Diversão Notícias
Capa de diversão
Arte e cultura
Cinema
Crianças
Games
Gente e TV
Humor
Literatura
Música
Palavras Cruzadas
Vídeos
Teatro
The Boy
The Girl
Notícia

Bailarinas exóticas perdem a liberdade no Iraque

Terça, 17 de junho de 2003, 19h49

Quando vai para o trabalho, Milad Siri coloca um véu na cabeça, cobre o corpo totalmente com uma veste tradicional e esconde uma pistola na bolsa.

Chegando ao seu local de trabalho, tira a roupa que deixa apenas suas mãos e seu rosto à vista e revela que, por baixo dela, traja um vestidinho dourado curto. Ela pendura a bolsa com a arma num lugar seguro e a música começa a tocar.

Siri é bailarina exótica e trabalha desde 1996 nesse ramo, mas o austero vestuário islâmico e a arma são acessórios que se tornaram necessários apenas desde a queda do presidente Saddam Hussein, no último 9 de abril.

"Antes da guerra eu fazia meu trabalho livremente. Era normal para mim estar na rua depois da meia-noite. Mas agora tenho que chegar em casa antes das 18h", disse a dançarina, uma jovem de 27 anos que viveu num pequeno apartamento num subúrbio pobre de Bagdá.

A guerra para derrubar Hussein foi seguida por uma onda de insegurança e anarquia que, segundo muitos iraquianos, as forças americanas não têm conseguido conter.

As ruas de Bagdá estão muito perigosas para as mulheres iraquianas no momento, e o ressurgimento do fervor religioso significa que são obrigadas a cobrir a cabeça e vestir-se de acordo com as normas islâmicas, se não quiserem ter problemas.

"Agora ficou difícil andar pela rua de jeans. Não há segurança nas ruas, especialmente não para alguém que é conhecida como bailarina", contou Siri, uma fumante inveterada.


Seu maior problema está sendo que, desde a guerra, a demanda por bailarinas exóticas na capital iraquiana caiu muito. Hoje Siri só trabalha em ocasiões raras, em festas privadas.

"Eu estava acostumada a ganhar entre 2 e 3 milhões de dinares iraquianos por mês (1.300 a 2.000 dólares), mas agora tudo mudou. As festas diminuíram muito - uma a cada 15 dias ou uma por mês, apenas", explicou.

Baixa e de cabelos curtos, Siri não representa o estereótipo da bailarina exótica. "Quando danço, uso peruca comprida ruiva", contou.

Ela é divorciada e tem um filho de 12 anos. Além dele, sustenta sua mãe e três irmãos. Assim, a dança era seu refúgio e seu meio de subsistência.

"Sempre sonhei em ser bailarina e graças a Deus pude realizar meu sonho", disse Siri, uma admiradora da famosa bailarina egípcia Suhair Zaki.

"Quando danço, esqueço do mundo e das pessoas. Me transporto para o mundo dos sonhos, onde só existem a música e eu. Me transformo numa pomba, numa borboleta."

Ela não vê nenhuma contradição entre seu trabalho e a religião, já que a dança era seu único meio de ganhar a vida.

O islã proíbe a dança e diz que as muçulmanas só podem mostrar as mãos e o rosto. "Tenho medo do castigo de Deus", confessou. "Mas essa é a única forma que conheço de ganhar dinheiro".


Siri se casou aos 14 anos e se divorciou dois anos e meio depois. Mais tarde, começou a dançar para sustentar sua família.

Ela tem saudades da época em que dançava para um de seus melhores clientes: Uday Hussein, filho de Saddam.

A bailarina costumava ganhar 500 mil dinares por uma hora dançando em festas públicas, mas ganhava muito mais do que isso quando dançava em eventos organizados por Uday.

O filho do presidente tinha fama de mulherengo e de organizar grandes festas.

"Dancei muitas vezes em festas de Uday, em seu clube Hunting. Uma vez também dancei para seu irmão Qusay", contou Siri.

"Às vezes eu ficava conversando com Uday quando terminava de dançar. Ele era muito simpático e nunca fez nada que me ofendesse. Bebia muito, mas mantinha o controle".
Envie para um amigo   Imprimir

Reuters

Mais notícias
Planeje sua viagem


A agência de
viagens do Terra
Atendimento ao cliente: 0800 7712312
 
 » Conheça o Terra em outros países Resolução mínima de 800x600 © Copyright 2003,Terra Networks, S.A Proibida sua reprodução total ou parcial
  Anuncie  | Assine | Central do Assinante | Clube Terra | Fale com o Terra | Aviso Legal | Política de Privacidade