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Alvim: governo não irá aparelhar produção artística do País

Secretário especial de Cultura disse que a pasta poderia inclusive bancar obras com participação de Fernanda Montenegro

10 dez 2019 - 20h31
(atualizado às 20h49)
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BRASÍLIA - O secretário especial de Cultura, Roberto Alvim, disse nesta terça-feira, 10, que o governo de Jair Bolsonaro não irá "aparelhar" a produção artística do Brasil.

Roberto Alvim, diretor da Funarte, foi nomeado pelo presidente Bolsonaro para assumir o cargo de secretário especial da Cultura
Roberto Alvim, diretor da Funarte, foi nomeado pelo presidente Bolsonaro para assumir o cargo de secretário especial da Cultura
Foto: Nilton Fukuda / Estadão Conteúdo

"Um governo de esquerda patrocina propaganda ideológica. O governo de direita patrocina obras de arte. O que estamos lutando é pelo renascimento do conceito de obra de arte", afirmou Alvim após se reunir com o presidente Bolsonaro.

O governo tem sido criticado por escolhas recentes para comandar a área de cultura. A Justiça Federal chegou a suspender a nomeação para presidente da Fundação Palmares do jornalista Sérgio Camargo, que já afirmou nas redes sociais que a escravidão foi benéfica e que o Brasil tem um "racismo nutella".

Nomeado presidente da Funarte, o maestro Dante Mantovani também causou divergência no meio artístico por declarações em vídeos e redes socias. Ele já afirmou, por exemplo, que o "rock ativa as drogas, que ativam o sexo livre, que ativa a indústria do aborto, que ativa o satanismo".

Segundo Alvim, o presidente Bolsonaro apoia todas as nomeações feitas para a área da cultura. O secretário disse que ainda avalia se irá trocar a presidência do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), hoje ocupada por Kátia Bogéa. "Estamos estudando o caso do Iphan. Meio bilhão de reais que o órgão lida por ano. É um caso muito complexo. A gente está estudando delicadamente e com muito esmero o caso", disse Bolsonaro.

Questionado se o governo pode financiar obras críticas à gestão de Bolsonaro, Alvim declarou: "Não patrocinaremos propaganda política seja ela de qual vertente for".

Alvim afirmou que a Cultura poderia inclusive bancar obras com participação da atriz Fernanda Montenegro, já atacada nas redes sociais pelo próprio secretário. "Uma sonata de Beethoven é de esquerda ou de direita? Nem de esquerda nem de direita. São obras de arte. Estamos lutando pelo conceito de obra de arte, não por um veículo de propaganda ideológica. Não por um veículo de agenda, seja ela qual for", declarou o secretário.

O secretário de Cultura disse que tem "repugnância" à ideia de censura. "Exceto quando a obra expõe crianças indefesas a conteúdos absolutamente impróprios e traumáticos", disse.

"Nesses casos, a liberdade de expressão do artista deve ficar em segundo plano em relação aos direitos das crianças. É o único caso em que eu problematizo o conceito de liberdade de expressão", afirmou Alvim.

Acusação sobre a mulher

Alvim disse que não tratou com Bolsonaro sobre acusações de ter tentado beneficiar a sua mulher em cargo no Teatro Plínio Marcos, de Brasília.

"Essa é uma falácia completa que não merece ser alvo de conversa com o presidente", disse Alvim.

"Minha esposa seria voluntária. Não receberia '1 real'. O orçamento está no projeto. Está discriminado cada centavo dos R$ 3,5 milhões, que pagavam quase 150 profissionais durante 1 ano de projeto", justificou Alvim.

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