Antigos leitores de quadrinhos que queiram matar a saudade ou meros curiosos têm dois bons motivos para dar uma passada na banca de revistas mais próxima. A editora Ópera Graphica acaba de lançar de uma só vez dois gibis do velho e bom herói O Fantasma, criação original do americano Lee Falk, de 1936: O Fantasma Coleção, Crônicas de O Fantasma. O personagem terá ainda mais duas edições diferentes a cada mês, que revezaram com as duas primeiras — O Fantasma Pocket e Fantasma Gold. O pacote marcará a volta em grande estilo do justiceiro mascarado que foi editado pela Rio Gráfica e Editora, de Roberto Marinho, por mais de 30 anos, entre as décadas de 1950 e 1980.

Também está à venda o primeiro número da série King Komix, que prevê um número especial para cada um dos populares heróis dos cem anos do King Features. A edição de estréia traz as aventuras de Hagar, o horrível. Estão previstos Mandrake, Recruta Zero, Sobrinhos do Capitão, Popeye e outros. Serão revistas em formatinho, impressas em preto e branco e com 100 páginas, com tiragem entre 20 mil e 40 mil exemplares. A mesma editora promete para breve um álbum de luxo, em tamanho grande, do Príncipe Valente, de Hal Foster. A editora promete publicar um livro por semestre do personagem.

Reação do público

A continuidade da série e novos lançamentos dependem reação do público. A coleção apresentará histórias produzidas a partir de 1993, quando a maioria das séries deixou de ser editada em revistas no Brasil. Na King Komix no. 1, são apresentadas somente páginas dominicais de Hagar. A edição traz dois anos da produção de Chris Browne, o atual autor da série, filho do seu criador Dik Browne, já falecido. O editor Franco de Rosa explica que o alvo das revistas não é somente o leitor adulto que leu essas revistas na infância. "Naturalmente que pretendemos atingir uma nova geração, que verá o gibi na banca ao lado de personagens violentos e confusos." Na sua opinião, os jovens poderão se interessar pelas revistas por vários motivos. Primeiro, já terão ouvido falar destes personagens que aparecem em desenhos nostálgicos na tevê, em filme (caso do Fantasma) e nas páginas dos jornais.

Quem lê quadrinhos, acrescenta, também está antenado via Internet, onde serão informados sobre estes lançamentos. "Somamos ainda as conversas familiares, nas quais pais e tios comentam com os jovens os personagens de seu tempo. E sempre fazem comparações com os de hoje." Rosa acredita que grande parte dos leitores de gibis atualmente pertença a velhos consumidores do gênero. Isto porque os quadrinhos em geral não renovaram seu público. Há, diz, cada vez menos leitores de quadrinhos, a população aumenta, mas surgem outras formas de lazer, como tevê, games, net, tevê a cabo, dvd, rpg, cards — tudo isso tira público dos gibis e dos livros. O editor lembra que, ao mesmo tempo, os quadrinhos sofreram uma grande mudança nos anos de 1990. Deixaram de ser obras literárias e passaram a ser valorizados pelo visual e pelo conteúdo violento. Os quadrinhos da King não se enquadram neste conceito. Teriam sido criados para a massa familiar que lê jornais. "Quem gosta de boas histórias em quadrinhos e gosta de ler, tendo condição, vai querer conhecer."

Gazeta Mercantil

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