existência. O ator, por sua vez, acredita que a oportunidade de atuar no Brasil foi uma "mensagem" divina que chegou em um momento de "maturidade" profissional e pessoal.
"Cresci muito, fiz musicais, estudei muito teatro, trabalhei muito; os meus discos; cresci como artista, como pessoa, como ator. Sou mais maduro", afirma o artista, que ficou conhecido ao interpretar David, "Gato", na série juvenil "Nada es para siempre".
Anos mais tarde, em 2010, representou a Espanha no Festival de Eurovision, um desafio que lhe deu um impulso à carreira musical e lhe permitiu "ser uma pessoa conhecida" em todo o país.
Diges se define como um "ator que sabe cantar", o que, a seu julgamento, lhe permitiu ter sucesso no mundo dos musicais, onde já participou de "A Bela e a fera" e "Mamma Mia", entre outros.
Ao Brasil chegou após uma indicação do produtor inglês Cameron Mackintosh, que buscava alguém que soubesse canto e tivesse as características internacionais do personagem.
"Queriam alguém que tivesse feito o personagem. Ele gostou de como o fiz na Espanha. Me mandaram duas canções para prepará-las em duas semanas. Peguei uma professora de português e em quatro dias as preparei", afirma.
Diges disse que segue estudando dia a dia e como aluno aplicado, mostra as anotações realizadas nos roteiros, que se transformaram em um constante desafio.
O ator teve que deixar de lado o repertório em espanhol e entrar de cabeça no português, o que em alguma ocasião o levou a cometer alguns deslizes. As folhas estão repletas de rabiscos que marcam a pronúncia e o tom que deve usar no Brasil.
O trabalho muscular do rosto, além disso, foi "muito forte" para que o público possa entender Valjean, "um dos personagens mais complicados dentro do mundo dos musicais".
"Acredito que este papel seja uma mensagem. Quando as pessoas assistem à peça 'Les Misérables', entram sendo uma e saem sendo outra", explica.
Diges não pensou ainda qual será seu próximo passo após "Les Misérables". "Vou relaxar. Se tiver que ficar pela América, ficarei. Agora mesmo não é o momento de escolher".